A Maravilhosa Graça de Deus
Compilação
“Sendo justificados gratuitamente pela sua graça, pela redenção que há em Cristo Jesus.”—Romanos 3:24[1]
Como você sabe que realmente entendeu o Evangelho e nele acredita? Ou melhor dizendo, como você sabe que assimilou o Evangelho, que ele penetrou no seu íntimo e iniciou uma transformação permanente na sua vida? A semana passada eu me fiz essa pergunta, e logo me vi pensando em pessoas que conheço e que antes professavam a fé, mas, com o tempo, esfriaram, distanciaram e abandonaram a fé.
A resposta poderia ser a seguinte: Você sabe que realmente entendeu o Evangelho quando o motivo do seu assombro é a graça de Deus e não a ira de Deus. Muitas vezes ouço pessoas expressarem assombro e até mesmo indignação à ideia de um Deus que Se ira. Quando escuto verdadeiros crentes, eles expressam assombro diante da realidade de um Deus misericordioso. É a graça, não a ira, que os deixa perplexos. “Por quê? Por que eu? Por que Deus me concederia essa graça?”
Eu acho que, por essa razão, o hino de John Newton, “Graça Maravilhosa”, continua tão poderoso e popular. O clamor de Newton era a “graça maravilhosa”. A ira de Deus não o surpreendia ou ofendia, pois tinha consciência da sua condição indigna e depravação. Ele já estava condenado e merecia o juízo de Deus. Esse era o motivo do grande impacto da graça. A graça é que parecia não combinar com a situação. Agressão ao Evangelho seria o fato de Jesus Cristo, o homem perfeito, assumir o pecado de cada ser humano tão mau quanto John Newton.
Você tem certeza que realmente entende quando o impressionante nos Evangelhos não é a ira divina para com os pecadores, mas a Sua graça. E esta é a razão: A condição elementar do ser humano é acreditar que Deus não é assim tão santo, e que ele não é assim tão mau. Como se pensasse: Deus é indulgente quanto ao pecado, e eu, na verdade, não sou assim tão pecador. Então Deus e eu formamos um bom par. Não é preciso ter fé para acreditar nisso. Não exige uma grande mudança de atitude ou coração.
O Evangelho, porém, revela essa noção errada. O Evangelho nos ajuda a entender a realidade. O Evangelho diz que Deus é muito mais santo do que poderíamos imaginar, e que eu sou muito mais pecador do que imagino. E nesse ponto, uma correta avaliação de Deus e da minha pessoa, revela o Evangelho e a grande esperança.—Tim Challies[2]
Graça para os “impuros”
A rigorosa dieta dos israelitas excluía quaisquer animais anormais ou “estranhos”, e o mesmo princípio se aplica também a animais considerados “puros” usados como oferta na adoração. Nenhum fiel podia levar ao Templo um cordeiro mutilado ou com defeito, pois Deus queria os animais mais perfeitos do rebanho. A partir de Caim, o povo devia seguir as exatas instruções de Deus ou correr o risco de suas ofertas serem recusadas. Deus exigia perfeição, Deus merecia o melhor. Não se permitiam animais estranhos.
…A abordagem de Jesus aos “impuros” perturbava Seus compatriotas e, no final, contribuiu para que Ele fosse crucificado. Em essência, Jesus cancelou o tão aceito princípio do Antigo Testamento de que não se permitiam animais estranhos e iniciou uma nova regra com base na graça: “Nós somos animais estranhos, mas Deus nos ama mesmo assim”.
Jesus culminou o Seu tempo na Terra dando aos discípulos a “Grande Missão”, o mandamento de levarem o Evangelho aos gentios impuros, “em toda Judeia e Samaria, e até aos confins da terra”. … Jesus desmantelou cada nível da hierarquia que havia marcado o enfoque de Deus. Convidou pecadores, aleijados, estrangeiros e gentios — os impuros! — para sentarem-se à mesa de Deus.
…As leis de Levítico advertiam quanto ao contágio: contato com uma pessoa doente, um gentio, um cadáver, certos animais, ou até mesmo mofo, contaminariam uma pessoa. O louco desnudo não poluiu Jesus. Foi curado. A pobre mulher com o fluxo de sangue não envergonhou Jesus. Ela saiu dali com a saúde restaurada. A menininha de doze anos, morta, não contaminou Jesus. Ela ressuscitou.
Em um certo sentido, a abordagem de Jesus foi de cumprimento, não abolição das leis do Antigo Testamento. Deus havia santificado a criação ao separar o sagrado do profano e impuro. Jesus não anulou o princípio santificado, apenas mudou a sua fonte. Nós próprios podemos ser agentes da santidade de Deus, pois agora Ele habita em nós. No meio de um mundo impuro, podemos seguir adiante, como Jesus fez, nos esforçando para sermos uma fonte de santidade. Para nós, os enfermos e aleijados não são causa de contaminação, mas depósitos da misericórdia de Deus. Ele nos pede para estendermos essa misericórdia e sermos portadores da graça de Deus, não que evitemos contaminação. Assim como Jesus, nós podemos ajudar a limpar os “impuros”.—Philip Yancey[3]
A escada de Jacó
No seu sonho, Jacó viu uma escada que subia até ao céu, e anjos que subiam e desciam da presença do Senhor.
Deus falou e fez uma promessa a Jacó: Seus descendentes serão como o pó de terra, e se espalharão para o Ocidente e para o Oriente, para Norte e para Sul. Todos os povos da terra serão abençoados através de você e da sua descendência. Estou com você e cuidarei de você aonde quer que vá; e eu o trarei de volta a esta terra. Não o deixarei enquanto não fizer o que lhe prometi.[4]
Quando Jacó acordou, disse: “Sem dúvida o Senhor está neste lugar, e eu não sabia.”[5]
A maravilhosa verdade que muitas vezes não enxergamos é que o Senhor está presente em todo lugar. Em cada experiência difícil; em cada relacionamento atribulado; em cada indivíduo que é difícil de entender; em cada lugar solitário; em cada lágrima esquecida. Ele está lá, e Se revela através das Suas expressões de amor: Um pensamento esperançoso, um sonho encorajador, uma palavra motivadora, um abraço caloroso, uma amizade inesperada.
Em cada momento que encontramos esperança, e em cada situação que sentimos graça, Cristo está lá dizendo: “Estou aqui ao seu lado, você não está sozinho.”
Tal como Jacó, talvez a nossa conduta nos faça pensar que perdemos a graça de Deus, ou ganhamos um ponto negativo. Mas se abrir o coração para Ele, descobrirá que Jesus está bem ali sussurrando ao seu coração que há um tempo certo para cada propósito— até mesmo os difíceis.[6]
No final das contas, Ele, cuja essência é amor, está presente em cada momento da sua vida. Está sempre com você, até à consumação dos séculos. E promete dar vida naquilo que você consideraria morte e lhe mostrar o arco-íris após cada tempestade.
Às vezes recebemos uma promessa ou uma resposta à oração, presenciamos um milagre ou algo acontece exatamente como desejávamos e, apesar de tudo isso, ficamos na dúvida quanto ao plano de Deus do começo ao fim. ... O mais impressionante é que Ele não nos culpa por isso. Ele entende que neste mundo temos que aceitar as coisas por fé e não por vista. Ele nos aceita na nossa condição, nos encoraja continuamente a seguir adiante, a aumentar a nossa fé mantendo os olhos nEle e O seguindo passo a passo.
À medida que fazemos isso, descobrimos que Ele é fiel às Suas promessas. E poderemos dizer, tal como Josué: “Vocês sabem, lá no fundo do coração e da alma que nenhuma das boas promessas que o Senhor, o seu Deus, lhes fez, deixou de cumprir. Todas se cumpriram; nenhuma delas falhou.”[7]—Jewel Roque[8]
Publicado no Âncora em novembro de 2016.
[1] NVI.
[2] http://www.challies.com/articles/gods-not-really-that-holy-im-not-really-that-bad.
[3] Philip Yancey, What’s So Amazing About Grace? (Grand Rapids, MI: Zondervan, 1997).
[4] Gênesis 28:13–15 NVI
[5] Genesis 28:16 NVI
[6] Eclesiastes 3:1
[7] Josué 23:14 NVI
[8] Just1Thing.
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