Encontrando Coragem
Compilação
Se considerarmos todas as coisas das quais podemos ter medo, logo veremos por que não ter nenhum tipo de medo é uma das instruções mais recorrentes nas Escrituras. Sob o prisma positivo, vemos que Deus nos chama para “não termos medo, mas sermos fortes”.[1]
Mas como podemos nos tornar corajosos?
Muitas vezes o medo é a nossa reação natural. Não precisamos pensar em todas as razões para sentir medo, pois ele surge sem convite. Porém, ser forte e corajoso não é algo natural. Frequentemente, temos que racionalizar os motivos por que devemos superar nossos medos com coragem. Deus nos chama para ter coragem porque não é a reação automática; temos que lutar para termos essa atitude. Ao sermos confrontados pelo medo por todos os lados e até mesmo vindo de dentro, devemos agarrar a coragem. …
Em outras palavras, a coragem (o ter bom ânimo), é alimentada pela fé na realidade máxima: as promessas de Deus para o Seu povo. Devemos nos sentir encorajados pelas promessas de Deus de perdoar todos os nossos pecados;[2] de nunca nos desamparar;[3] de que a luz raiará nas trevas;[4] de suprir todas as nossas necessidades;[5] de nos dar um escape em toda tentação;[6] de fazer todas as coisas, até as piores, contribuírem para o nosso bem;[7] de vencermos nossos piores inimigos;[8] de nos reviver, mesmo que morramos;[9] de que um dia enxugará todas as nossas lágrimas[10] e nos dará alegria plena e prazeres eternos na Sua presença — por causa da Sua presença.[11] E muitas mais promessas desse tipo.
Visto que a fé é que alimenta a coragem, e fé é acreditar nas promessas de Deus... acreditar em tudo o que Ele nos promete por (em) Jesus[12]—a coragem segundo a Bíblia, a coragem que nos dá forças, é resultado direto de tomar posse dessas promessas. Devemos ter coragem.
Foi exatamente o que Davi fez ao enfrentar forte e perigosa oposição. Ele disse: “Apesar disso, esta certeza eu tenho: viverei até ver a bondade do Senhor na terra. Espere no Senhor. Seja forte! Coragem! Espere no Senhor.”[13] … Alicerçado no que ele acreditava,[14] exortou a si mesmo a “ter coragem”.[15] Pela fé, ele resistiu à tentação de superestimar a ameaça e assim subestimar o poder de Deus ou a Sua boa vontade em cumprir Suas promessas. Deixar seu coração se animar e ter coragem significava se permitir acreditar nas promessas de Deus.
A coragem sempre é alimentada pela fé. O bom ânimo e a coragem são alimentados pela fé na bondade suprema do Deus verdadeiro e em todas as promessas que temos em Jesus. Portanto, temos que tomar posse da coragem, tomar posse das promessas verdadeiras que nos foram dadas por um Deus verdadeiro e assim, após fazermos tudo o que podemos, ficarmos firmes no dia do mal.[16] Não importa o que aconteça, sabemos que “veremos a bondade do Senhor na terra [eterna] dos viventes”.[17]—Jon Bloom[18]
Tenha bom ânimo
“Tenho-vos dito isso, para que em mim tenhais paz; no mundo tereis aflições, mas tende bom ânimo; eu venci o mundo.”—João 16:33[19]
Não existe um ser humano sequer, vivo neste planeta, que não saiba o que é ter problemas. Os períodos de dificuldade chegam inesperadamente, muitas vezes permanecem indefinidamente, e as lembranças tristes que produzem criam raízes profundas na mente. Portanto, não é de se admirar que a promessa de Jesus em João 16:33 também crie raízes profundas na mente e no coração de tantos cristãos: “Neste mundo tereis problemas. Mas tenham bom ânimo! Tenham coragem! Eu venci o mundo”.
Este versículo reconfortante se encontra em um trecho maior do Evangelho de João. Os capítulos 13–17 compõem o que os teólogos chamam de Discurso de Despedida. São as últimas palavras de Jesus no cenáculo, tranquilizando, consolando e encorajando Seus discípulos antes de ser traído, preso e crucificado. …
Esse versículo nos mostra duas certezas: 1) os seguidores de Jesus sofrerão grande angústia e 2) Jesus já conquistou a vitória. Ele não queria que Seus discípulos pensassem, erroneamente, que o seu trabalho futuro seria fácil e confortável. — E também não quer que nós pensemos isso.
Seguir a Cristo é difícil. Enfrentaremos oposição. No entanto, a realidade da vitória de Cristo sobre o pecado e a morte por meio de Sua própria morte e ressurreição inspira paz e coragem. … Pelo fato de ter vivido em nosso mundo e sofrido ao nosso lado, Jesus oferece uma esperança real que transcende os pesares e sofrimentos temporários que este mundo joga em Seus seguidores.
Portanto, não somos chamados a vencer o mundo por conta própria, porque Jesus já fez isso. Ele garante a Seus filhos um futuro— “uma viva esperança, pela ressurreição de Jesus Cristo dentre os mortos” e “uma herança que jamais poderá perecer, macular-se ou perder o seu valor”[20] É por causa dessa realidade que podemos “ter bom ânimo e coragem”. …
Uma boa maneira de responder às palavras de Jesus em João 16:33 é se perguntar: “Em que eu coloco a minha esperança?”.
Provérbios 13:12 diz: “A esperança demorada enfraquece o coração, mas o desejo chegado é árvore de vida”. Será que problemas e provações enfraquecem o nosso coração porque colocamos nossa esperança em coisas que não satisfazem, como, por exemplo, um emprego, um relacionamento, uma posição? Cristo nos chama, não para colocarmos nossa esperança nas coisas temporárias e incertas, mas na vitória eterna que Ele conquistou sobre o pecado e a morte ao morrer na cruz no Calvário. … Se temos a nossa esperança em Cristo, podemos ter certeza que nenhum problema ou provação nesta vida nos tirará essa esperança. …
Somos chamados para ter bom ânimo e coragem, não em nossa própria capacidade ou força de vontade, mas na obra consumada de Jesus.—Aaron Berry[21]
A coragem da mansidão
A definição de mansidão que encontrei no meu dicionário bíblico é: “uma atitude de humildade com Deus e gentileza com os homens, que nasce do reconhecimento de que Ele está no controle”. É a força e a coragem sob controle, combinadas com a bondade.
Ter esse tipo de mansidão é ter fé e paz, porque você sabe que Deus está no controle. Você pode ter uma natureza calma e quieta por estar cheio de fé. Pode ter a certeza de que Deus tudo resolverá por mais aterradora ou desesperadora que pareça a situação.
Como você tem fé, pode confiar. Você está calmo por não estar freneticamente tentando encontrar uma solução na sua própria força. Você não está dependendo do seu próprio talento, da sua própria sabedoria ou do seu próprio carisma, mas do Senhor. E essa tranquilidade contagia os outros, pois Ele está com você. Eles sabem que tudo está bem, porque você tem essa mansidão, a tranquilidade de espírito que gera fé e confiança no cuidado infalível de Deus.—Peter Amsterdam
Coragem para ser bondoso
Numa tarde ensolarada, já se vão uns 70 anos, uma jovem e seus amigos assistiam a uma partida de futebol, encantados com a emoção do jogo e a habilidade dos jogadores. De repente, a bola caiu do outro lado da cerca, próximo de onde estavam as crianças.
“Seria ótimo ter uma bola para brincarmos” —observou um dos meninos. “Vamos ficar com ela.”
Mas uma menina discordou. “Não é certo. Não é nossa”, insistindo que devolvessem a bola para o campo.
Aquele simples gesto de bondade aconteceu no coração da Alemanha durante a Segunda Guerra Mundial, no início da década de 1940. Os jogadores eram britânicos prisioneiros de guerra em um campo localizado na periferia da cidade. Alguns dos jovens protestaram, alegando que os jogadores eram prisioneiros e questionando por que ficariam com a bola, quando as crianças não tinham nenhuma.
A prática da bondade exige consideração, esforço e tempo. É preciso também coragem. Coragem para assumir uma postura, mesmo que sozinho, diante de uma questão. Coragem para dar, especialmente quando não se tem muito. Coragem para dizer não à indiferença. Coragem para agir em conformidade com o que sabe ser o certo —especialmente quando a escolha certa parece tão óbvia que “com toda certeza, outra pessoa, com mais tempo e recursos notará e fará algo a respeito.”
Há força de caráter na bondade —a força moral e mental de se posicionar, doar, acreditar, perseverar, ser leal às suas convicções, mesmo que signifique enfrentar desafios ou arcar com consequências. Há bondades que deixam uma impressão permanente.
Faz mais de três quartos de séculos, mas é possível que ainda haja sobreviventes que presenciaram aquela cena de verão —e se houver, imagino que ainda se lembrem da minha avó, a garota da vila, que devolveu a bola de futebol.—Avi Rue
Publicado no Âncora em novembro de 2021.
[1] Daniel 10:19 NVI.
[2] 1 João 1:9.
[3] Hebreus 13:5.
[4] Salmo 112:4.
[5] Filipenses 4:19.
[6] 1 Coríntios 10:13.
[7] Romanos 8:28.
[8] Romanos 16:20.
[9] João 11:25.
[10] Apocalipse 21:4.
[11] Salmo 16:11.
[12] 2 Coríntios 1:20.
[13] Salmo 27:13–14.
[14] Salmo 27:13.
[15] Salmo 27:14.
[16] Efésios 6:13.
[17] Salmo 27:13.
[18] https://www.desiringgod.org/articles/let-your-heart-take-courage.
[19] RC.
[20] 1 Pedro 1:3–4 NVI.
[21] https://www.crosswalk.com/faith/bible-study/jesus-promise-in-this-word-you-will-have-trouble-João-1633.html.
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