Sem Espaço para Vanglória
Compilação
“Onde está, então, o motivo de vanglória? É excluído. Baseado em que princípio? No da obediência à lei? Não, mas no princípio da fé.”—Romanos 3:27[1]
Aquilo do qual você se vangloria de ter ou ser é o que lhe dá confiança para sair e enfrentar o dia. Você diz: Eu sou alguém porque tenho isto ou aquilo. Eu posso superar qualquer adversidade hoje porque eu sou isto. Aquilo do qual você se vangloria é o que fundamentalmente o define. É de onde você extrai sua identidade e autoestima.
Agora, no Evangelho, vangloriar-se está “excluído”. Por quê? Uma ótima maneira de entender o que Paulo quer dizer é observar a experiência dele. Em Filipenses 3:5-11, Paulo diz em que ele tinha confiança antes de se tornar um cristão; aquilo do que se gabava: “Circuncidado no oitavo dia de vida, pertencente ao povo de Israel, à tribo de Benjamim, verdadeiro hebreu; quanto à lei, fariseu; quanto ao zelo, perseguidor da igreja; quanto à justiça que há na lei, irrepreensível.” Essa é uma lista e tanto! Inclui o pedigree da família, a origem racial, realizações profissionais e educacionais, e religiosidade/moralidade. Ele então diz: “Eu as considero como esterco!”[2] Ele não confiava naquilo; não se vangloriava daquilo, muito pelo contrário. Ele diz: “Eu não preciso de nenhuma dessas coisas. Nenhuma dessas coisas me ajudam de jeito nenhum!” Ele abriu mão de tudo pelo quê? “Para poder ganhar a Cristo.” Paulo está dizendo que a vanglória e fé são opostos; você não pode fazer as duas coisas. O princípio da fé exclui o vangloriar-se[3]; porque a fé entende que não há nada que nós façamos que nos justifique.
Se quisermos receber Jesus, devemos abrir mão de nos vangloriarmos. ... Nós só excluímos a vanglória quando percebemos que nossas melhores realizações não fizeram nada para nos justificar! Vangloriarmos-nos nelas é como um náufrago agarrado a um punhado de notas de cem dólares gritando: “Eu estou bem! Eu tenho dinheiro!”
Se você entender o evangelho da justiça recebida, nunca vai se vangloriar. Ou melhor, você nunca vai se orgulhar em si mesmo, mas sim apenas em alguém que não é você, e exclusivamente sobre algo que você não fez: Cristo, e ele crucificado. Paulo diz que ele “nunca se gabar não ser na cruz de nosso Senhor Jesus Cristo.”[4] Os cristãos sabem que são salvos exclusiva e integralmente pela obra de Cristo, e não a sua própria. Eles não tomam nenhum crédito pela sua posição perante Deus, nem pelas bênçãos que recebem de Deus. Sua jactância é transferida de eles para o seu Salvador, porque todo mundo vai sempre “gabar-se”—extrair confiança e esperança—do objeto da sua fé. Se você sabe que é salvo apenas pela obra de Cristo, você tem muita confiança, mas não é autoconfiança em suas próprias obras; ao contrário, é confiança em Cristo, na Sua morte. Você enfrenta o dia, até o dia de sua morte, dizendo ao mundo: “Eu tenho Cristo. Sua morte significa que quando Deus olha para mim, Ele vê um lindo filho. Mundo, eu não preciso de nada de você, e você não pode tomar nada de mim. Eu tenho Cristo.”—Timothy Keller
Não por obras de justiça
“Salvação não é o resultado das coisas boas que nós fazemos, e isso é para que ninguém possa se gloriar por tê-la conseguido pelo seu próprio esforço.”—Efésios 2:9[5]
É encorajador que as pessoas vejam que você não é perfeito, ou que até mesmo os seus líderes não são perfeitos. Eles são humanos. Veja só Moisés. Veja só o rei Davi. Veja José. Há uma longa lista de pessoas imperfeitas na Bíblia e na história da igreja. Eram todos homens. Homens de fé, mas todos tinham pés de barro e todos cometeram erros, e o Senhor teve que mostrar que eles eram carne e sangue, e tão fracos quanto somos e que cometeram erros como todos nós, e qualquer coisa boa que tenha sido realizada era tudo o Senhor.
Tinha que ser tudo o Senhor, porque eles se tornaram exemplos—não de sua própria grandeza, mas de sua total dependência do Senhor. Deus foi glorificado, porque às vezes eles eram péssimos exemplos, e isso mostrou que foi só o Senhor que os havia ajudado. Só o Senhor os salvou. Foi só o Senhor que lhes deu a vitória final. E não foram eles mesmos, mas o Senhor.
Assim como a salvação; “isso não vem de vocês, é o dom de Deus.”[6] “A fé vem pelo ouvir a Palavra de Deus,”[7] mas somos salvos pela graça através da fé. E não é por nada que tenhamos feito, para que ninguém se glorie; é o dom de Deus. Uma enorme quantidade de nossa pregação e ensino, por vezes, pode parecer algo que “nós conseguimos” e “nós fizemos isso, e você deve também.” Temos de lembrar-nos e aos outros (e se não o fizermos, Deus vai) que era tudo o Senhor, que Ele é o único que fez tudo, e “sem Ele nada podemos fazer.”[8]—David Brandt Berg
Diferentes graus de glória
“Mas todos nós, com rosto descoberto, refletindo como um espelho a glória do Senhor, somos transformados de glória em glória na mesma imagem, como pelo Espírito do Senhor.”—2 Coríntios 3:18[9]
Temo, por vezes, que uma doutrina que é popular na igreja, sobre diferentes graus de glória, não é totalmente sem associação com aquele velho farisaísmo nosso que é muito relutante em morrer. “Uma estrela difere de outra estrela em brilho, ou glória” é uma grande verdade, mas as estrelas podem fazer isso sem diferir em grau. Uma estrela pode brilhar com um brilho, e outra com outro; na verdade, os astrônomos nos dizem que há muitas variedades de cores entre estrelas da mesma magnitude!
Uma pessoa pode ser diferente da outra, sem diferença em posição, honra, ou grau. Não vejo nada sobre diferentes graus de glória nas Escrituras, e não acredito nessa doutrina; pelo menos quanto a níveis. Lembre-se que não pode ser de acordo com as obras, apenas a graça divina faz a diferença! Eu não posso considerar que por um cristão ter sido mais dedicado a Cristo do que outro, que haverá, portanto, uma diferença eterna entre eles, pois isto seria introduzir as obras ... Oh, irmãos e irmãs, eu penso que podemos servir a Deus por outro motivo que não seja este tão medíocre desejo de tentar ser maior do que os nossos irmãos no céu!
Se eu chegar sequer ao céu, não vou me importar com quem é maior do que eu, porque se alguém tiver mais felicidade no céu do que eu, também serei mais feliz; porque a empatia entre uma alma e outra será tão intensa e tão grande, que todos os céus dos justos serão o meu céu, e, portanto, o que você tem, terei também, porque seremos todos um em comunhão de maneira muito mais perfeita do que na terra. O membro privado será então absorvido no corpo comum. Certamente, irmãos e irmãs, se algum de vocês tiver lugares mais brilhantes no céu, e mais felicidade e mais alegria do que eu, vou ficar feliz ao saber disso. A perspectiva não incita nenhuma inveja em minha alma agora, ou se o fizer, certamente não será assim quando eu chegar ao céu, porque devo sentir que quanto mais você tiver, mais eu deverei ter também!
A comunhão perfeita em todas as coisas boas não é compatível com o enriquecimento privado de uma pessoa acima da outra. Mesmo na terra, os santos tinham tudo em comum quando estavam em um estado celestial, e estou certo de que eles terão todas as coisas comuns em glória. Eu não acredito em senhores nos céus, e os pobres cristãos do outro lado da porta. Acredito que nossa união uns com os outros será tão grande que não haverá distinções. Todos estaremos em comunhão, teremos interesses comuns e união, e não haverá bens privados, fileiras privadas e honras privadas—porque lá seremos um em Cristo, em toda a plenitude!—Charles Spurgeon
Publicado no Âncora em maio de 2016.
[1] NVI.
[2] Filipenses 3:8.
[3] Romanos 3:27.
[4] Gálatas 6:14.
[5] Novo Testamento Palavra Viva.
[6] Efésios 2:8–9, Novo Testamento Palavra Viva.
[7] Romanos 10:17.
[8] João 15:5.
[9] ACRF.
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