Respeito—2ª Parte
Da série Roadmap
Seguindo os passos do nosso Mestre
As ações de Jesus durante a Sua passagem na terra horrorizou muitos líderes religiosos, devido à Sua total desconsideração pelo preconceito tão prevalente na sociedade e círculo religioso da época. Seus inimigos O acusaram de ser “um comilão e beberrão, amigo de publicanos e pecadores!”[1]
Pense na parábola do Bom Samaritano, na salvação dos publicanos, no fato de ter chamado Mateus, um coletor de impostos, para ser discípulo, e fazer amizade com Maria Madalena. Jesus ofereceu a salvação em todas as circunstâncias, incondicionalmente e para todos. Ele teve respeito pelas pessoas e ofereceu a vida eterna tanto para um criminoso desprezível quanto para um sacerdote entre os judeus.
Por mais familiares que sejam estas histórias bíblicas, pense em quanto respeito Jesus manifestou pela dignidade humana. Quando Ele ministrou para a mulher samaritana junto ao poço, foi um acontecimento extraordinário. O povo do qual Jesus descendia considerava-se tão superior aos samaritanos que precisavam passar por um prolongado período de purificação caso tivessem contato com um deles ou entrassem na moradia de um samaritano, que dirá beber água da jarra “contaminada” de um deles! Por mais inacreditável que isto pareça hoje, era a realidade da época. Mas, para demonstrar o amor e respeito por cada ser humano, Jesus estava disposto a quebrar os códigos de conduta aceitos. Cada ser humano era valorizado a esse ponto por Ele e Deus!
Basta dizer que havia uma certa tensão religiosa entre as duas culturas. No geral, os judeus obviamente desprezavam os samaritanos, e o sentimento provavelmente era mútuo. Dentro dessa perspectiva, entendemos que foi extraordinário Jesus levar a mensagem do amor e da verdade de Deus a Samaria.
Primeiro, Ele escolheu ir para Samaria com Seus seguidores e ficar perto do poço, fora da cidade, enquanto os discípulos procuravam alimento. Quando uma mulher chegou ao poço para tirar água, Ele lhe pediu um pouco. Chocada, a mulher lhe perguntou: “Como o senhor, sendo judeu, pede a mim, uma samaritana, água para beber?” (Pois os judeus não se dão bem com os samaritanos.)[2]
Jesus usou essa oportunidade para dar um poderoso testemunho da Sua missão na terra e explicar à mulher os caminhos do Céu, que não têm relação alguma com as leis do homem. Ele lhe disse que não importava onde ela adorasse, contanto adorasse ao Pai em espírito e em verdade!
Diz que, quando os discípulos voltaram, “ficaram surpresos ao encontrá-lo conversando com uma mulher. Mas ninguém perguntou: Que queres saber? Por que estás conversando com ela?”[3]
Obviamente estavam se indagando a respeito, mas sentiram que era algo importante. Podemos imaginar que, naquele dia, cada um dos discípulos saiu dali com uma grande lição de vida após testemunharem o amor pleno de Jesus e Seu respeito por alguém que lhes tinha sido ensinado merecia outra forma de tratamento.
Segue-se uma história verdadeira e mais contemporânea:
Todos já ouviram falar de Desmond Tutu, mas poucos sabem quem é Trevor Huddleston. No entanto, sem Trevor Huddleston não teria havido um líder anti-apartheid chamado Tutu.
Durante uma entrevista à BBC, ao lhe pedirem para identificar um ponto marcante na sua vida, Desmond Tutu relatou o dia em que ele e a mãe passavam pela rua, quando ele tinha 9 anos de idade. Um senhor branco, alto, com um terno escuro vinha da direção oposta. Na época do apartheid, quando um negro e um branco se encontravam no caminho, o negro deveria passar para o meio fio para dar passagem ao branco, e inclinar um pouco a cabeça para baixo como um gesto de respeito. Nesse dia, porém, antes de Tutu e sua mãe darem passagem, o homem branco saiu da calçada e, “quando minha mãe e eu passamos, ele fez um gesto com o chapéu para demonstrar respeito por ela!”
Esse homem branco era Trevor Huddleston, um sacerdote anglicano, opositor veemente do apartheid. Isso mudou a vida de Tutu. Quando sua mãe lhe disse que Trevor Huddleston tinha saído da calçada porque ele era um homem de Deus, Tutu encontrou o seu chamado. “Quando ela me disse que ele era um sacerdote anglicano, decidi ali mesmo que eu também queria ser um sacerdote anglicano. E ainda mais, eu queria ser um homem de Deus”, relata Tutu.
Huddleston posteriormente tornou-se mentor de Desmond Tutu, e o seu compromisso com a igualdade entre todos os seres humanos por serem criados à imagem e semelhança de Deus, foi o maior motivador na luta de Tutu contra o apartheid.[4]—De storiesforpreaching.com
O amor começa em casa
Na primeira parte deste tema, falamos sobre valorizar as pessoas, e até agora, você talvez tenha aplicado os conceitos relatados a pessoas que não conhece muito bem, ou para quem ministra, ou para pessoas no país estrangeiro onde vive. Mas, os mesmos princípios de sucesso devem ser aplicados a todos, não só a conhecidos e pessoas com quem faz negócios, ou àqueles a quem ministra espiritualmente, mas aos que lhe são mais próximos, como família, amigos, irmãos, cônjuges e outros.
Diz a expressão que “o amor começa em casa”, e geralmente é onde também começa o respeito. Se não respeitarmos as pessoas que amamos e conhecemos bem, e com quem trabalhamos, como vamos respeitar aqueles que mal conhecemos?
Coloque-se no lugar da outra pessoa
Não é possível nos colocarmos cem porcento no lugar de alguém cuja vida é diferente da nossa. Não podemos, num estalar de dedos nos tornarmos mais velhos, sabermos o que é ter uma doença física ou mental, nos tornarmos mais magros ou mais pesados, mudarmos nossa aparência, falarmos outra língua, mudar a cor da nossa pele, cabelo ou olhos, ou vivermos em um país diferente com um status social diferente. Mas podemos fazer o seguinte para nos aproximarmos ao máximo disso:
—Ter contato com ambientes fora da nossa zona de conforto, mesmo que por pouco tempo, viajando para outro país, trabalhando meio expediente, ou fazendo trabalho voluntário. Então observar, prestar atenção, e refletir na experiência.
—Imagine-se na pele de outra pessoa que você tinha o hábito de julgar, e pense como se sentiria na situação dela. Podemos aprender bastante nos colocando no lugar de outros. Talvez descubramos que temos mais em comum do que pensávamos.
Estes versos ilustram esse simples e tão importante princípio:
Se eu conhecesse você e você a mim—
Se víssemos claramente, enfim,
Com a divina percepção
O que temos no coração,
Certamente seríamos parecidos
E nos daríamos as mãos como amigos;
Concordaríamos no modo de pensar
Se eu conhecesse você e você a mim.
Se eu conhecesse você e você a mim,
Como conhecemos a nós mesmos,
Nos olharíamos com sinceridade
E veríamos graça de verdade.
A vida reserva tanto sofrimento,
Tantos espinhos e desalento;
Mas entenderíamos a razão das coisas
Se eu conhecesse você e você a mim.
—Nixon Waterman
A mensagem a seguir, recebida em profecia, retrata o amor de Deus de maneira íntima e pessoal, e mostra Seus sentimentos por cada ser humano que criou e a atitude que deveríamos ter em relação às pessoas — não apenas as que conhecemos bem, mas todas a quem esperamos levar a mensagem da salvação.
Eu sou o bom e fiel jardineiro. Plantei um lindo, amplo e glorioso jardim. No Meu jardim, cada flor é única, linda e especial aos Meus olhos. Exclusiva em sua cor e única em tamanho, com seu propósito individual e seu lugar no jardim e no coração do Jardineiro.
Eu não incluo você “na massa”, ou “em um grupo”, o considero um indivíduo especial e único, Meu filho ou filha. E amei tanto cada um que dei Meu Filho, Jesus, para você, só você!
Para entender esse amor, imagine uma balança na sua frente. Coloquei em um dos pratos dessa balança o Meu único Filho. E a balança se inclinou bastante! Então coloquei você no outro prato, com todas suas fraquezas, falhas e manias, e todas as coisas a seu respeito que o incomodam e você acha que não tem valor e são difíceis de amar e o fazem se considerar indigno do Meu amor. E a balança ficou perfeitamente equilibrada.
Vi que era uma boa troca. Coloquei Meu filho em um lado e você no outro. E vi que valia a pena dar a vida do Meu filho pela sua redenção para poder tê-lo Comigo para sempre. Grande assim é o Meu amor por você!—Jesus fala em profecia
Deus é amor, e ama cada uma das Suas criações. Da mesma forma, nos pediu para amarmos nosso próximo como amamos a nós mesmos; que o amor começa com o respeito pelas pessoas como Suas criaturas, criadas à Sua imagem e semelhança e segundo o Seu desígnio. Ele criou cada um com características, talentos e traços únicos. Fica por nossa conta valorizar as coisas boas nas diferentes culturas, nacionalidades e religiões. Devemos pedir a Deus o mesmo interesse genuíno e respeito que Jesus teve com a samaritana junto ao poço. Ele a amou sem discriminação ou preconceitos.
Vamos celebrar as diferenças entre as pessoas e procurar ver as belezas em vez das falhas! Vamos extrair a força das outras pessoas e as qualidades que possuem e nos faltam. Podemos ouvir, ter empatia, entender e cuidar. Podemos aprender a respeitar e considerar cada pessoa pelo seu valor pessoal, pelo seu valor para Aquele que nos criou e ama cada um de nós igualmente.
Roadmap foi uma série de vídeos produzida por AFI para jovens adultos. Publicada originalmente em 2010. Adaptada e republicada no Âncora em novembro de 2017.
[1] Lucas 7:34 NVI.
[2] João 4:9 NVI.
[3] Veja João capítulo 4.
[4] Esta história foi amplamente divulgada, inclusive pelo próprio Tutu em uma entrevista em 2003 com a BBC e na cerimônia do prêmio Nobel. Veja também http://desmondtutu.org/.
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