Reconectado
Por Steve Hearts
[Reconnected]
Vivemos num mundo em que, para realizarmos algo e acompanharmos o ritmo, precisamos estar sempre “conectados”. Não só a Internet levou nossa existência a um patamar que jamais sonharíamos vinte ou trinta anos atrás, mas graças aos smart phones, tablets e computadores, agora podemos carregar “a Net” conosco onde quer que vamos. Isso nos permite dar continuidade ao nosso trabalho e responsabilidades mesmo quando estamos ausentes do nosso escritório ou local de trabalho. Apesar de isso ser uma vantagem, por outro lado pode nos manter trabalhando quando deveríamos estar tendo lazer.
Graças à tecnologia, nós raramente precisamos gastar tempo para escrever uma carta à mão ou para nos deslocarmos até a agência de correios mais próxima, enviar e depois esperar semanas ou um mês por uma resposta. Agora, podemos simplesmente escrever uma mensagem para alguém que está do outro lado do mundo e mandá-la por correio eletrônico em questão de segundos. Tudo isto é ótimo! É maravilhoso podermos usar todas estas conveniências, mas descobri que frequentemente ficamos impacientes se não recebemos a resposta dentro de um dia ou menos. Em um mundo em que a comunicação é instantânea e que nos oferece gratificação imediata, a paciência está se tornando cada vez mais uma arte perdida. E, não só isso, mas muitos de nós permitimos que essa conexão constante com o mundo eletrônico nos desconecte das coisas importantes da vida.
Quando eu era pequeno, reuniões de família sempre fomentavam o estarmos reunidos, desfrutarmos da companhia uns dos outros, e pormos o papo em dia. Mas nos dias de hoje, muitas pessoas preferem passar esses momentos nos seus celulares, escrevendo mensagens ou jogando jogos — até mesmo na companhia de entes queridos. É interessante ver que grande parte das pessoas mais “sociais” online são algumas das mais antissociais no que diz respeito à interação cara a cara com outras pessoas.
Apesar de eu não passar tempo no Facebook, WhatsApp, Twitter ou outras redes sociais semelhantes – e nem ter um iPhone ou smart phone, uso um laptop e dependo grandemente da Internet para comunicações por e-mail relacionadas ao meu ministério e para fazer pesquisas para os meus artigos. Tudo isso pode consumir muito tempo. Eu costumava conseguir sobreviver sem acesso à Internet por vários dias, se fosse necessário. Mas atualmente, muitas vezes eu me pego ficando impaciente para me conectar todos os dias e verificar meu e-mail, e assim poder ficar a par das coisas.
Todo ano, meu pai e eu passávamos alguns dias com a minha avó, que não tem Internet em casa. Antes de eu saber sobre computadores e como usar a Internet, isso não me incomodava, e ficava na expectativa dessas visitas. Mas à medida que comecei a conhecer e apreciar mais a Internet, meu entusiasmo por essas visitas diminuiu consideravelmente. Eu queria estar conectado 24 horas, 7 dias por semana. A Internet se tornou para mim um tipo de suporte de vida. Por isso, quando eu estava na casa da minha avó, logo me achava entediado e ficava doido.
Devo admitir que, era por não ter Internet, que eu passava tempo com ela—na realidade a verdadeira razão para eu estar ali. Mas também devo confessar que fazia isso com certa relutância.
Um tempo depois passei a ter uma perspectiva totalmente diferente. Alguns meses atrás, para celebrarmos o aniversário da minha meia-irmã, decidimos tomar um bem merecido descanso no hotel de um amigo nosso.
Antes de irmos para o hotel, o Senhor colocou no meu coração orientações para evitar ficar online durante o tempo da visita, e usar apenas o laptop para ouvir material devocional em áudio. Também senti que seria bom deixar de lado todos os projetos de escrita e outros em que estava trabalhando, para aproveitar ao máximo este tempo longe de tudo e recarregar as baterias em todos os sentidos.
Apesar de não saber como levar a cabo este desafio, sabia que era o plano do Senhor para me ensinar o que eu precisava aprender, e por isso fiz o que Ele me pediu. Dediquei todo esse tempo a coisas como orar, reflexão pessoal e passar tempo com a minha irmã, coisas que não havia feito muito ultimamente.
Foi o tempo mais relaxante e renovador que já tive. Percebi que tinha ficado tão absorvido no meu trabalho e ministério a ponto de negligenciar o meu relacionamento com o Senhor e as pessoas à minha volta tinham enfraquecido. Este breve período longe dessas coisas foi um passo enorme para fortalecer esse relacionamento.
Pensei em todos os heróis da Bíblia como Moisés, Davi, Abraão e outros que caminhavam pertinho de Deus e ouviram claramente a Sua voz, sem nenhuma das engenhocas criadas pelo homem, das quais dependemos hoje em dia. Quando Moisés e Josué subiram a montanha para receber os Dez Mandamentos, não tinham nenhum tablet nem computador para anotarem o que Deus lhes disse. Em vez disso, tinham pedras nas quais Deus escreveu com Seu próprio dedo, enquanto eles simplesmente ficavam quietos, esperando e escutando.
Quando Deus alertou Noé sobre o dilúvio e ordenou que construísse a arca, Ele não enviou uma mensagem de texto nem postou no seu mural do Facebook. Em vez disso, Noé ouviu a voz mansa e delicada de Deus em seu coração, que o guiou e orientou seus passos. Refletindo nisso, logo comecei a desejar aquela vida desacelerada e simples que a tecnologia nos roubou.
Quando chegou a hora de deixar o hotel e voltar para casa, eu não queria que acabasse; queria passar mais alguns dias naquele ambiente sem distrações e continuar desconectado da agitação da era digital. Logo antes de partirmos, pensei: a próxima vez que eu visitar minha avó, vou passar mais tempo neste ambiente desconectado. E eu fiquei especialmente animado com a ideia de visitar Fox Island, um parque municipal perto da casa dela, onde andava de trenó com meus irmãos quando criança. É um lugar cheio de passarinhos cantando alegremente por todos os cantos. Tem um lago para pescar e trilhas onde caminhar. Não se ouve muito mais do que os sons da natureza. Esse ambiente natural se assemelha mais ao contexto dos tempos bíblicos, quando se ouvia a voz de Deus com mais clareza devido à ausência das distrações modernas que a abafam hoje em dia.
Meu artigo não tem intenção de ser uma crítica à tecnologia. A Internet é uma maravilhosa fonte de informação e oportunidades. Mas, para aqueles cuja vida revolve em torno da tecnologia e da Internet, gostaria de sugerir que façam um esforço para se desconectarem do mundo eletrônico nem que seja só por um tempinho. Talvez descubram que relaxa seu espírito e corpo.
No meu caso, me ajudou a reatar laços com entes queridos e familiares, e também a me reconectar com Jesus, o que encheu meu coração com uma paz e descanso que eu precisava urgentemente.
Adaptado de um podcast de Just1Thing, um recurso edificador de caráter cristão para jovens.
Último post
- Reconectado
- Jesus Nunca Muda—E Nunca Mudará!
- Confiar em Deus em Cada Fase da Vida
- Tudo que o Dinheiro não Compra
- Dias Melhores Virão—4ª Parte
- Uma História de Dois Servos
- Quando as Coisas Parecem Impossíveis
- O Chamado Contracultural do Cristianismo
- Como Crescer Espiritualmente
- Dias Melhores Virão—3a. Parte