Que nos Consola …
Rosane Pereira
Dizem que uma das dores mais profundas do coração humano é a perda de um cônjuge. Isso aconteceu comigo quando eu tinha apenas 37 anos e meu marido 42 anos. Sabíamos que sua família tinha um histórico de hipertensão arterial, e ele estava começando a acompanhar sua pressão e procurar tratamentos preventivos, mas nunca pensamos que isso o atingiria tão cedo.
Ele teve um dia muito ocupado e, no meio da noite, começou a vomitar. Chamei a ambulância e fui com ele ao hospital, onde foi diagnosticado que havia tido um leve derrame no lado direito do cérebro. Mas os médicos disseram que ele era jovem e com o tempo se recuperaria. Mas depois de alguns dias, ele teve outro derrame e entrou em um coma profundo. Ele teve que ser operado para aliviar a pressão causada pelo acúmulo de sangue no cérebro, mas desta vez os médicos me disseram que ele não voltaria a andar e teria dificuldade para falar. Meu coração ficou pesado, mas pedi a Deus forças para o futuro, e continuei. Eu tinha um pequeno negócio para gerir e sete crianças para cuidar.
Poucos dias depois, enquanto tirava uma soneca, tive um sonho vívido no qual meu marido chegava em casa e entrava na sala de estar com seu sorriso radiante e me contava: “Deus me disse que eu podia sair daquele quarto de hospital quando quisesse, então escolhi sair”! Acordei muito feliz, pensando que o sonho significava que em breve ele ficaria bem. Então, quando entrei no hospital para minha visita à tarde, o recepcionista me levou para um pequeno canto da sala e me disse que ele havia morrido ao meio-dia. Sentei-me lá pelo que me pareceu uma eternidade e orei por forças para terminar de criar bem meus filhos, mesmo sem ele.
Devem ter sido apenas uns 15 minutos, porque ao olhar de volta para a sala, vi o recepcionista esperando para me levar para ver o corpo. Toquei o corpo frio do meu marido, mas de alguma forma senti que ele ainda estava por perto. Agradeci a ele por uma vida maravilhosa juntos e pedi perdão por todos os meus erros e falta de consideração, aos quais senti que ele dizia: “Silêncio! Está tudo bem! Tudo foi perdoado há muito tempo!”
Meu cunhado veio de Buenos Aires na manhã seguinte. Organizamos seu enterro em San Miguel de Tucumán, sua cidade natal, no norte da Argentina. Aconteceu que sua mãe de 84 anos também estava em coma há cerca de um mês, e os médicos não sabiam o que ainda a mantinha viva. À noite, meu cunhado me ligou para dizer que ela havia falecido durante o tempo em que ele esteve conosco em Foz do Iguaçu.
Então, liguei para minha mãe com a notícia, e ela me disse que tinha tido um sonho na noite anterior, onde viu um jovem bonito chamando sua mãe: “Mãe, venha, não tenha medo! Venha!”. Ela não sabia que minha sogra estava doente, então não foi nada menos do que um sonho sobrenatural. Ela estava calma e me consolou com a minha perda. “A vida continua” foram suas últimas palavras.
No dia seguinte, peguei o avião com minha menina de sete meses e o corpo do meu marido no compartimento de carga e fui a Buenos Aires para conhecer vários parentes por parte do meu falecido marido, e de lá iríamos juntos a San Miguel de Tucumán para o enterro. No avião, uma mulher conversou comigo, e ao ouvir o motivo da minha viagem, começou a me abençoar e a dizer: “Deus e a Virgem Maria estarão com você e lhe darão forças para criar bem seus filhos. Vocês estarão bem nas mãos de Jesus”.
No voo seguinte, sentei-me ao lado de uma mulher de meia-idade, também viajando sozinha. Depois de ouvir minha história, ela me disse que havia perdido um filho recentemente de um ataque cardíaco. Demos as mãos e choramos juntas, mas de alguma forma, foram lágrimas de consolo, do reconhecimento de que as tragédias podem acontecer a qualquer um, mas que ainda tínhamos outros aqui na jornada conosco.
Chegando em San Miguel de Tucumán, fomos acompanhados por muitos outros parentes e amigos em uma procissão de carros. Depois caminhamos pelo belo cemitério em estilo jardim, e quando o caixão foi colocado na cova e jogamos alguns punhados de terra, todas as lágrimas que haviam sido retidas jorraram dos meus olhos, como de um poço profundo.
Deus nunca deixou nossa família ter falta de nada durante todos estes anos. A presença de meu querido marido e do pai de meus filhos ainda está conosco; suas fotos estão em nossas paredes, e seus ensinamentos sábios, seu espírito alegre e canções felizes presentes em nossas reuniões e lembranças de família.
Eu verdadeiramente vivi o que a Bíblia diz em 2 Coríntios 1:4: “Que nos consola em toda a nossa tribulação, para que também possamos consolar os que estiverem em alguma tribulação, com a consolação com que nós mesmos somos consolados por Deus.” E vejo como a fé em Deus e a esperança na vida após esta é crucial para encontrarmos a ajuda que precisamos em tempos difíceis!
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