Perdão: O Processo Contínuo
Yvette Gladstone
“Perdoa-nos os nossos pecados, assim como perdoamos aos que nos ofendem.”[1] A primeira vez que ouvi isso, meu coração doeu e me senti tão envergonhado. Por quê? Porque eu sabia que havia pessoas a quem eu não havia perdoado. No entanto, eu realmente queria que Deus me perdoasse por coisas estúpidas que havia feito e que magoaram outros. Até me senti rebelde contra essa afirmação, por isso eu tinha vergonha.
Não queria que Deus me perdoasse da maneira que eu havia perdoado aos outros, porque sabia que não os havia perdoado! Mas eu queria que Deus me perdoasse, porque Ele é misericordioso, e porque eu realmente precisava disso, e sentia arrependimento pelas minhas ações. Mas outros não se arrependeram do que fizeram comigo. Então aquilo não era justo! Ou assim eu pensava.
Condoendo-me ali na minha cadeira e no meu coração, disse a Deus em oração que não achava que era justo. Então Ele falou ao meu coração: “Também não foi justo o que eles fizeram comigo”, referindo à Sua morte na cruz.
Eu respondi: “Sinto muito por isso. Mas você é Deus e pode fazer o impossível. Sou apenas uma mulher fraca que às vezes faz coisas estúpidas.”
Ele respondeu: “Bem, eu fiz você à Minha imagem e semelhança, não foi? Então, você tem o que precisa. Eu sei, porque dei tudo a você.”
“Ah, claro. Muito obrigada. Bem, então, terá que ser Você, que está em mim, a perdoá-los, porque não me sinto forte o suficiente. Você é a minha força, Senhor. Por favor, faça isso através de mim. Obrigada.”
E ele me ajudou desde então! O perdão não é fácil, mas é possível com a ajuda de Deus.
Descobri que o perdão é um processo contínuo, e o Senhor, em Seu amor e misericórdia, me deu algumas ferramentas para ajudar a facilitar as coisas para mim ao longo do caminho. Algumas das ferramentas são engraçadas, outras são profundas e outras apenas bom senso — olhando as coisas de uma maneira diferente, talvez da maneira como Deus as vê.
A ferramenta engraçada é o senso de humor. Muitas vezes, o Senhor trouxe à minha lembrança algo engraçado em um certo momento, então puder rir, e isso ajudou a me aliviar quando estava levando uma situação a sério demais. A Bíblia diz: “Um coração alegre faz o mesmo efeito dum bom remédio, mas um espírito abatido torna todo o corpo doente.”[2] Assim como o remédio certo pode ajudar a acalmar nossas dores e incômodos, e acelerar a cura de ferimentos ou doenças, um coração alegre — um bom senso de humor — pode ser muito útil para confortar e acalmar nossos corações e mentes quando outras pessoas nos machucam, intencionalmente ou não.
Então, quando me sinto machucada ou ferida por algo que alguém fez ou disse, dar uma boa risada tem me ajudado a me sentir melhor e torna mais fácil eu perdoar. Não que o perdão seja uma coisa engraçada. É assunto muito sério e muito necessário! No entanto, o Senhor sabe que preciso muito de ajuda.
Vou dar um exemplo:
Uma vez, quando estava trabalhando com alguns colegas, eu simplesmente não conseguia fazer as coisas como eles gostavam. Fiquei com raiva e pena de mim mesma. Sozinha em oração, comecei a dizer ao Senhor: “Bem, se eles não gostam de mim ...” Antes que de terminar a frase, uma voz mansa e suave disse ao meu coração: “Vou comer as batatas fritas deles!” Como assim?!
Aquilo realmente me fez rir! Porque do nada eu me lembrei de uma piada interna que meu ex-marido (que Deus o tenha) e eu havíamos compartilhado. Alguns anos antes, quando ele estava aprendendo espanhol em um país latino, ele e alguns novos amigos estavam almoçando juntos. Quando terminaram, ele disse a seu novo amigo em espanhol mal falado: “Se você não gostar de mim, eu como suas batatas fritas!” O amigo ficou chocado! Então eles riram, porque o que ele queria dizer era: “Se você não as quiser, eu como essas batatas fritas”.
De qualquer forma, aquela boa risada ajudou a me soltar para que eu pudesse perdoar meus novos colegas de trabalho e parar de me levar tão a sério.
Outra ferramenta é o que chamo de “10 coisas a perdoar”. Vem dessa história:
Minha avó revelou o segredo de seu casamento longo e feliz nas suas bodas de ouro. “No dia do meu casamento, decidi escolher dez defeitos do meu marido que, pelo bem do nosso casamento, eu ignoraria”, explicou ela. Um convidado pediu que ela citasse alguns desses defeitos. “Para dizer a verdade”, respondeu, “nunca fiz a lista. Mas sempre que meu marido fazia algo que me deixava maluca, eu dizia para mim mesma: ‘Sorte sua que esse é um daqueles dez.’”[3]
Acho que podemos incluir todos os demais nisso, quer família, quer amigos ou conhecidos.
Outra ferramenta útil é uma história atribuída a Corrie ten Boom, na qual ela fala que o perdão é como tocar um grande sino de igreja. Com relação às emoções difíceis que acompanham o processo de perdão — como ressentimento, mágoa, reviver momentos dolorosos repetidas vezes etc. — ela diz que o processo de perdão é como largar a corda que toca o sino. Dizemos que perdoamos e deixamos passar, mas esses sentimentos ruins não desaparecem imediatamente. A campainha continua a tocar por um tempo, porém cada vez mais devagar, à medida que o som vai diminuindo, até que, eventualmente, para completamente.
O círculo completo do perdão pode levar um tempo para ser concluído, mas eventualmente nos traz paz de espírito e descanso para a alma. Graças a Deus!
[1] Mateus 6:12, O Livro.
[2] Provérbios 17:22 O Livro.
[3] Roderick McFarlane, in Reader’s Digest, December 1992.
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