Páscoa—Renovação, Regeneração, Recriação
Peter Amsterdam
O Domingo de Páscoa é o dia em que os cristãos celebram o acontecimento mais importante na história da humanidade —a ressurreição do Deus-homem, Jesus Cristo, que mudou para sempre o curso da humanidade! Foi o primeiro dia da nova criação de Deus.
Deus criou todas as coisas, inclusive o homem e, ao terminar, olhou para tudo e viu que era “muito bom”.[1] Essa primeira versão foi alterada, entretanto, pela introdução do pecado. Desde que Adão escolheu contrariar a vontade de Deus, o pecado entrou no mundo que Deus havia criado, trazendo para a humanidade doenças, degradação e morte. Desde então, as pessoas passaram a voltar para o pó, de onde vieram.[2] Adão, o primeiro homem, trouxe o pecado e a morte ao mundo, e, a partir daí, a criação de Deus tem sofrido os efeitos do pecado.
Vamos saltar agora para o tempo da vida de Jesus na Terra. Deus, o Filho, a Palavra de Deus, veio para a humanidade na forma de uma criança, filho de Maria e Deus, sem um pai humano.[3] Ele era plenamente Deus e plenamente homem, o Deus-homem. Sua missão era derrotar o pecado e a morte que haviam se tornado partes do ser humano por meio de Adão. Jesus viveu isento de pecado, foi condenado, executado como um criminoso, sepultado e, três dias depois, ressurgiu dos mortos! Foi ressuscitado!
Sua ressurreição foi a primeira fase da nova criação de Deus. O corpo de Jesus foi transformado e não estava mais sujeito aos efeitos da primeira criação, isto é, do pecado e da morte. Deus criou outro tipo de existência humana —um corpo humano ressurgido dos mortos e transformado pelo poder de Deus, que não era afetado pela morte, degradação e corrupção.
Esse fenômeno, até então inédito na história da humanidade, voltará a acontecer com os que acreditam em Jesus, pois, na Sua volta, os que creem serão ressuscitados e receberão novos corpos ou, se estiverem vivos, serão transformados, num piscar de olhos. Isso marcará a segunda fase da nova criação.[4]
O corpo ressurrecto de Jesus não sofria mais as dores da tortura —Suas costas foram dilaceradas pelas chicotadas, Sua cabeça machucada pela coroa de espinhos, Suas mãos e pés perfurados. Ele não estava mais esgotado ou exausto por tudo que sofrera nos dias anteriores, mas estava vivo e feliz.
Seu corpo ressuscitado não era um espírito. Era físico, feito de carne e ossos, e Seus discípulos o puderam tocar. Ele lhes ensinou,[5] caminhou com eles,[6] cozinhou para eles[7] e comeu com eles.[8] Em determinada ocasião reuniu-se com 500 de Seus seguidores.[9] Quarente dias após ressuscitar,[10] ascendeu fisicamente para o céu,[11] onde, em Seu novo corpo, senta à direita de Deus.[12]
Na qualidade de cristãos e como parte da nova criação de Deus, temos a expectativa do momento quando Cristo voltar e Deus ressuscitará nossos corpos! Receberemos corpos ressurrectos como o dEle. Nossos corpos não terão as fraquezas que têm agora, mas todo o poder que o corpo humano foi criado para ter. Não serão afetados pelo pecado e pela natureza humana após o pecado, como é hoje.[13] Wayne Grudem explica o fenômeno da seguinte forma: Nestes corpos ressuscitados veremos claramente a humanidade como Deus desejava que fosse.[14]
A nova criação de Deus não se conclui com a ressurreição dos nossos corpos, mas vai além. A terceira fase envolve também a renovação de toda a criação. Quando Adão pecou, Deus amaldiçoou o solo. O mundo deixou de ser um lugar sublime, como consequência do pecado. Entretanto, como resultado da morte e ressurreição de Cristo, Sua vitória sobre o pecado e a morte, Deus renovará todo o mundo.[15]
Quando Jesus morreu na cruz, como um criminoso, os judeus o viram como um messias fracassado, pois havia prometido um reino que não se materializara. Todavia, três dias depois, quando ressurgiu dos mortos, essa imagem mudou completamente. A verdade do seu messiado se tornou evidente para todos que a aceitaram. Ele completou Sua missão pela morte ao tomar sobre si nossos pecados e, com isso, reconciliou-nos com Deus. Essa missão requeria Sua morte, mas, uma vez concluída, Deus O ressuscitou dos mortos, mostrando ao mundo Sua aprovação ao que Jesus havia feito.[16]
Depois de mais 40 dias na Terra, Jesus ascendeu ao Céu para então, dez dias mais tarde, introduzir uma nova dinâmica no mundo —o Espírito Santo. Depois da Sua ascensão, Jesus enviou “a promessa do Pai”, o Espírito Santo, para viver nos crentes.[17]
Alguém que aceita Jesus como salvado passa a fazer parte da nova criação, o que faz com que seja possível ao Espírito de Deus habitar nessa pessoa. A obra do Espírito Santo nas vidas dos crentes é a continuação da primeira fase da nova criação, que começou com a ressurreição de Jesus. O efeito da salvação e a presença do Espírito Santo em uma pessoa se expressam como renascimento, renovação e regeneração nas vidas dos crentes. O renascimento se refere a ser nascido do espírito, em contraste ao nascimento da carne. A renovação é uma mudança completa no crente para melhor. Regeneração é a produção de uma nova vida, consagrada a Deus, uma mudança radical da mente.[18],[19]
Como parte da nova criação, o Espírito de Deus regularmente nos renova, nos muda e nos ajuda a nos revestir da mente de Cristo, na medida em que desenvolvemos e refletimos algumas características de Deus ao crescermos em amor, alegria, paz, paciência, bondade, fidelidade, gentileza e autocontrole. Conforme permitimos o Espírito Santo nos guiar, crescemos e amadurecemos em nossas vidas espirituais, somos renovados e nos tornamos mais como Cristo. É parte do processo da nova criação dentro de nós, pois somos gradualmente transformados pelo Espírito.[20]
Celebrar a ressurreição de Jesus é celebrar a chamada “novidade de vida”. A Páscoa é a celebração do processo da nova criação de Deus que está em andamento, enquanto aguardamos sua culminação.[21]
Temos muito a celebrar! —O Espírito Santo vive em nós para nos ajudar, nos guiar e nos renovar. Somos parte da Sua nova criação. Viveremos eternamente em nossos novos corpos, gozando de perfeita saúde e livres dos efeitos do envelhecimento, de doenças ou outros males. Temos a honra e o privilégio de compartilhar com os outros essa notícia maravilhosa. Pois estas são as boas novas do evangelho: o amor que Deus tem pelo indivíduo, a oferta de vida eterna, a ressurreição, o tornar-se uma nova criatura em Cristo Jesus hoje e parte da nova criação maior para a eternidade.
Nossa incumbência é convidar tantos quanto possível a se tornar cada um uma nova criação, ajudá-los a passar pela porta da salvação, trazê-los para um maravilhoso novo mundo hoje e uma eternidade de felicidade no futuro. Enquanto portadores desse convite, viajando pelos caminhos e valados da vida, sejamos motivados pela beleza da dádiva que Deus oferece em Jesus, para compartilhá-la e suas bênçãos com todos que pudermos. Feliz Páscoa!
Publicado originalmente em abril de 2012. Editado e republicado em abril de 2019.
[1] Gênesis 1:31.
[2] Gênesis 3:19.
[3] Mateus 1:18.
[4] Ver Romanos 6:9, 1 Coríntios 15:51–52, 1 Tessalonicenses 4:16–17.
[5] Lucas 24:27.
[6] Lucas 24:13–15.
[7] João 21:9–13.
[8] Lucas 24:41–43.
[9] 1 Coríntios 15:6.
[10] Atos 1:3.
[11] Atos 1:9–11.
[12] Marcos 16:19.
[13] Ver Filipenses 3:20–21, 1 João 3:2, 1 Coríntios 15:35–38, 1 Coríntios 15:42–44, 49.
[14] Wayne Grudem, Systematic Theology, p. 832.
[15] Ver Romanos 8:21, Isaias 65:17, 2 Pedro 3:13, Apocalipse 21:1.
[16] Ver Filipenses 2:8–9.
[17] Ver Lucas 24:49, Atos 1:4–5, Atos 2:32–33, Joel 2:28–29.
[18] Definição do dicionário Strong da palavra grega paliggenesia: regeneração.
[19] Ver Atos 2:38–39, João 3:5–6, Tito 3:4–6.
[20] Ver 1 Coríntios 2:14–16, Gálatas 5:22–23, 2 Corinthians 3:17–18.
[21] Ver Romanos 6:4, 1 Coríntios 15:14, 17, 20–21.
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