Nosso Castelo Forte
Chris Mizrany
Martinho Lutero sempre foi um dos meus heróis. Um dos grandes defensores da apologética cristã, ele proclamava a salvação apenas pela graça. Além disso, foi um autor prolífico e bem articulado. Apesar de sofrer uma grande oposição, ele conquistou vitórias surpreendentes tanto no campo legal quanto no espiritual, e é lembrado principalmente como um homem de Deus.
Hoje, eu estava ouvindo “Castelo Forte”, um hino de sua autoria, e calou fundo. Já logo no começo a mensagem é clara, ousada e cheia de fé.
Castelo forte é o nosso Deus,
Espada e bom escudo,
Com seu poder defende os seus,
Em todo transe agudo.
Com fúria pertinaz,
Persegue Satanás
Com artimanhas tais,
E astúcias tão cruéis,
Que iguais não há na terra.
Um castelo forte é uma fortaleza; simboliza força e um baluarte que protege de perigos externos ou ferimentos. A verdade proclamada é que — mesmo com todas as enxurradas de doenças e problemas mortais no mundo — Deus está sempre a postos para nos ajudar e nos proteger. Eu já comprovei isso como fato vezes sem conta na maneira como o Senhor protege a mim, e aos que me são queridos, de mil e um tipos de problemas que inevitavelmente teríamos enfrentado. Ele sem dúvida é uma fortaleza inexpugnável.
Nosso inimigo, Satanás, tenta nos causar mal, às vezes por meio de um confronto direto: um forte ataque contra a nossa saúde ou segurança, ou à de nossos entes queridos. No entanto, muitas vezes é um ataque mais sutil, embora igualmente perigoso — por exemplo, despertando desejos carnais ou alimentando sentimentos de desencorajamento, inveja, solidão e ciúme. Muitas vezes eu tentei lutar contra as influências de Satanás à minha maneira, e sempre falhei. A afirmação no hino de que não podemos lutar com nossa própria força é correta, porque será um esforço vão. Precisamos de Jesus Cristo, a Rocha dos Séculos, a pedra angular da fortaleza, para vencer a batalha por nós.
A nossa força nada faz,
Estamos, sim, perdidos;
Mas nosso Deus socorro traz,
E somos protegidos.
Defende-nos Jesus,
O que venceu na cruz,
Senhor dos altos céus;
E sendo o próprio Deus,
Triunfa na batalha.
Eu sei que preciso me esforçar por vencer os maus hábitos e resistir à tentação — esforçar-me por “me despojar do velho homem”[1] e me “conformar à mente de Cristo”[2]. Mas também sei que não estou à altura dessas tarefas. Por melhor que me sinta, não sou bom o suficiente. Por outro lado, por mais insuficiente que eu me considere, posso conquistar a vitória por meio de Cristo e da Sua Palavra. O próprio Martinho Lutero vivenciou isso várias vezes na sua luta contra depressão e enfermidades, e aprendeu que o livramento duradouro vem do alto.[3]
Sabe qual é a melhor parte de tudo? Ao longo dos anos descobri mais e mais que Jesus já venceu a batalha. Sendo assim, o que cabe a nós fazer? Bem, certamente temos a vitória. Mas Jesus disse a nós, enquanto Seus discípulos, que “neste mundo tereis aflições”.[4] Isso significa que num primeiro momento nós nem sempre percebemos a vitória. Primeiro, precisamos ficar firmes durante as aflições e problemas. Esse hino nos instrui ousadamente a não tremermos diante do príncipe das trevas e promete que uma simples palavra o derrotará.
Se nos quisessem devorar,
Demônios não contados,
Não nos podiam assustar,
Nem somos derrotados.
O grande acusador,
Dos servos do Senhor,
Já condenado está;
Vencido cairá,
Por uma só palavra.
Apesar dos desafios e provações que enfrentamos, é possível encontrar paz quando descansamos no poder do nosso Senhor. Uma fortaleza permanece firme, um símbolo de forças, um local de congregação onde a segurança é garantida. Jesus é isso para mim. Já aconteceu algumas vezes de eu estar desanimado e um estranho se aproximar e me dizer algo gentil, me oferecer uma bebida quentinha, ou uma oração. Ou então um amigo me ligou no momento certo e me fez rir com seu humor descontraído, ou o Senhor respondeu à uma oração. Todos os dias acontece algo que me eleva quando me sinto fraco e me leva de volta à comunhão com meu Salvador. Ele já atendeu aos desejos do meu coração tantas vezes que nem consigo contar. Já recebi muito mais do que mereço, e ainda há mais reservado no Céu. O que posso fazer no momento é hastear a bandeira de esperança na minha torre e convocar todos à segurança em Jesus, que é a nossa torre forte.[5]
Como cristãos, podemos contar que encontraremos resistência à nossa fé e uma certa dose de fúria por parte um mundo incrédulo. Mas vamos olhar firmemente para o nosso Senhor e o reino eterno, respondendo ao ódio com amor e incidindo a luz da verdade no domínio das trevas. Se perseverarmos até ao fim, seremos chamados de servos bons e fiéis.[6] A nossa labuta de amor não é em vão, e a Palavra de Deus que compartilhamos nunca voltará vazia![7] No que diz respeito àqueles que não gostam de nós ou da nossa mensagem, a Bíblia se refere a nós como templo de Deus, portanto, devemos viver com reverência e ser exemplos do Seu santo amor, mesmo diante da ira dos ímpios, das calúnias ou do antagonismo.[8]
E acima de tudo, vamos proferir aquela palavra — JESUS — sempre que possível; nos encorajarmos, ministrarmos a outros e derrotarmos o maligno! Jesus é o nome acima de todos os nomes, a nossa esperança da glória, o magnífico castelo forte que é a nossa fortaleza.
Sim, que a palavra ficará,
Sabemos com certeza,
E nada nos assustará,
Com Cristo por defesa.
Se temos de perder,
Os filhos, bens, mulher,
Embora a vida vá,
Por nós Jesus está,
E dar-nos-á seu Reino.
[1] Efésios 4:22.
[2] Romanos 12:2.
[3] Salmo 121:1–2.
[4] João 16:33.
[5] Provérbios 18:10, Salmo 61:3.
[6] Mateus 25:21.
[7] Isaías 55:11.
[8] 1 Tessalonicenses 5:15.
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