Modestos Começos
Iris Richard
Contam-se inúmeras histórias e parábolas de modestos começos que levam a finais grandiosos. Esta é minha história.
Um comentário de um estranho foi o que me fez pensar em uma mudança de direção no trabalho social com as comunidades pobres nas quais estávamos envolvidos na época. O local onde trabalhávamos não produzia frutos muito duradouros e não alcançávamos os resultados esperados. Nossos esforços pareciam desperdiçados e o trabalho se tornava cada vez mais frustrante.
Eu não sabia exatamente o que precisava mudar, mas um dia, quando menos esperava, um encontro pôs as coisas em movimento. Enquanto na recepção do escritório onde eu tinha compromisso, comecei a bater papo com um estranho. Era um homem de negócios do continente africano e falava com carinho de seu país, da beleza da paisagem, do povo, mas também do desigualdade social e da pobreza. Então algo que ele disse me tocou profundamente.
Mais tarde, ao pensar nesse encontro, percebi que uma semente havia sido depositada no solo fértil da minha mente. No começo, era apenas uma pequena cutucada, mas quando lhe dei mais atenção, começou a brotar com uma ideia. Logo depois, a ideia se transformou em um plano, a princípio assustador, mas intrigante, principalmente porque envolveu uma grande mudança na nossa localização e modo de operação. Depois de orar a respeito deste empreendimento e discutir as opções, o plano se formou lentamente e começamos a agir. Com passos pequenos e tímidos, seguimos na direção aparentemente assustadora que Deus nos apontava. A fase de consolidação em território desconhecido havia começado.
No começo da criação de um trabalho comunitário em um país africano, nossa fé, determinação e paciência foram exaustivamente testadas. Inúmeros desafios e obstáculos precisavam ser superados e imprevistos tiveram que ser enfrentados. Finalmente, depois de vários anos de tentativa e erro, a base de um projeto humanitário permanente tomou forma.
Em retrospectiva, olhando a montanha de realizações que começou com um pequeno cutucão, nosso trabalho que agora foi testado e comprovado pelo tempo celebra seu 25º ano de serviço em comunidades marginalizadas. Desde os primeiros passos instáveis e nosso modesto começo, milhares de famílias carentes foram ajudadas, crianças abandonadas receberam educação seguida de oportunidades de emprego e inúmeras vidas foram mudadas para melhor.
Desde então, aprendi a não subestimar o poder de um pensamento, de uma ideia incipiente ou de um sonho que nos cutuca numa certa direção que, quando seguida, pode levar a coisas novas e maiores. Isso me lembra uma história que li recentemente sobre uma época em que nem podiam imaginar máquinas como veículos a motor.
A primeira “carruagem sem cavalo” foi construída em 1769 por um francês chamado Nicholas-Joseph Cugnot. Era um enorme carrinho de armas de três rodas, movido a vapor, que se movia a um quilômetro por hora.
Não dá para imaginar que, na época, poucas pessoas viram algum benefício muito grande na carruagem sem cavalo de Cugnot. Era algo muito caro, muito barulhento e não conseguia acompanhar o ritmo nem do mais antigo cavalo. No entanto, a partir daquela carruagem sem cavalos surgiu uma revolução.
Às vezes, precisamos nos lembrar que não há problema em começar de maneira modesta, com uma ideia que parece louca, e observar para ver se, a partir dessa visão embrionária, algo grandioso pode vir a acontecer.[1]
Jesus destacou como as pequenas coisas podem se tornar grandes da seguinte maneira:
“E contou-lhes outra parábola: ‘O Reino dos céus é como um grão de mostarda que um homem plantou em seu campo. Embora seja a menor dentre todas as sementes, quando cresce torna-se a maior das hortaliças e se transforma numa árvore, de modo que as aves do céu vêm fazer os seus ninhos em seus ramos’. E contou-lhes ainda outra parábola: ‘O Reino dos céus é como o fermento que uma mulher tomou e misturou com uma grande quantidade de farinha, e toda a massa ficou fermentada.’”[2]
Ao atendermos aos “sussurros” de Deus em nossos corações e mantermos contato com Seu plano para nossas vidas, até os sonhos podem se tornar realidade.
“Fé é acreditar no que não vemos, e a recompensa dessa fé é ver aquilo em que acreditamos.”—St. Augustine
[1] Scott Higgins, do Dr. Karl Kruszelnicki’s New Moments in Science #1, https://storiesforpreaching.com/from-humble-beginnings/.
[2] Mateus 13:31–33 NVI.
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