A Maravilha da Graça de Deus
Compilação
Você recebeu o glorioso dom da graça — um favor desmerecido, pelo qual nada fez. Ninguém e nenhuma circunstância pode tirar de você essa preciosa dádiva. Você pertence a Mim para sempre! Nada, em toda a criação, poderá separá-lo do Meu amor.—Jesus[1]
Você é livre
Confessar é depender grandemente da graça de Deus. É uma proclamação da nossa confiança na Sua bondade. Reconhecemos que agimos mal, mas “a Sua graça é maior do que o meu pecado, por isso estou confessando”. Se temos pouco entendimento da graça, nossa confissão será pequena, relutante, hesitante, repleta de justificativas e atenuantes, cheia de medo de punição. Mas grande graça gera uma confissão honesta…
Todos os navios que atracam na costa da graça içaram âncora do porto do pecado. Devemos começar onde Deus começa. Só daremos valor à graça quando entendermos quem somos. Somos rebeldes. Somos Barrabás e, como ele, merecemos a morte. Estamos presos em uma cela com as paredes revestidas de medo, dores e ódio. Estamos encarcerados no nosso passado, nossas escolhas de seguir pelo caminho mais fácil e nosso orgulho e prepotência. Fomos considerados culpados. Estamos sentados no chão de uma cela poeirenta à espera do epílogo.
Os passos do carrasco ecoam nas paredes de pedra. Com a cabeça entre os joelhos, não olhamos para cima quando a porta se abre nem quando ele começa a falar. Sabemos o que vai dizer. “Hora de pagar pelos seus pecados”. Mas ouvimos outra coisa: “Você está livre. Eles prenderam Jesus no seu lugar”. A porta se abre, os guardas ordenam rispidamente que você saia — e então todos nos vemos na luz do sol da manhã, sem correntes, nossos crimes perdoados. E indagamos: “O que acabou de acontecer?” A graça, foi isso o que aconteceu.—Max Lucado[2]
O que é o evangelho maltrapilho?
O evangelho maltrapilho é um conceito popularizado pelo livro do ex-padre católico Brennan Manning, publicado originalmente em 1990. Um livro influente e campeão de vendas, foi escrito, segundo o autor, para as pessoas “cansadas, desgastadas e esgotadas”, não para os “super espirituais”…
Manning… enfatiza a graça de Jesus no ministério para os “maltrapilhos”, os esfarrapados e sem reputação da Sua época, os doentes, coletores de impostos e pecadores, a mulher flagrada em adultério. Jesus muitas vezes servia a esses “maltrapilhos”, enquanto os líderes religiosos da época eram contra Ele e se recusavam a sujar as mãos com os problemas da sociedade…
Manning diz: “Não podemos fazer por merecer a aceitação de Deus, assim como não podemos fazer por merecer a salvação. No entanto, Ele nos dá de boa mente, não importa quem somos ou o que fizemos. Todos nós somos maltrapilhos. Cada um de nós veio arrebentado, esgotado, esfarrapado e sujo, e nos sentamos aos pés do nosso Pai. Ele sorriu para nós, os escolhidos do Seu ‘amor intenso’.” Em outras palavras, Jesus aceita os quebrantados. Ele aceita aqueles que sabem que jamais serão perfeitos. O evangelho maltrapilho diz que todos podemos chegar a Deus, ainda que pecadores, e Lhe perdirmos perdão. Em Isaías 1:18, Deus faz o convite para virmos, mesmo que nossos pecados sejam vermelhos como o carmesim, e Ele os fará brancos como a neve. Deus deseja que os pecadores venham a Ele do jeito que são, para poder purificá-los.
Jesus veio para salvar os pecadores.[3] “Jesus não veio para os super espirituais, mas para os atarantados e fracos, que sabem que não têm tudo sob controle, e são humildes o suficiente para aceitar a caridade da Sua maravilhosa graça”.[4] Como acontece com muitos temas na Bíblia, é importane entender o delicado equilíbrio que Deus nos apresenta: A Sua graça nos aceita “como somos” e devemos estar dispostos a não continuar “sendo como somos”.
Para entender completamente a graça e o equilíbrio que a Palavra de Deus apresenta, devemos considerar quem éramos sem Cristo e o que nos tornamos com Cristo. Nascemos pecadores[5] e somos culpados de transgredir a lei de Deus.[6] Éramos inimigos de Deus[7] e merecíamos a morte.[8] Não havia maneira de nos salvarmos.[9] Espiritualmente nós éramos carentes, cegos, impuros e estávamos mortos. Nossas almas merecem o castigo eterno. Portanto, dizer que somos todos maltrapilhos está muito aquém da realidade.
Mas então chegou a graça. Deus Se inclinou em nosso favor. É a graça que nos salva.[10] A graça é a essência do Evangelho.[11] A graça vence o pecado.[12] A graça nos dá “encorajamento eterno e esperança”.[13]
A Bíblia repetidamente refere-se à graça como um “dom”.[14] A graça é a benevolência constante de Deus agindo em nós, sem a qual nada podemos fazer.[15] A graça é maior que o nosso pecado,[16] mais abundante do que esperamos,[17] e maravilhosa demais para ser expressa com palavras.[18]
Como, então, evitar que a graça se torne “graça banal”, uma “graça” que promete todos os benefícios do cristianismo sem arrependimento ou obediência. A graça banal esconde o custo do discipulado, busca anular nossa resposta voluntária ao dom da graça que Deus nos concede. Acreditamos que a graça de Deus cobre todos os nossos pecados, e também podemos aceitar que a fé se manifesta por meio de arrependimento, obediência e transformação interior. O crente é uma nova criatura.
Chegamos a Deus como maltrapilhos, aceitamos a Sua graça e Deus nos pede renovação. Conforme aceitamos a graça de Deus no decorrer de nossas vidas, não permanecemos no pecado, buscamos nos transformar segundo a imagem de Cristo. Ele nos recebe como somos e conforme nos submetemos a Ele em obediência, começa a nos mudar. Sim, o Evangelho é para maltrapilhos. Não, Deus não deixa ninguém continuar sendo um maltrapilho.—De gotquestions.org[19]
*
O que mais me dá esperança cada dia é a graça de Deus; saber que a Sua graça me dará forças para qualquer situação, e que nada é uma surpresa para Deus.—Rick Warren
Salvo pela graça
A Lei Mosaica torna todos nós pecadores, porque é impossível guardá-la. “Porque ninguém será justificado diante de Deus por obras da lei, pois pela lei vem o pleno conhecimento do pecado.”[20] Na verdade, de acordo com as leis de Moisés é impossível alguém ser livre do pecado.
A lei foi nosso professor, instrutor ou “guardião” para mostrar que somos pecadores, nos levar à misericórdia de Deus e nos mostrar Sua absoluta perfeição e justiça—que é impossível alcançarmos. “De maneira que a lei se tornou nosso guardião para nos conduzir a Cristo, a fim de que fôssemos justificados pela fé.”[21]
Então veio Jesus, com Sua graça, misericórdia, perdão, amor e verdade—a nossa salvação. “Porque a lei foi dada por meio de Moisés; a graça e a verdade vieram por meio de Jesus Cristo.”[22] Ele veio e nos mostrou que a salvação e a verdadeira justiça não vêm das obras, mas da graça.
Primeiro temos que receber Jesus, depois o Seu Espírito em nós nos ajudará a fazer o que é humanamente impossível: amar a Deus e ao homem. Temos uma salvação totalmente pela graça e uma vida cheia de graça e amor pelo Senhor, uma vida plena de graça. Não tem nada a ver com ser imaculado ou perfeito, nada a ver com obras ou guardar a lei. Todos nós cometemos erros e todos pecamos, temos apenas a graça de Deus. Dependemos apenas do Seu amor, da Sua misericórdia e graça.—David Brandt Berg
Publicado no Âncora em novembro de 2019.
[1] Sarah Young, Jesus Always (Thomas Nelson, 2017).
[2] Max Lucado, Grace: More Than We Deserve, Greater Than We Imagine (Thomas Nelson, 2012).
[3] 1 Timóteo 1:15.
[4] Brennan Manning, The Ragamuffin Gospel.
[5] Salmo 51:5.
[6] Romanos 3:9–20, 23; 1 João 1:8–10.
[7] Romanos 5:6, 10; 8:7; Colossenses 1:21.
[8] Romanos 6:23a.
[9] Romanos 3:20.
[10] Efésios 2:8.
[11] Atos 20:24.
[12] Tiago 4:6.
[13] 2 Tessalonicenses 2:16.
[14] Por exemplo, Efésios 4:7.
[15] João 15:5.
[16] Romanos 5:20.
[17] 1 Timóteo 1:14.
[18] 2 Coríntios 9:15.
[19] https://www.gotquestions.org/ragamuffin-gospel.html.
[20] Romanos 3:20.
[21] Gálatas 3:24.
[22] João 1:17.
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