Fogo do Céu (1 Reis 18)
Tesouros
[Fire from Heaven (1 Kings 18)]
Este relato ocorre por volta de 900 a.C., no reinado de Acabe, quando a nação de Israel se afastou da adoração a Deus para seguir o deus pagão Baal. Acabe foi o pior rei de Israel até então, grandemente influenciado por sua esposa estrangeira, Jezabel. Nessa época, os profetas do verdadeiro Deus foram sistematicamente mortos (1 Reis 16:30–33). Então Deus enviou Seu profeta Elias para alertar Israel sobre a maldade de seus caminhos, o qual profetizou que uma seca viria sobre toda a terra como consequência da maldade de Acabe (1 Reis 17:1).
Três anos antes do acontecido que leremos aqui, Elias anunciara na corte de Acabe a grande seca, que ocorreu conforme predito. Ele passou parte desses anos de seca junto ao ribeiro de Querite e parte com a viúva de Sarepta (1 Reis 17:8–24). Muitas vezes, sozinho, deve ter se indagado sobre o plano de Deus para o Seu povo. Teriam eles aprendido a lição? Estariam prontos para abandonar seus ídolos? O Senhor acabaria com a seca, mas como e quando?
No auge da fome, a Palavra do Senhor veio a Elias: “Vá apresentar-se a Acabe, pois enviarei chuva sobre a terra” (1 Reis 18:1). Ele partiu imediatamente para Samaria, cerca de 240 quilômetros ao sul de Sarepta.
No caminho, Elias encontrou Obadias, o governador da casa de Acabe. Ele era um dos poucos líderes que permaneceram fiéis a Deus e estava à procura de pasto para os cavalos e mulas ainda vivos. Obadias provou sua lealdade escondendo, alimentando e dando água a cem profetas de Deus em duas cavernas durante dois anos, enquanto Jezabel procurava matá-los (1 Reis 18:4).
Reconhecendo Elias, ele caiu de joelhos e exclamou: “És tu mesmo, meu senhor Elias?” “Sou”, respondeu Elias. “Vá dizer ao seu senhor: Elias está aqui” (1 Reis 18:7,8).
Obadias relutou, temendo por sua vida. “Juro pelo nome do Senhor, o teu Deus, que não há uma só nação ou reino aonde o rei, meu senhor, não enviou alguém para procurar por ti. E, sempre que uma nação ou reino afirmava que tu não estavas lá, ele os fazia jurar que não conseguiram encontrar-te”. Havia muitos relatos falsos sobre o paradeiro de Elias, o que deixara o rei ainda mais irado.
“Não sei para onde o Espírito do Senhor poderá levar-te quando eu te deixar. Se eu for dizer a Acabe e ele não te encontrar, ele me matará” (1 Reis 18:9-14).
“Disse Elias: ‘Juro pelo nome do Senhor dos Exércitos, a quem eu sirvo, que hoje eu me apresentarei a Acabe’”. Obadias acreditou no profeta e foi falar com o rei (1 Reis 18:15,16). Ao receber a notícia, Acabe foi imediatamente ao local onde Elias estava. “És tu, o perturbador de Israel?”, perguntou com raiva.
“Não tenho perturbado Israel”, Elias respondeu. “Mas você e a família do seu pai têm. Vocês abandonaram os mandamentos do Senhor e seguiram os baalins”. Acabe culpava Elias, o profeta que anunciava o juízo divino, pelos problemas da nação, mas Elias apontou que o verdadeiro perturbador era Acabe, que se voltara para outros deuses.
Elias então desafiou Acabe: “Agora convoque todo o povo de Israel para encontrar-se comigo no monte Carmelo. E traga os quatrocentos e cinquenta profetas de Baal e os quatrocentos profetas de Aserá, que comem à mesa de Jezabel” (1 Reis 18:18,19).
Chegou a hora de um confronto, e Deus revelou a Elias um plano. Visto que o bem e o mal não podem coexistir pacificamente, o povo precisaria decidir de uma vez por todas se serviria ao Deus do céu ou aos falsos deuses cananeus, cujos ídolos estavam por toda parte.
O rei convocou o povo e os falsos profetas para o Monte Carmelo e milhares obedeceram, mesmo sem saberem o motivo da reunião. Alguns diziam que Elias estaria lá, mas histórias assim circulavam há três anos, e ele nunca aparecera. Afinal, o próprio rei o procurava há tempos!
O povo subiu o Monte Carmelo até que as encostas ficaram cobertas de gente. De repente, ouviu-se alguém gritar: “Olhem, Elias está aqui!” Imediatamente a notícia se espalhou por entre a multidão agitada e ansiosa para ver o homem que ousara desafiar o rei.
Alguém gritou pedindo silêncio, e a multidão se calou. Do alto do monte, veio a voz estrondosa que um dia ecoara na corte de Acabe: “‘Até quando vocês vão oscilar entre duas opiniões? Se o Senhor é Deus, sigam-no; mas, se Baal é Deus, sigam-no’. O povo, porém, nada respondeu” (1 Reis 18:21).
Elias continuou: “Eu sou o único que restou dos profetas do Senhor, mas Baal tem quatrocentos e cinquenta profetas. Tragam dois novilhos. Escolham eles um, e cortem-no em pedaços e o ponham sobre a lenha, mas não acendam fogo. Eu prepararei o outro novilho e o colocarei sobre a lenha, e também não acenderei fogo nela. Então vocês invocarão o nome do seu deus, e eu invocarei o nome do Senhor. O deus que responder por meio do fogo, esse é Deus” (1 Reis 18:22-24).
“Ótimo! Justo!”, gritou o povo, curioso e interessado em testemunhar o duelo entre os deuses. “Elias disse aos profetas de Baal: ‘Escolham um dos novilhos e preparem-no primeiro, visto que vocês são tantos. Clamem pelo nome do seu deus, mas não acendam o fogo’”.
Ansiosos para provar a supremacia de Baal, seus profetas prepararam o novilho no altar e começaram a clamar: “Ó Baal, responde-nos!” Nada aconteceu. Dançaram ao redor do altar, gritando: “Baal, responde!”, mas ninguém respondeu (1 Reis 18:25,26).
Desvairados, passaram a manhã toda dançando e bradando. “Ao meio-dia Elias começou a zombar deles. ‘Gritem mais alto!’, dizia, já que ele é um deus. Quem sabe está meditando, ou ocupado, ou viajando. Talvez esteja dormindo e precise ser despertado.’ Então passaram a gritar ainda mais alto e a ferir-se com espadas e lanças, de acordo com o costume deles, até sangrarem. Passou o meio-dia, e eles continuaram profetizando em transe até a hora do sacrifício da tarde. Mas não houve resposta alguma; ninguém respondeu, ninguém deu atenção” (1 Reis 18:27-29).
Então Elias falou ao povo exausto, pois o espetáculo durara o dia inteiro. “‘Aproximem-se de mim’. O povo aproximou-se, e Elias reparou o altar do Senhor, que estava em ruínas. Depois apanhou doze pedras, uma para cada tribo dos descendentes de Jacó. Com as pedras construiu um altar em honra do nome do Senhor, e cavou ao redor do altar uma valeta. Depois arrumou a lenha, cortou o novilho em pedaços e o pôs sobre a lenha” (1 Reis 18:30-33).
Surpreendendo a todos, Elias ordenou: “‘Encham de água quatro jarras grandes e derramem-na sobre o holocausto e sobre a lenha’. A água foi derramada. ‘Ele acha que isso vai pegar fogo?’, murmuravam. Elias ignorou: ‘Repitam’. E repetiram três vezes. A água encharcou o altar e encheu o rego” (1 Reis 18:33–35). Tudo estava tão molhado que ninguém poderia acusar Elias de fraude. Se o fogo consumisse a oferta, indubitavelmente seria obra do Senhor.
Um silêncio caiu sobre a multidão quando Elias orou: “Ó Senhor, Deus de Abraão, de Isaque e de Israel, que hoje fique conhecido que tu és Deus em Israel e que sou o teu servo e que fiz todas estas coisas por ordem tua. Responde-me, ó Senhor, responde-me, para que este povo saiba que tu, ó Senhor, és Deus, e que fazes o coração deles voltar para ti” (1 Reis 18:36,37).
Ele mal terminou de orar e viu-se um clarão vindo do céu, e “o fogo do Senhor caiu e queimou completamente o holocausto, a lenha, as pedras e o chão, e também secou totalmente a água na valeta. Quando o povo viu isso, todos caíram prostrados e gritaram: ‘O Senhor é Deus! O Senhor é Deus!’” (1 Reis 18:38,39). Após a grande vitória sobre os falsos profetas e o arrependimento do povo, a chuva voltou a cair pondo fim ao período de seca (1 Reis 18:41-46).
Elias é um dos profetas mais marcantes da Bíblia, citado várias vezes no Novo Testamento. João Batista foi chamado de “Elias” por ter vindo no “espírito e poder” dele, preparando o caminho para o Senhor (Mateus 11:14; Lucas 1:17). Elias também apareceu na transfiguração de Jesus, ao lado de Moisés, e juntos conversaram com Ele (Marcos 9:2–7).
A epístola de Tiago destaca Elias como exemplo de oração pois “era humano como nós”, e “orou fervorosamente para que não chovesse”, e depois orou pela chuva, e foi atendido (Tiago 5:17,18). “A oração de um justo é poderosa e eficaz” (Tiago 5:16).
De um artigo no livro Tesouros, publicado por A Família Internacional em 1987. Adaptado e republicado em maio de 2025.
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