A Dádiva de Falhar
Uma compilação
Aprendendo com nossas experiências
Algumas vezes, Deus usa os desapontamentos para nos aproximar mais de Si, ou para nos ensinar a ter paciência e confiar. Outras vezes, Ele usa isso para nos redirecionar e colocar no caminho da Sua vontade. Não deixe uma falha ou desapontamento separá-lo de Deus ou fazê-lo perder esperança para o futuro. Normalmente, quando Deus fecha uma porta, Ele oferece outra, mas precisamos buscar.
O apóstolo Paulo disse: “Já aprendi a contentar-me com o que tenho.”[1] Ele escreveu isso enquanto preso, com seus planos interrompidos e o futuro incerto. Ele só pode fazer tal declaração porque aprendeu a considerar desapontamentos e fracassos a partir da perspectiva de Deus, e a confiar nEle para o seu futuro. Que isso possa ser realidade na nossa vida.
Ao enfrentar adversidades, tome posse da oração do Salmista: “Mostra-me, Senhor, os teus caminhos, ensina-me as tuas veredas.”[2]—Billy Graham
Falhar é uma bênção
É fato que todos falham em algum momento. O mais importante é não desistir, é estar disposto a aprender, melhorar e crescer a partir das situações. Muitas vezes, o fracasso é um momento de definição, uma encruzilhada na jornada da sua vida. Serve de teste para avaliar sua coragem, perseverança, compromisso e dedicação. Você é um fingido, que desiste depois de uma pequena adversidade, ou um batalhador que sempre se levanta, não importa quantas vezes seja jogado no chão?
Falhar nos oferece uma grande oportunidade de decidir quão importante algo é para nós. Vamos desistir? Ou vamos ficar mais firmes, mais comprometidos, trabalhar com mais afinco, aprender e melhorar? … Por outro lado, às vezes, falhar nos faz trilhar um caminho diferente que, no final das contas, será o melhor. ... Às vezes, é preciso errar a meta para chegar ao destino. Falhar pode nos ajudar a perceber que, na realidade, desejamos outra coisa.
Não importa o caminho que trilhe, você sempre vai passar por situações humilhantes que contribuirão para a formação de caráter, lhe darão perspectiva, aumentarão a sua fé, e o farão dar valor ao sucesso quando o alcançar. Sem falhar não é possível se tornar o tipo de pessoa que, em última análise, alcança o sucesso.
Por isso, da próxima vez que falhar, não deixe isso impedi-lo de viver a vida para a qual foi criado, e de forjar o futuro que cabe a você forjar. Considere cada prova um aprendizado, um desvio na rota rumo a um melhor resultado, um acontecimento que vai fazer de você uma melhor pessoa.
Falhas não são finais e fatais. Elas não nos definem como pessoas. Elas nos lapidam para podermos cumprir o propósito para o qual fomos criados.
Quando consideramos a falha uma bênção, em vez de uma maldição, ela se transforma em degrau que leva ao tesouro, que é o sucesso.—Jon Gordon[3]
Grandes mancadas de homens de Deus
Será que o ministério de Elias foi derrotado quando ele fugiu de Jezabel depois de conquistar uma grande vitória no Monte Carmelo? Por acaso toda a sua valentia perdeu valor diante da sua covardia no deserto? Depois de matar centenas de falsos profetas, lá estava ele, fugindo de uma simples mulher. Imagine a cena! O grandioso, valente e majestoso profeta, superior a todos em termos de força e poder de Deus lá no Monte Carmelo, invocando fogo do céu, subitamente estava fugindo da rainha Jezabel. Ali estava o profeta de Deus, com medo de uma mulher! Será que isso não jogou por terra todo o seu ministério ou enfraqueceu o seu testemunho? Não teria sido evidência, no final das contas, de que ele não era um grande profeta? E não o fez perder seguidores? Ou será que Deus queria lhe mostrar algo que faria dele um melhor profeta, mais humilde, que voltaria sem medo do rei, muito menos da rainha?
Depois de descobrir que Deus não estava apenas no fogo, trovão e terremoto, Elias, um homem explosivo, se tornou um manso condutor da vozinha mansa e delicada de Deus.[4] Ele tinha sido ótimo pregando destruição e juízo, agora estava aprendendo o lento e paciente processo de alimentar e orientar as ovelhas.
Será que não foi uma vergonha e um golpe terrível contra a causa de Deus o grande profeta Jeremias ser pendurado em um tronco para seus irmãos de fé poderem cuspir no seu rosto, ou ser enterrado na lama até os ombros por seus inimigos, e só conseguir escapar à surdina com a ajuda de seu querido amigo, Ebede? E o escândalo maior não teria sido, por acaso, ele ser preso como traidor e criminoso, infiel à nação e ao seu próprio povo?[5] Não para Deus! Tudo foi parte do Seu plano para manter Jeremias humilde, próximo ao Senhor, e completamente dependente dEle.
Será que Deus cometeu um erro? Ou será que estava tentando mostrar que pode usar qualquer pessoa, até mesmo você, dando exemplos tão encorajadores de pessoas “fracassadas, mas bem sucedidas”, fabulosos fracassos, desligados ousados, pessoas que se atreveram a confiar em Deus apesar de si mesmas e deram a Ele toda a glória, porque sabiam que tinha que ser obra dEle!—David Brandt Berg
Olhando além dos erros e falhas
A estrada que leva ao fracasso, geralmente é pavimentada com boas intenções. No final desse caminho, depois de esgotarmos todos os nossos recursos, então encontramos a abundante graça de Deus.
Pedro falhou a Jesus diversas vezes, por melhores que fossem suas intenções. Na Última Ceia, Jesus Se ofereceu para lavar seus pés, mas o apóstolo protestou: “Você jamais vai lavar meus pés”. Jesus respondeu, “Se eu não o fizer, você não tem parte Comigo.” Rapidamente, Pedro mudou de opinião, dizendo: “Então, Senhor, não só meus pés, mas também minhas mãos e minha cabeça.”
Pouco depois desse acontecimento, Jesus disse aos discípulos que todos eles o deixariam, por causa da Sua situação. Pedro, sem papas na língua, como sempre, respondeu: “Ainda que todos te abandonem, eu nunca te abandonarei!"[6] Jesus então avisa que naquela mesma noite, antes do galo cantar, ele O terá negado três vezes.
No Jardim do Getsêmani, apesar de Jesus pedir repetidamente a Pedro que O acompanhasse em oração, este dormiu, por conta do grande cansaço que sentia. E quando os soldados chegaram, ele não estava preparado. Na tentativa de proteger Jesus, Pedro impensadamente desembainhou a espada e cortou fora a orelha de Malcom, um dos soldados. Por não ter orado, faltou-lhe autocontrole. Jesus o censurou e Pedro não pediu desculpas pelo seu ato. E também não continuou leal, cumprindo assim o que Jesus dissera, que ele O negaria três vezes em uma noite.
Se não vivermos em oração, estaremos despreparados para lidar com imprevistos, conflitos, e tragédias. A maioria de nós, em algum momento, pode se identificar com os erros e falhas de Pedro. Achamos, erroneamente, que temos condições de viver por Cristo por mérito próprio, e descobrimos que não temos. No caso de Pedro, que ficou desolado, Jesus não o abandonou. Ele ensinou e reiterou um princípio que devemos ter arraigado no nosso coração: Jesus só consegue atuar por meio de nós na medida em que Lhe permitimos. “Se eu não lavar seus pés, você não tem parte Comigo.”
No caso de Pedro, recuperar-se não significava tornar-se perfeito, mas sim reconhecer a sua condição e avaliar-se de maneira realista. Ele é acolhido de volta não por valor próprio, mas por razão de seu quebrantamento de coração. Nós ingressamos na vontade de Deus ao reconhecermos nosso amor por Cristo. Somos amados para amarmos; fortalecidos para fortalecermos; e é por meio do poder de Cristo que deixamos os erros e falhas para trás. ...Erros e falhas nos ensinam que, quando somos infiéis, Cristo permanece fiel.—Charles Price
O processo de formação da alma
Sabemos que caráter e força moral se adquire através de dificuldades, superação de obstáculos e persistência diante das adversidades. Por exemplo, seria impossível existir coragem se não existisse sofrimento. O apóstolo Paulo deu testemunho da obra de lapidação que o sofrimento realiza. Ele disse: “O sofrimento produz perseverança; a perseverança caráter; e o caráter, esperança”.
Devemos admitir que aprendemos por meio dos erros que cometemos e do sofrimento que nos causam. O universo é uma máquina que auxilia no processo da formação da alma. E parte desse processo envolve aprender, amadurecer, e crescer através das dificuldades, desafios, e experiências dolorosas. A nossa vida neste mundo não é por conforto, mas para capacitação e preparação para a eternidade. A Bíblia nos diz que até Jesus “aprendeu obediência por aquilo que padeceu”. E se foi assim com Ele, por que esse princípio não se aplicaria ainda mais a nós?—Peter Kreeft[7]
*
É preciso muita fé para encarar aparentes derrotas e fracassos em alguns aspectos e continuar firme na Minha Palavra e nas promessas que lhe fiz. Às vezes, sente-se cansado, exausto, desencorajado e não consegue ver a vitória ou o potencial para a vitória. Praticamente todo grande homem ou mulher de fé no decorrer das eras passou por isso, às vezes por muitos anos, até morrer. No entanto, não importa a duração da batalha, viver por Mim e apegar-se à sua fé é a vitória.
Como acha que se sentiram os mártires no Coliseu em Roma? Minhas promessas devem ter parecido um grande fracasso diante daquelas situações. No entanto, os mártires ganharam algumas das maiores vitórias de todas as eras simplesmente por terem permanecido humildes e fieis até o final.[8]
Muitas vezes você pode se sentir derrotado, mas o seu compromisso Comigo, mesmo quando tudo parece perdido, contrário à lógica e não parece fazer sentido, é a maior vitória que existe.—Jesus, falando em profecia
*
Siga acreditando, nunca desista! Siga acreditando, não fique desanimado! Siga acreditando, não se entregue. Continue agarrando-se às promessas de Deus. Continue firmando-se nas promessas, e, faça o que fizer, siga em frente por Jesus.
Nunca pare, nunca desista! Não perca a esperança. Não perca a fé só porque acha que perdeu o último ônibus. Espere no Senhor um pouco mais e Ele enviará outro ônibus, outra oportunidade, outra chance.
Se quiser mesmo a vontade de Deus, Ele certamente lhe dará outra oportunidade, enviará outro ônibus para pegá-lo e levantar seu espírito, encorajá-lo, inspirá-lo, fortalecê-lo, curá-lo e transportá-lo no poder do Seu Espírito para a gloriosa vitória de seu destino celestial. Continue acreditando!—David Brandt Berg
Publicado no Âncora em outubro 2014.
Tradução Hebe Rondon Flandoli. Revisão Denise Oliveira.
[1] Filipenses 4:11 NVI.
[2] Salmo 25:4 NVI.
[3] Cortesia de Guideposts. Para ver o artigo na sua íntegra, veja: http://www.guideposts.org/inspiration/inspirational-stories/motivational-stories/the-gift-of-failure.
[4] 1 Reis 19:11–13.
[5] Jeremias 20:2, 38:6–13, 37:11–15.
[6] Mateus 26:33 NVI.
[7] Segundo citado por Lee Strobel em The Case for Faith (Zondervan, 2000), em tradução livre.
[8] Romanos 8:36–37.
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