Deus Vê o Indivíduo

Outubro 21, 2013

Peter Amsterdam

A perspectiva que um cristão tem do mundo permite julgar moralmente grupos de pessoas? Será que podemos rotular uma nação ou um grupo de pessoas como malignos ou anti-Deus e incluir toda a população dessa nação ou cultura?

No caso de calamidades ou desastres naturais, será que poderíamos fazer um julgamento genérico sobre cada vítima?

E o antigo questionamento da razão de catástrofes, sofrimento, e por que Deus permite dor, pesares e miséria no mundo? Será que devemos responder julgando?

Julgar severamente as pessoas foi um aspecto mínimo da mensagem de Jesus. Ele ofereceu amor e misericórdia, algo que Ele disse os religiosos perderam ao tentar cumprir a lei[1]. Ele disse ao povo para amar seus inimigos, abençoar os que os amaldiçoavam e fazer bem aos que os odiavam[2]. Ele disse “não julgueis para que não sejais julgados.”[3] Ensinou que “não veio para destruir vidas, mas salvá-las.”[4]

Vejamos nestes trechos como Jesus respondeu quando Lhe fizeram perguntas ou Ele estava diante de situações em que era preciso julgar as pessoas.

 

Naquele mesmo tempo estavam presentes alguns que lhe falavam dos galileus cujo sangue Pilatos misturara com os sacrifícios que aqueles realizavam. Respondeu-lhes Jesus: “Pensais vós que esses galileus foram mais pecadores do que todos os galileus, por terem padecido tais coisas? Não, vos digo! Antes, se não vos arrependerdes, todos de igual modo perecereis. Ou aqueles dezoito, sobre os quais caiu a torre de Siloé e os matou, pensais que foram mais culpados do que todos os outros habitantes de Jerusalém? Não, vos digo! Antes, se não vos arrependerdes, todos de igual modo perecereis.”[5]

Completando-se os dias para sua assunção, Jesus manifestou o firme propósito de ir para Jerusalém. Mandou mensageiros adiante de si, os quais entraram numa aldeia de samaritanos, para lhe prepararem pousada; mas não o receberam, porque viram que ele ia para Jerusalém. Os discípulos Tiago e João, vendo isto, perguntaram: Senhor, queres que mandemos que desça fogo do céu e os consuma?” Mas Jesus voltou-se, repreendeu-os, e disse: Vós não sabeis de que espírito sois, pois o Filho do homem não veio para destruir as almas dos homens, mas para salvá-las.”[6]

 

Jesus disse que não veio julgar o mundo, mas salvá-lo[7]. Só Deus pode julgar nações, e só Ele sabe por que certas coisas acontecem com o povo de um país e não de outro. Paulo até disse que os juízos de Deus são “insondáveis, e Seus caminhos inescrutáveis! Quem compreendeu a mente do Senhor? Ou quem foi o seu conselheiro?”[8]

Não é nosso trabalho nem vocação como cristãos determinar quem é culpado e pecador, ou discernir se os sofrimentos de um povo se devem a este ou àquele pecado. Não cabe a nós fazer julgamentos genéricos sobre as pessoas, pois cada uma prestará contas a Deus individualmente. Ele trata as pessoas no ponto em que se encontram e age em seus corações e vidas de acordo. Cada pessoa que for salva irá diante de Deus, ou no Grande Julgamento do Trono Branco, ou no tribunal de Cristo.[9]

Sabemos que Deus é amor e não quer que nenhum se perca. Ele ama cada homem, mulher e criança, não importa quem são, onde vivem, a cor de sua pele, o que seus ascendentes fizeram ou deixaram de fazer, e no que acreditam ou deixam de acreditar. Ele ama a todos mesmo assim, ainda que sejam depravados ou vivam nas trevas espiritualmente. O cristianismo é tão lindo justamente por causa disso, porque o amor de Deus nos incita a amar a todos e levar a Sua verdade e amor para o máximo de pessoas possível.

Deus olha individualmente. Cada pessoa é ímpar, criada à Sua semelhança, e Ele a ama como se fosse única. Jesus morreu por cada pessoa, para salvá-la. Ele ama e cuida de todos, até mesmo dos que não O conhecem ou receberam, ou inclusive O rejeitaram.

Ele não culpa toda a população de um país pelos males e problemas locais. Uma nação pode prestar contas pelas guerras que fomentou ou sua política externa, ou por ter maltratado as minorias, mas quando falamos de pessoas, elas não podem ser responsabilizadas pelas decisões do governo ou de poderosos lobistas e políticos. Na realidade, muita gente não concorda com as políticas do governo ou nem sabe direito o que o governo faz, ou não têm o poder político para resistir às políticas com as quais não concordam. Existe uma vasta gama de pessoas, e de perspectivas bem diferentes.

Em todo lugar do planeta existem pessoas que precisam de Jesus e Seu amor, solitárias, perdidas, infelizes e em busca de respostas. Em alguns casos, o governo pode estar mal orientado, falido moralmente, ser corrupto ou maligno, mas a população toda não tem culpa. Seria injusto rotular cada cidadão com base no governo ou nas “potestades” (autoridades).

Não importa com quem tenhamos contato, se a pessoa estiver ou não interessada em Jesus, todos merecem sentir um toque do amor e do Espírito de Jesus. Não só por causa de quem são — homens e mulheres como nós, parte do mundo que Deus amou tanto que enviou o Seu Filho para morrer por elas — mas também por sermos cristãos, embaixadores do reino de Deus, discípulos de Jesus que deveriam ser conhecidos pelo seu amor.

O nosso propósito principal é levar as Boas Novas da salvação e o amor de Deus ao máximo de pessoas possível, enquanto possível, vivendo esse amor e o compartilhando com outros.

 

O amor a todos conquista, e para cativar alguns você precisa ser cativante e estar disposto a se tornar tudo para todos para que possa ganhar alguns. O amor ama o difícil de amar e lança um véu sobre inumeráveis pecados![10]

Deixem‑me enfatizar aqui que o requisito preeminente...  para qualquer pessoa na Revolução [por Jesus] — deveria ser a mesma paixão arrebatadora que motivou o apóstolo Paulo e todos os apóstolos, todos os mártires e todo grande homem e mulher de Deus. — Na realidade aquela compaixão irresistível que deveria motivar todo filho de Deus em tudo o que faz e diz, e onde quer que vá, com todas as pessoas, e que aquele grande e fanático apóstolo resumiu nestas poucas e ressonantes palavras que bradaram do fundo do coração de cada verdadeiro cristão em toda a boa ação que tenha feito, e pela qual ele na verdade está disposto a morrer: O amor de Cristo nos constrange!”[11]David Brandt Berg[12]

 

Publicado originalmente em agosto de 2010. Adaptado e republicado em outubro de 2013. Tradução Denise Oliveira. Revisão Hebe Rondon Flandoli.


[1] Mateus 23:23.

[2] Mateus 5:44.

[3] Mateus 7:1.

[4] Lucas 9:56.

[5] Lucas 13:1–5 NVI.

[6] Lucas 9:51–56 NVI.

[7] João 12:47.

[8] Romanos 11:33–34.

[9] Apocalipse 20:11; 2 Coríntios 5:10.

[10] 1 Coríntios 9:22.

[11] 2 Coríntios 5:14.

[12] Publicado originalmente em janeiro de 1972.

 

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