Abril 12, 2013
O propósito da oração é realizar a vontade de Deus. Deus é um estranho na Sua própria dimensão! Ninguém é mais caluniado do que Ele. Ele vem aos Seus e eles O deixam do lado de fora da porta, como um estranho que chega à noite com o cajado na mão, enquanto O observam desconfiados por uma frestinha na porta.
Alguns de nós evitamos entregar nossa vida totalmente a Deus. E se a verdadeira razão fosse revelada ficaria claro que é porque temos medo de Deus. Tememos que Ele coloque algo amargo no copo, ou um empecilho no nosso caminho. E sem dúvida temos medo de Deus porque não O conhecemos. A grande oração que Jesus fez do fundo do coração naquela última noite com os onze foi, “que eles possam Te conhecer, o único Deus verdadeiro, e Jesus Cristo que enviaste.”
Para entender a vontade de Deus devemos entender em parte o Seu caráter. Vou relacionar cinco palavras usadas no dia a dia que mostram um pouco como Deus é. São palavras comuns de uso constante.
A primeira palavra é pai. “Pai” representa força, força amorosa. Um pai planeja e supre, ele protege os que ama. ...Se pensar no melhor pai que já ouviu falar... pense nele agora. Depois lembre-se que Deus é um pai, só que Ele é muito melhor do que o melhor pai do qual você já ouviu falar. E a vontade dEle para a sua vida, e não me refiro ao Céu ou às nossas almas no momento, o que Ele deseja para a sua vida aqui, hoje, é o mesmo que um pai deseja para o seu amado filho.
A segunda palavra é mais virtuosa, porque a mulher é mais virtuosa do que o homem, e dessa maneira foi criada. Então, a segunda palavra é mais fina que a primeira, é a palavra mãe. Se pai representa força, mãe representa amor – grande amor, paciente, terno, firme, e perene. A mãe faz qualquer coisa pelo filho amado! E como é típico dela, desceu ao vale da sombra da morte para dar vida, e o fez com prazer, com a luz do amor brilhando em seus olhos. Sim, e faria novamente, para que a vida permaneça. Assim é uma mãe. Pense na melhor mãe que já conheceu. Para mim isso evoca lembranças sagradas. Depois se lembre do seguinte: Deus é uma mãe, só que Ele é uma mãe muito melhor do que a melhor mãe que você já conheceu.
As Escrituras fazem numerosas referências a Deus como uma mãe. “Debaixo das Suas asas”, isso evoca a imagem de uma mãe. O pássaro recolhe seus filhotes debaixo das asas para protegê-los e aquecê-los com o calor do seu corpo. Na Bíblia, a palavra mãe não é usada em referência a Deus. Eu acho que isso ocorre porque Deus “pai” inclui “mãe”. Com Deus, toda a força do pai e todo o doce amor da mãe se juntam na palavra “pai”. E a Sua vontade para nós é como a vontade de uma mãe, de uma mãe sábia e amorosa pelo seu queridinho.
A terceira palavra é amigo. Não é amigo no sentido mais frouxo. Existe certa flexibilidade no uso dessa palavra referindo-se a conhecidos. Eu estou falando da palavra amigo no seu sentido mais amplo e nobre. Nesse caso, um amigo é aquele que o ama só por amar, de maneira incondicional e constante, sem esperar retribuição. ...Se você tem um ou dois amigos de verdade, você é uma pessoa rica. Se parar um momento para pensar no melhor amigo que já existiu, lembre-se que Deus é um amigo. Só que Ele é um amigo muito melhor do que o melhor amigo que você já conheceu. E o plano que Ele esquematizou para a sua vida está de acordo com o sentido pleno dessa palavra.
A quarta palavra, que até hesito em usar, mas tenho certeza que não devo, pois a hesitação se deve ao fato de ela ser usada levianamente, de maneira frívola, até mesmo entre pessoas boas. Estou me referindo àquela rara palavra, amante – quando duas pessoas se conhecem e o contato se aprofunda e se torna uma amizade que a transforma em uma emoção sagrada, uma amizade que é como uma virtude. Você faria qualquer coisa por ela! Ela se torna o centro da sua existência; a pessoa chega a idolatrar, no bom sentido, o local onde ela pisa. E ela deixará a riqueza pela pobre para poder estar na companhia do outro. Deixará casa e amigos, e irá até os confins da terra se o amigo para lá precisar ir. Pense na pessoa mais amada, homem ou mulher, que já conheceu. E então lembre-se disso, vou dizer em um tom doce e reverente: Deus é um amante. Direi em um tom ainda mais reverente, ele é um doce amante. Só que Ele é muito melhor do que o melhor amante que você já conheceu. E a Sua vontade, o Seu plano para a sua vida e a minha – e até falo de uma maneira mais compenetrada – é o de um amante para aquele que lhe é mais querido.
A quinta palavra é como a quarta, mas ainda melhor, um passo além e acima, é a palavra marido. É a palavra masculina para a relação mais sagrada na face da terra. É a relação amante no nível da perfeição. …Para Deus, o marido é um amante de categoria superior. Ele é em tudo igual ao melhor amante, e mais... mais terno, mais ardoroso, mais atencioso. Duas vidas se unem e inicia-se uma vida em comum. Duas vontades que formam uma; duas pessoas com um só propósito. É a dualidade na unidade. Pare um momento para pensar no melhor marido que já ouviu falar. E então lembre-se que Deus é um marido, só que muitíssimo mais atencioso do que qualquer marido que você já conheceu. E a Sua vontade para a sua vida é a de um marido por uma amiga e companheira.
Agora, por favor, não pegue nenhuma dessas palavras e diga, “gostei disso”, e outra pessoa diga, “gostei desse conceito de Deus”, e ainda outra expresse sua preferência. Como reduzimos Deus aos nossos limitados conceitos! Pegue as cinco palavras e pense no melhor significado de cada uma, depois junte todas para ter uma boa ideia de Deus. Ele é tudo isso e mais.
Deus engloba tanta coisa que é preciso diferentes tipos de relacionamento na terra para ter uma boa ideia do que Ele é. Deus é um pai, uma mãe, um amigo, um amado amante e um marido.
E a vontade de Deus para nós é segundo o plano de um Deus desse nível. Inclui corpo, saúde e forças; família e lar são importantes; dinheiro e negócios pesam; amizades, incluindo a vida toda, e o mundo dessas vidas. Deus pensou em tudo isso com muito amor e cuidado. ... Assim é Deus.
Resumido de Quiet Talks on Prayer de Samuel Dickey Gordon (Fleming H. Revell, 1904). Publicado no Âncora em abril de 2013.
Tradução Hebe Rondon Flandoli. Revisão Edson Campos.
Copyright © 2024 The Family International