Novembro 24, 2025
[The Effects of Christianity: Hospitals and Schools]
Desde o início do cristianismo, os cristãos sempre alcançaram o mundo e se tornaram conhecidos por serem uma força positiva na sua comunidade. Mesmo quando outros não abraçavam ou entendiam a fé cristã, ou quando os seguidores de Cristo eram perseguidos e difamados, e seus atos de bondade e boas obras reluziam diante dos homens e fizeram a diferença. Como o apóstolo Pedro disse na sua epístola: “Vivam boa vida entre os pagãos [incrédulos], para que… vejam as suas boas obras e glorifiquem a Deus no dia da intervenção divina” (1 Pedro 2:12).
Neste artigo sobre os efeitos do cristianismo, examinaremos seu impacto positivo no mundo, com a criação de hospitais e escolas.1
Nos três primeiros séculos após a morte e ressurreição de Jesus, sob constante perseguição, a única maneira que os cristãos conseguiam cuidar dos enfermos era levá-los para suas casas e tratá-los. Quando o cristianismo foi oficialmente reconhecido e passou a ser livremente praticado, em 324 d.C., seus adeptos puderam então oferecer cuidados institucionais aos doentes e moribundos. O Concílio da Niceia (325 d.C.) instruiu os bispos a estabelecerem casas de repouso em cada cidade que tivesse uma catedral. O objetivo não era somente tratar e cuidar dos enfermos, mas também prover abrigo para os pobres e para os peregrinos cristãos, em conformidade com os ensinamentos de Jesus:
“Necessitei de roupas, e vocês me vestiram; estive enfermo, e vocês cuidaram de mim; estive preso, e vocês me visitaram’. “Então os justos lhe responderão: ‘Senhor, quando te vimos com fome e te demos de comer, ou com sede e te demos de beber? Quando te vimos como estrangeiro e te acolhemos, ou necessitado de roupas e te vestimos? Quando te vimos enfermo ou preso e fomos te visitar?’ “O Rei responderá: ‘Digo-lhes a verdade: o que vocês fizeram a algum dos meus menores irmãos, a mim o fizeram’” (Mateus 25:36-40).
O apóstolo Pedro escreveu: “Sejam mutuamente hospitaleiros, sem reclamação” (1 Pedro 4:9), e o apóstolo Paulo orientou os líderes da igreja a agirem da mesma forma (1 Timóteo 3:2). Colocar essa virtude em prática significava abrir suas casas para estranhos e cristãos necessitados, incluindo cuidar dos enfermos e moribundos.
O primeiro hospital foi construído por São Basílio, na Cesareia, na Capadócia (Leste da Turquia), cerca de 369 d.C. O segundo foi erguido em uma província próxima, Edessa, em 375 d.C. No Ocidente, o primeiro hospital foi fundado em Roma, aproximadamente em 390 d.C. por Fabíola, uma nobre viúva associada de São Jerônimo, um importante professor no início do cristianismo. Ela fundou outro hospital em 398 d.C., cerca de 80 quilômetros do primeiro, a sudoeste de Roma. São Crisóstomo (347-407 d.C.), outro ancião na igreja primitiva, construiu hospitais em Constantinopla no final do século IV e início do V.
No século VI, os hospitais se tornaram parte integrante dos mosteiros. No século IX, durante o reinado do imperador romano Carlos Magno, vários outros foram construídos. Em meados do século XVI, existiam 37.000 mosteiros beneditinos que cuidavam dos doentes. A essa altura, já havia muitos hospitais na Europa.
Os cruzados, que lutaram oito guerras entre 1096 e 1291 para libertar a Terra Santa do domínio muçulmano, merecem um juízo severo pelos seus atos, mas devemos admitir que fizeram uma coisa certa: construíram hospitais na Palestina e em outros locais no Oriente Médio. Além disso, fundaram ordens de saúde dedicadas a cuidar de toda a população, independentemente de ser cristã ou muçulmana.
No início do século 19, havia apenas dois hospitais nos Estados Unidos, um dos quais fundado pelos Quakers, no início do século 18. Na segunda metade do século 19, muitos hospitais foram construídos, geralmente por igrejas locais. Muitos receberam o nome da denominação que os fundou, como Hospital Batista, Hospital Luterano, Hospital Metodista e Hospital Presbiteriano, ou em homenagem a santos, como São João, São Lucas, Santa Maria, etc.
Educação
Outra área influenciada pelo cristianismo foi a educação pública para todas as crianças. Ao contrário do que se vê hoje, as escolas públicas gratuitas não eram tão comuns. Até o século 16, a educação na Europa, especialmente em nível elementar, era oferecida pela Igreja Católica. Infelizmente, a taxa de alfabetização era baixa, pois poucas pessoas tinham acesso às escolas.
Martinho Lutero (1483–1546) defendia um sistema escolar estatal para crianças de ambos os sexos serem educadas na língua local nas escolas primárias e, a partir de então, também em latim.2 Seu colaborador, Philip Melancton (1497–1560), persuadiu as autoridades alemãs a criar o primeiro sistema de ensino público. Lutero também defendia que a frequência escolar fosse obrigatória e fiscalizada pelas autoridades civis. Com o tempo, a ideia se espalhou por outros países, e hoje o direto à educação é garantido por lei na maioria dos países. A Declaração Universal de Direitos Humanos inclui a educação como um direito fundamental do cidadão.
Educação para os surdos
O desenvolvimento da educação para surdos, com uma linguagem visual, deve muito a três cristãos: Abbé Charles, Michel de L'Épée, Thomas Gallaudet e Laurent Clerc.
L'Épée foi um sacerdote católico que desenvolveu uma linguagem de sinais para ensinar surdos em Paris, em 1775. Seu objetivo era que tivessem acesso à mensagem de Jesus.3 Thomas Gallaudet e Laurent Clerc levaram os métodos de L'Épée para os Estados Unidos.
Laurent Clerc, nascido em uma pequena aldeia perto de Lyon, na França, perdeu a audição quando tinha um ano de idade. Frequentou o Instituto Nacional para Crianças Surdas de Paris, onde posteriormente passou a ensinar.
Thomas Gallaudet, um religioso que queria ajudar os surdos, frequentou a escola onde Clerc ensinava para aprender a linguagem de sinais. Os dois foram juntos aos Estados Unidos para fundar a primeira escola para surdos naquele país. Antes de retornar à Europa para aprender mais sobre o trabalho com os surdos, Gallaudet disse a uma menina surda: “Espero voltar para lhe ensinar muito sobre a Bíblia, sobre Deus e sobre Cristo”. Os dois homens fundaram uma escola para surdos em 1817. Em 1864, o filho de Gallaudet fundou a primeira faculdade para surdos, que mais tarde se tornou a Universidade Gallaudet, em Washington, D.C.
Não se sabe muito sobre o cuidado com os cegos nos primeiros séculos após a morte e ressurreição de Jesus. No século IV, os cristãos já mantinham algumas instituições para cegos. Em 630, um centro foi construído em Jerusalém. No século 13, Louis IX (São Luís) fundou uma casa de acolhimento para cegos em Paris.
Em 1830, Louis Braille, um dedicado cristão francês que perdera a visão na infância, desenvolveu um sistema de escrita e leitura tátil para pessoas cegas. Braille adaptou um código de pontos em alto relevo que os militares usavam para ler mensagens no escuro. A partir dessa ideia, desenvolveu seu próprio sistema tátil. Em seu leito de morte, disse: “Estou convencido de que minha missão na terra terminou; provei ontem o prazer supremo; Deus permitiu-me a alegria de ver o esplendor da esperança eterna”.4
Universidades
É consenso que a universidade mais antiga ainda em funcionamento na Europa é a Universidade de Bolonha, na Itália, fundada em 1088, especializada em Direito Canônico (a lei da igreja). Depois dela foi fundada a Universidade de Paris, por volta de 1200. Originalmente voltada para a Teologia, em 1270 acrescentou o estudo da Medicina.
A Universidade de Bolonha estabeleceu um modelo que inspirou instituições semelhantes na Itália, Espanha, Escócia, Suécia e Polônia. Já o modelo da Universidade de Paris influenciou Oxford e as universidades em Portugal, Alemanha e Áustria. A Emmanuel College, uma faculdade cristã britânica da Universidade de Cambridge, deu origem à Universidade de Harvard, nos Estados Unidos.5
A Universidade de Harvard, uma das mais prestigiosas dos EUA, foi criada para formar ministros religiosos. Seu lema original era (em latim) Verdade para Cristo e para a Igreja. Foi fundada pela Igreja Congregacional. Outras universidades de elite americanas também foram criadas por denominações cristãs, como a Yale (congregacional), Northwestern (metodista), Columbia (episcopal), Princeton (presbiteriana) e Brown (batista).
Fica evidente, portanto, a importante função desempenhada pelo cristianismo na história e desenvolvimento de instituições de saúde e educação, contribuindo para a construção de um mundo melhor, como ainda acontece até o dia de hoje. Deus chamou os cristãos de todas as eras para serem a “luz do mundo”: “Brilhe a luz de vocês diante dos homens, para que vejam as suas boas obras e glorifiquem ao Pai de vocês, que está nos céus” (Mateus 5:14-16). Na nossa campanha de evangelização, oferecendo assistência espiritual, física, ou ambas às pessoas que o Senhor coloca no nosso caminho, cumprimos nossa missão de levar o amor de Deus e melhorar vidas. Dessa forma, nosso testemunho e nossas obras brilham como a Sua luz, nos tornando como uma “cidade construída sobre um monte”, atraindo outros para Ele (Mateus 5:14).
Publicado originalmente em abril de 2019. Adaptado e republicado em novembro de 2025.
1 Alguns trechos deste artigos são do livro How Christianity Changed the World, de Alvin J. Schmidt (Grand Rapids: Zondervan, 2004).
2 Martin Luther, “Preface,” Small Catechism, in The Book of Concord, ed. Theodore G. Tappert (Philadelphia: Fortress Press, 1959), 338.
3 Harlan Lane, When the Mind Hears (New York: Random House, 1984), 58.
4 Etta DeGering, Seeing Fingers: The Story of Louis Braille (New York: David McKay, 1962), 110.
5 Schmidt, How Christianity Changed the World, 187
Copyright © 2025 The Family International