Julho 23, 2025
[The Story of Esther—Part 2]
Há cerca de 2.500 anos, o rei Assuero, da Medo- Pérsia, tomou a decisão irrefletida de promover Hamã (conhecido por ser inimigo do povo judeu) ao cargo de primeiro-ministro. Ele era descendente de Agague, rei dos amalequitas, derrotados por Saul (ver 1 Samuel 15) e inimigos implacáveis de Israel por séculos.
Hamã assumiu um cargo superior ao de todos os outros oficiais, que deveriam se curvar e prostrar diante dele, conforme as ordens do rei. Mas Mardoqueu, pai adotivo da rainha Ester, não se curvava a Hamã (Ester 3:1–3). Ele sabia que, apesar de sua alta posição, Hamã era cruel, ambicioso e inescrupuloso.
Alguns servos do rei alertaram Mardoqueu de que ele ia se meter em encrenca por desobedecer ao decreto do rei. Mas Mardoqueu respondeu: “Não posso! Não a ele; veja, sou judeu” (Ester 3:3–5). Dia após dia tentaram persuadi-lo, mas quando viram que ele não cederia, o denunciaram a Hamã.
Quando Hamã tomou conhecimento da atitude de Mardoqueu quanto ao decreto e da sua origem, viu a chance de destruir não só Mardoqueu, mas todo o povo judeu no reino (Ester 3:6). Para garantir o sucesso do plano, procurou os sacerdotes dos deuses pagãos para que lançassem sortes (o “pur”) para escolher, segundo sua superstição, a melhor data para a execução do plano de exterminar os judeus no Império Persa. Foi informado que o dia ideal seria 13 de março (Ester 3:7).
Hamã vendeu ao rei a ideia de que esse plano era do interesse dele e do reino. Sutil, evitou mencionar os judeus, dizendo: “Existe certo povo disperso e espalhado entre os povos de todas as províncias de teu império, cujos costumes são diferentes dos de todos os outros povos e que não obedecem às leis do rei; não convém ao rei tolerá-los. Se for do agrado do rei, que se decrete a destruição deles” (Ester 3:8,9).
Para evitar que o rei vetasse essa empreitada devido ao custo, Hamã ofereceu-se para pagar: “Colocarei trezentas e cinquenta toneladas de prata na tesouraria real à disposição para que se execute esse trabalho” (Ester 3:9). O rei confiava tanto no primeiro-ministro que tirou o seu anel-selo do dedo, deu para Hamã e disse: “Fique com a prata e faça com o povo o que você achar melhor” (Ester 3:10,11). Hamã não cabia em si de contente ao pensar no que faria a Mardoqueu.
Ele chamou os escribas para redigirem cartas que foram enviadas aos 127 governadores das províncias com a ordem de “exterminar e aniquilar completamente todos os judeus, jovens e idosos, mulheres e crianças, num único dia… e saquear os seus bens (Ester 3:12,13). Após enviar o decreto, Hamã e o rei sentaram-se para beber e brindar o fim dos “inimigos do império” (Ester 3:15).
Quando Mardoqueu soube do decreto, “rasgou as vestes, vestiu-se de pano de saco e cinzas, e saiu pela cidade, chorando amargamente”. Por toda a Pérsia, havia “grande pranto entre os judeus, com jejum, choro e lamento; muitos se deitavam em pano de saco e cinza” (Ester 4:1–3). Até a cidade de Susã ficou em tumulto, pois seus habitantes não compartilhavam do ódio de Hamã (Ester 3:15).
Ester não sabia o que havia acontecido, mas as criadas lhe contaram sobre o desespero de Mardoqueu. Ela ficou muito aflita, e enviou seu servo fiel, Hatá, para averiguar a situação.
Mardoqueu contou ao servo quanta prata Hamã tinha prometido depositar na tesouraria real para a destruição dos judeus e pediu a Ester que intercedesse junto ao rei em favor do seu povo (Ester 4:4–8). Ester respondeu que não poderia fazer tal coisa. “Qualquer homem ou mulher que se aproxime do rei no pátio interno sem por ele ser chamado será morto, a não ser que o rei estenda o cetro de ouro” (Ester 4:9–11).
Quando Mardoqueu recebeu a resposta de Ester, mandou dizer-lhe: “Não pense que pelo fato de estar no palácio do rei, de todos os judeus só você escapará, pois, se você ficar calada nesta hora, socorro e livramento surgirão de outra parte para os judeus, mas você e a família de seu pai morrerão. Quem sabe se não foi para um momento como este que você chegou à posição de rainha? (Ester 4:12–14).
Ester entendeu o plano de Deus e por que ela, uma simples órfã, se tornou rainha – era para ajudar a salvar o Seu povo. Sem dúvida chegara a essa posição para esse momento. Ester decidiu: “Irei falar com o rei, ainda que isso me custe a vida!”
Enviou seu criado a Mardoqueu com a resposta urgente: “Reúna todos os judeus que estão em Susã, e jejuem em meu favor durante três dias e três noites. Depois disso irei ao rei, ainda que seja contra a lei. Se eu tiver que morrer, morrerei” (Ester 4:15,16). Durante três dias, todos oraram fervorosamente para que Deus protegesse a rainha enquanto ela buscava a libertação dos Seus filhos.
No dia marcado, Ester orou fervorosamente por sabedoria para se aproximar do rei e dizer as palavras certas para que ele revogasse a ordem, pois sabia que os reis persas nunca alteravam seus decretos. De repente teve uma ideia! Chamou suas criadas e as instruiu a preparar um banquete especial em sua casa. Vestiu as vestes reais e entrou no pátio do palácio, esperando graciosamente pelo rei. Ao vê-la, o rei Assuero estendeu o cetro de ouro e disse: “Que há, rainha Ester? Qual é o seu pedido? Mesmo que seja a metade do reino, lhe será dado” (Ester 5:1–3).
Sabiamente, Ester fez um pedido simples que dificilmente o rei deixaria de atender: “Se for do agrado do rei, venha com Hamã a um banquete que lhe preparei”. O rei aceitou prontamente e enviou uma mensagem a Hamã dizendo que se apressasse em fazer o que a rainha pedira (Ester 5:4,5).
Naquela noite, durante o suntuoso banquete, o rei repetiu sua pergunta: “Certamente você tem um pedido. Pode pedir que eu lhe darei, até metade do meu reino lhe será concedido”. Ester respondeu: “Eu tenho um pedido, mas por enquanto só desejo que jantem comigo novamente amanhã. Então lhes direi”(Ester 5:6–8). O rei aquiesceu, e Hamã saiu exultante, mas ao passar pelo portão e ver Mardoqueu (que novamente não se curvou), encheu-se de fúria.
Apressando-se de volta à sua casa, contou à esposa e aos amigos os muitos favores que recebera do rei. “Fui o único convidado a acompanhar o rei ao banquete da rainha Ester”, exclamou. “E amanhã jantarei com eles novamente. Mas só ficarei satisfeito quando deixar de ver Mardoqueu sentado junto ao portão do rei” (Ester 5:9-13).
“Por que se preocupa tanto com ele?” perguntou-lhe Zeres, sua esposa, com um olhar de censura. “Por que não se livram dele de uma vez por todas?” Os amigos concordaram e sugeriram a Hamã que mandasse construir uma forca de mais de vinte metros de altura e assim fazer de Mardoqueu um espetáculo para o povo (Ester 5:14). Mal sabia Hamã como essa forca seria usada!
Naquela noite, o rei não conseguiu dormir, então ordenou que o livro das crônicas, onde estavam registrados os feitos memoráveis do seu reinado, fosse lido para ele. Aconteceu que o capítulo que o criado leu relatava a história dos dois traidores que tentaram assassinar o rei e como Mardoqueu descobriu a conspiração a tempo de salvar sua vida. “Que honra ou reconhecimento Mardoqueu recebeu por isso?”, indagou o rei. “Nada lhe foi feito até agora”, respondeu o servo (Ester 6:1-3).
No dia seguinte, enquanto o rei se indagava sobre o que fazer em favor de Mardoqueu, Hamã entrou no pátio interno do palácio para pedir o enforcamento de Mardoqueu. Quando o rei ouviu que ele estava no palácio, o chamou e perguntou: “Hamã, o que se deve fazer ao homem que o rei deseja homenagear?”.
Presumindo que o rei queria lhe conceder uma honra, Hamã sugeriu: “Ordena que tragam um manto do próprio rei e um cavalo que o rei montou, e que leve o brasão do rei na cabeça, e que um príncipe vá adiante dele gritando: ‘Isto é o que se faz ao homem que o rei tem prazer de honrar!’” (Ester 6:4–9). O rei concordou e ordenou: “Faça isso imediatamente com Mardoqueu, o judeu que está sentado junto ao portão do rei”. “Não Mardoqueu! – respondeu Hamã desesperado, mas não ousou desobedecer ao rei. Assim, aconteceu que Mardoqueu, vestido com as vestes do rei da Pérsia, foi conduzido pelas ruas em um desfile, com Hamã seu inimigo à frente proclamando o reconhecimento do rei. (Ester 6:10,11).
Quando Hamã contou à esposa e aos amigos o ocorrido, os conselheiros o alertaram: “Se Mardoqueu é judeu, seus planos contra ele jamais serão bem-sucedidos. Manter a oposição a ele pode ser fatal” (Ester 6:13). – Tanto sua esposa quanto os conselheiros de Hamã sentiam que o povo judeu estava sob a proteção de um poder superior.
Eles ainda estavam conversando, quando os servos do rei chegaram para escoltar Hamã ao banquete. Sem conseguir conter a curiosidade, o rei insistiu: “Qual é o seu pedido, rainha? Diga-me e será atendido”.
Corajosamente, Ester se dirigiu ao rei: “Se posso contar com o favor do rei, e se isto lhe agrada, poupe a minha vida e a vida do meu povo, pois fomos vendidos para a destruição!”" (Ester 7:1–4). Indignado, o rei perguntou: “Quem ousa fazer isso?” Ester apontou: “O adversário e inimigo é este perverso, Hamã!”.
O rei saiu enfurecido para o jardim do palácio, deixando Hamã sozinho com a rainha. Este começou a implorar desesperadamente por sua vida, suplicando sobre o assento onde Ester estava reclinada. Naquele instante o rei voltou e, ao ver Hamã, exclamou: “Chegaria ele ao cúmulo de violentar a rainha em minha própria casa?” (Ester 7:5-8).
Imediatamente, o rei chamou seus servos para prender Hamã. Enquanto o puxavam para fora, um dos servos contou ao rei sobre a forca que Hamã havia feito para Mardoqueu. O rei, furioso com a perfídia de Hamã, disse: “Enforquem-no nela”, e Hamã foi enforcado na mesma forca que havia construído para Mardoqueu (Ester 7:9,10).
Graças à corajosa intervenção de Ester, frustraram-se os planos malignos contra o seu povo. Após a morte de Hamã, Mardoqueu recebeu seu cargo e autoridade, garantindo assim a proteção dos judeus (Ester 8:1,2). Porém, o decreto de extermínio ainda estava em vigor e não podia ser revogado. Então o rei autorizou Ester e Mardoqueu a redigir um novo decreto, usar o selo real e enviá-lo a todas as províncias (Ester 8:3-8). Em cada província e em cada cidade, onde quer que chegasse o decreto do rei, havia alegria e júbilo entre os judeus (Ester 8:9–17).
Mardoqueu tornou-se uma figura proeminente e o segundo na hierarquia, depois do rei Assuero. Ele era muito estimado e foi muito amado pelo seu povo, pois trabalhava pelo bem-estar de todos (Ester 10:3). A fidelidade do homem que Deus escolheu e a obediência e coragem de Ester os colocaram no centro do poder, permitindo que o povo judeu e Jerusalém fossem restaurados em preparação para a vinda de Jesus Cristo, o Messias.
De um artigo do livro Tesouros, publicado por A Família Internacional em 1987. Adaptado e republicado em julho de 2025.
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