Dezembro 11, 2024
[Why Does the Bible Say That “God Dwells in Darkness”?]
Você sabia que este versículo aparece duas vezes na Bíblia? “Então Salomão disse: -- ‘O Senhor declarou que habitaria em trevas espessas’” (1Reis 8:12 e 2Crônicas 6:1). Na verdade, foi o mesmo evento, registrado duas vezes. Por quê? Imagino que por ser importante. Salomão anunciou isso durante uma celebração quando a arca da aliança foi colocada no lugar e a glória de Deus encheu o templo.
De início, o que Salomão anunciou em nome de Deus me pareceu estranho. Era como se alguém estivesse falando de outro assunto. Fiquei surpreso com a falta de qualquer ligação lógica entre a ocasião da celebração e a afirmação de que Deus estava em trevas.
Pesquisando o significado deste versículo, achei útil a explicação de Adam J. Walker, de que ninguém pode ver a plena glória de Deus diretamente, então, quando Deus está ao alcance do contato humano, Ele habita em trevas para que Sua glória não consuma aqueles que Ele ama.1
Refleti mais sobre esse conceito de Deus habitar nas trevas. Uma questão interessante é se a escuridão poderia ser uma espécie de convite. À primeira vista, essa ideia parece contraintuitiva. Mas um convite para quê? — Para a intimidade com Deus, claro!
Ao orar sobre isso, as Escrituras me vieram à mente com o convite de Mateus 6:6: “Mas, ao orar, entre no seu quarto e, fechada a porta, ore ao seu Pai, que está em secreto. E o seu Pai, que vê em secreto, lhe dará a recompensa”.
Talvez o contato pessoal com Deus tenha ocorrido em densas trevas, para que, entre outras coisas, ninguém perturbasse nosso relacionamento individual, o tempo que passamos a sós com Deus.
Moisés passou por algo semelhante: “Todo o povo presenciou os trovões, os relâmpagos, o som da trombeta e o monte fumegante; e o povo, observando, tremeu de medo e ficou de longe. Disseram a Moisés: — Fale-nos você, e ouviremos; porém não fale Deus conosco, para que não morramos. O povo estava de longe, em pé; Moisés, porém, se aproximou da nuvem escura onde Deus estava” (Êxodo 20:18-19,21).
O apóstolo Paulo foi transformado em um novo homem depois de três dias nas trevas, depois que Jesus apareceu na luz que ele viu durante a sua viagem para Damasco. (Ver Atos 9:1-19.)
Jesus morreu nas trevas pelos nossos pecados. “A partir do meio-dia, houve trevas sobre toda a terra até as três horas da tarde. E Jesus, clamando outra vez em alta voz, entregou o espírito” (Mateus 27:45, 50).
E Deus disse aos israelitas libertos: “Guardem o mês de abibe e celebrem a Páscoa do Senhor, seu Deus, porque, no mês de abibe, o Senhor, seu Deus, os tirou do Egito, de noite” (Deuteronômio 16:1). “Esta noite será dedicada ao Senhor, porque, nela, os tirou da terra do Egito. Esta é a noite do Senhor, que todos os filhos de Israel devem comemorar de geração em geração” (Êxodo 12:42 ).
Será que Deus decidiu tirar os judeus do Egito à noite porque é mais fácil viajar no deserto, já que não faz tanto calor como durante o dia? Ou Ele estava lhes mostrando uma metáfora ao usar a noite como símbolo?
Em minha vida e trabalho para o Senhor, tenho visto muitos acontecimentos incomuns, até mesmo milagres quando eram necessários. Comemorei e me diverti com outras pessoas. Eu me regozijei com as realizações do Senhor. Tudo isso foi uma experiência satisfatória para mim. Mas posso afirmar com certeza que esses momentos de alegria, embora agradáveis, não me ensinaram muita coisa.
O verdadeiro aprendizado e crescimento espiritual vieram durante momentos de escuridão. Dias em que, por exemplo, fiquei doente de repente e tive que ficar sozinho em quarentena. Foi então que vivi momentos em que fui inspirado ao ler a Bíblia por horas, sem correr para alguma atividade que normalmente estaria fazendo no meu dia a dia. Eu tinha muito tempo livre e podia passá-lo com Deus. Às vezes, era a única coisa que eu podia fazer.
Esses momentos, trancado no meu quarto para falar apenas com Deus, foram exatamente como entrar nas trevas. Digo trevas porque às vezes não era fácil ouvir e aceitar a correção de Deus no curso da minha vida. Mas valeu a pena o esforço. Foi durante esse tempo nas trevas que aprendi muito sobre minha vida espiritual e meu comportamento.
O que foi doloroso para o meu orgulho foi ao mesmo tempo uma dádiva para mim pessoalmente, à medida que cresci em força espiritual e no conhecimento do meu Salvador. Tenho certeza de que Deus permitiu meus fracassos, doenças e desventuras, no mínimo para que pudéssemos ficar juntos. Só nós dois.
Enquanto estava nas trevas, aprendi princípios importantes e grandes verdades. Em retrospectiva, sei que se não fosse por estes momentos de trevas, eu não teria conseguido passar também pela minha jornada de vida no futuro. Deus me deu tempo suficiente para que esse ensinamento penetrasse em minha alma e permanecesse lá para sempre. Eu formo a luz e crio as trevas; promovo a paz e crio os conflitos; eu, ó Senhor, faço todas estas coisas” (Isaías 45:7 ).
Agora que tenho uma doença crônica — uma espécie de trevas que eu não conhecia— além das coisas novas que descubro, também estou reaprendendo o que já aprendi. É claro que eu gostaria de atuar, me apresentar e, em geral, ser ativo, mas isso não é mais uma opção para mim. Entreguei minha vida a Jesus novamente. Coloquei meus desejos nas Suas mãos. Eu fiz isso uma vez. E então fiz de novo. E mais uma vez. E... Jesus é minha melhor e única opção.
No início, resisti a esse aprendizado. Mais tarde, quando me acalmei, fiz essa escolha mesmo sabendo que Ele me guiaria por trevas e pela noite. Sim, fiz isso conscientemente. Aqui está meu raciocínio:
A maioria de nós tem um mau pressentimento em relação à escuridão. Não me lembro de ter ouvido muitos sermões intitulados “Deus habita nas trevas”. As pessoas parecem evitar esse assunto. Apesar desta conotação negativa, foi nas trevas que aprendi que Deus é luz. Para alguns, isso pode parecer absurdo, mas é a verdade. Foram as trevas que me fizeram perceber a necessidade da Sua luz. A gratidão por Jesus surgiu assim em minha vida. Ele é a luz, e através dEle eu vejo e sou visto.
Nas trevas apreciei o brilho do tesouro que é a Palavra de Deus. As densas trevas me motivaram a procurar as promessas radiantes de Deus nas quais eu pudesse me apoiar e que me orientariam nas trevas deste mundo. Quando não conseguia ver nada à minha frente, aprendi a dar passos de fé.
No escuro, fui treinado para reconhecer a “voz mansa e delicada” de Deus que mudou minha perspectiva. Quando eu estava andando às apalpadelas, com medo de tropeçar em alguma coisa, comecei a apreciar e a agarrar-me firmemente à mão de Deus, que me dizia: “Não tema”.
“A mensagem que dele ouvimos e que anunciamos a vocês é esta: Deus é luz, e não há nele treva nenhuma” (1João 1:5).
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Muitas vezes andamos em trevas. Quem nunca sentiu as trevas da depressão ou da incerteza, do medo ou da tristeza? Nos momentos sombrios da vida, acredito que Deus está muito mais próximo do que podemos compreender. Naqueles momentos em que Ele parece distante, quando parece que estamos perdidos na escuridão, na verdade, Deus está conosco, perto o suficiente para O tocarmos se simplesmente estendermos a mão. …
Um fato interessante sobre a humanidade é que sempre esperamos que Deus entre em cena com relâmpagos e trovões que abalarão nossas almas. Mas Deus raramente age assim, acho que é porque Ele não é muito exibicionista. Deus adora entrar em cena silenciosamente, e até humildemente. Ele perscruta a cena do sofrimento humano com o coração carinhoso de um Pai e a graça e amabilidade de um cordeiro. Ele pode ser facilmente encontrado por aqueles que percebem que Ele está nas trevas, basta lembrar de olhar. Afinal, Ele veio à humanidade na forma de um bebê na pequena cidade de Belém. E naquela noite escura Ele foi encontrado por aqueles humildes o suficiente para O buscarem.—Adam J. Walker
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