A Luz no Final do Túnel

Outubro 9, 2024

Por Patricia Fortner

[Silver Linings]

Eu lembro que quando éramos crianças, nossa mãe sempre nos lembrava que “tem uma lista no final do túnel” e que devíamos “estar agradecidos pelas pequenas coisas”. Se reclamávamos do calor no verão, ela mencionava: “Pelo menos podemos nadar, né?”. Se queixávamos porque não teve sobremesa uma noite, ela dizia: “Vocês deveriam ficar agradecidos pelas vezes quando temos sobremesa depois do jantar!” Minha mãe queria nos ensinar a avaliar cada situação aparentemente “ruim” ou “triste” e encontrar algo para estarmos agradecidos ou felizes. Ela denominava este conceito de “ver a luz no final do túnel dos problemas”.

A frase “sempre há uma luz no final do túnel” é uma maneira de expressar otimismo, querendo com isso dizer que cada dificuldade ou situação triste tem um aspecto consolador ou mais auspicioso, ainda que não seja visível de imediato.

Percebi que, com o passar dos anos, consegui superar praticamente todo tipo de situações difíceis pelo fato de esse princípio de gratidão ter sido incutido em mim desde a infância.

Muitos homens e mulheres de Deus enfrentaram dificuldades ou circunstâncias difíceis e precisaram acreditar que existia um luz no final do túnel para conseguirem sobreviver. Por exemplo, no livro dos Atos, capítulo 16, lemos que Paulo e Silas pregavam o Evangelho e guiavam as pessoas à Cristo, na cidade de Filipos1. Alguns anciãos da cidade, que não concordavam com o que eles pregavam, incitaram a multidão à ira, que espancou os apóstolos e os jogou na prisão.

A multidão ajuntou-se contra Paulo e Silas, e os magistrados ordenaram que se lhes tirassem as roupas e fossem açoitados. Depois de serem severamente açoitados, foram lançados na prisão. O carcereiro recebeu instrução para vigiá-los com cuidado. Tendo recebido tais ordens, ele os lançou no cárcere interior e lhes prendeu os pés no tronco. Por volta da meia-noite, Paulo e Silas estavam orando e cantando hinos a Deus; os outros presos os ouviam. (Atos 16:22-25).

Paulo e Silas podiam ter passado aquele tempo na prisão reclamando e desejando estarem livres. Podiam ter desistido e amaldiçoado Deus por permitir que fossem açoitados e presos, do mesmo jeito que a esposa de Jó o aconselhou a fazer, quando ele estava à beira da morte (Jó 2:9). Mas em vez disso, Paulo e Silas passaram o tempo na prisão “orando e cantando hinos a Deus” (Atos 16:25). O Senhor os recompensou por louvarem permitindo um terremoto que abalou as paredes da prisão e abriu as portas.

De repente, houve um terremoto tão violento que os alicerces da prisão foram abalados. Imediatamente todas as portas se abriram, e as correntes de todos se soltaram (Atos 16:26).

Era a grande oportunidade deles! Podiam fugir! Não era isso que Deus tinha preparado para eles ao enviar aquele terremoto? Mas em vez de darem o fora, eles ficaram e disseram ao carcereiro: “Estamos todos aqui!” (Atos 16:28). 

Estar preso é uma experiência horrível, mas em vez de focarem na escuridão de suas circunstâncias, Paulo e Silas procuraram ver a luz no final do túnel. E ao serem capturados e presos, puderam pregar o Evangelho ao carcereiro e levaram a salvação a ele e sua família (Atos 16:31-34).

Nossa família enfrentou uma “tempestade” desse tipo. Um amigo pegou nosso carro emprestado enquanto estávamos de férias e o destruiu numa colisão de três carros. Jonathan não só trabalha fora da cidade e depende de um veículo para ir ao trabalho, mas nós também não tínhamos terminado de pagar as prestações. Ainda por cima a companhia de seguros recusou-se a nos ressarcir, pois o condutor não estava incluído no seguro. Como podem imaginar, foi muito difícil ver um luz no final desse túnel.

Um dia, depois de ligar mais uma vez para a seguradora, comecei a reclamar comigo mesma sobre a situação: o carro, as contas, nossos problemas de saúde, e sobre a vida em geral. Foi então que reparei no jornal que estava na mesa, e relembrei alguns dos acontecimentos recentes, tanto locais quanto globais. Então pensei nos meus amigos e entes queridos: Os que ainda não conseguiram um emprego estável para sustentarem suas famílias.

Então, é claro que não foi fácil perdermos o nosso carro, e ficarmos endividados também não é muito bom, mas ninguém disse que a vida seria fácil. Estamos muito agradecidos pelos muitos amigos e familiares que nos ajudaram neste ano que passou. Sem eles não teríamos conseguido superar!

Todos deveríamos nos esforçar para sermos mais como Paulo e Silas. Quando nos encontrarmos numa situação difícil (e eu sei que provavelmente você já passou por algumas), seria bom escolhermos agradecer a Deus pela luz ao final do túnel em vez de questionarmos por que Ele permitiu que coisas desagradáveis acontecessem na nossa vida. Se escolhermos fixar nossos olhos na luz no final do túnel, descobriremos que as dificuldades têm o grande potencial de nos ajudarem a crescer.

E, se nada mais, sempre podemos agradecer ao Senhor por tudo que temos e que torna nossas vidas belas, felizes e confortáveis; assim como pelos familiares, amigos e a amabilidade de pessoas desconhecidas que tenho certeza todos experimentamos alguma vez.

Cada situação tem seu lado bom — talvez oculto à primeira vista — e existe luz no final do túnel, de maneira que vemos um caminho a seguir nos momentos difíceis.

Gostaria de encorajar você a reservar um tempo para olhar para cima e ver o lado bom da sua situação. Talvez descubra que vai sorrir mais e sentir mais paz quando entender que tem muito pelo que estar agradecido.

Adaptado de um podcast de Just1Thing, um recurso cristão para construção de caráter para jovens.


1 Veja a história completa em Atos 16:19–40.

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