A Corrida Que Nos É Proposta

Dezembro 27, 2023

William B. McGrath

[The Race That Is Set Before Us]

Em Hebreus 12:1 lemos que nós temos que “correr com perseverança a corrida que nos é proposta”. Refere-se à corrida da vida que nos é proposta por nosso Criador; é o dever de cada indivíduo, “a soberana vocação de Deus em Cristo Jesus” (Filipenses 3:14).

Ao escolher a corrida que Deus quer que eu corra, posso sentir Sua presença me inspirando, treinando e ajudando a me tornar um vencedor em minha corrida rumo a metas duradouras e eternas. É a mais gratificante de todas as corridas com as quais eu poderia me ocupar. É uma corrida que Ele adaptou, customizou e criou para mim. 

Essa corrida inclui as coisas aparentemente pequenas da vida cotidiana e os hábitos de pensamento e ação que cultivam a piedade. No versículo a seguir, Hebreus 12:2, lemos que ao corrermos essa corrida, devemos ter “os olhos fitos em Jesus, autor e consumador da nossa fé. Ele, pela alegria que lhe fora proposta, suportou a cruz”. Então, eu gosto de olhar para Jesus e ver como Ele correu a Sua corrida, e seguir o Seu exemplo o melhor que eu puder. Eu Lhe peço ajuda para pegar a minha cruz cada dia (Mateus 16:14) em meio as coisinhas que me irritam na vida, por causa da recompensa eterna que me está reservada (João 14:3).

As dificuldades pelas quais passo podem ser difíceis de entender, mas sei que meu Sumo Sacerdote no céu entende e intercede por mim (Hebreus 4:15). Ele vê o resultado final das dificuldades que me permite suportar, Ele está me “refinando”, Ele está do meu lado. Minhas “leves e momentâneas tribulações” nesta vida produzem para mim “um peso eterno de glória mui excelente” (2 Coríntios 4:17).

À medida que permaneço em Jesus, por meio de Sua Palavra, estou aprendendo a cooperar com os sussurros de Seu Espírito, deixando de lado minha própria vontade e seguindo a direção que Sua corrida está me levando. Ele me dá Sua força para resistir à tentação e me ajuda a desenvolver os frutos de Seu Espírito — amor, alegria, paz, longanimidade, gentileza, bondade, fé, mansidão, temperança (Gálatas 5:22). Sei que a melhor escolha que já fiz foi correr Sua corrida durante toda a minha vida. Cada vez mais vejo que essa será, de longe, a corrida mais gratificante e enriquecedora que eu poderia ter imaginado ao longo da vida.

Uma corrida implica resistência, treinamento e outros corredores. Acredito que a principal resistência que enfrento é a de minha velha natureza terrena. Essa corrida é uma maratona, não um sprint. É preciso persistência e paciência de minha parte para dominar minha velha natureza, que me tentaria a aceitar as desculpas comuns para ser morna. Sei que preciso do Espírito de Deus para me lavar e renovar e me dar forças para permanecer no curso.

O mundo diz: “Seja alguém. Suba a escada do sucesso econômico, do poder, do controle, da posição! Tenha tudo, agora!” Mas a natureza de Cristo em nós nos concede coisas que o dinheiro não pode comprar — verdadeira paz, vida eterna e um papel a desempenhar para atrair Seus filhos que sofrem na Terra para o amor de Deus por eles.

A Bíblia também compara nossa corrida com a luta de um soldado (2 Timóteo 2:3) e ao treinamento de um atleta (1 Coríntios 9:24). Nem sempre é fácil e, pessoalmente, sei que a maior parte de minha luta foi em minha própria mente, aprendendo a manter meu orgulho sob controle de forma consistente. Como diz o ditado: “Você é seu pior inimigo”. Sei que, mesmo quando corro a corrida de Cristo, existe esse desejo de provar que posso fazer coisas, que tenho conhecimento, que mereço estima, etc. No entanto, em todo o ministério de Cristo, fica claro que Ele demonstrou grande consideração pelo comum e pelas pessoas comuns — os humildes, os pobres, os oprimidos, os estrangeiros etc. Os doze apóstolos que Ele escolheu eram homens comuns, não a elite da sociedade.

Gostaria de encerrar com algumas passagens que expressam o que significa para mim estar correndo nesta corrida que Deus colocou diante de mim.

“Cristo em vocês, a esperança da glória” (Colossenses 1:27). A coisa mais grandiosa que qualquer um de nós pode fazer não é viver para Cristo, mas viver Cristo. O que é uma vida santa? É a vida de Cristo. Não é sermos cristãos, mas sim sermos como Cristo. Não é tentar fazer ou ser alguém grandioso, mas simplesmente ter a Ele e permitir que Ele viva Sua vida através de nós; vivermos nEle e Ele em nós, e sermos um reflexo de Sua graça, Sua fé, Sua consagração, Seu amor, Sua paciência, Sua gentileza e Suas próprias palavras. ...  Esta é a vida mais sublime e também mais simples que podemos viver. É o padrão mais alto de perfeição humana e, contudo, o pobre homem pecador e imperfeito consegue alcançar por meio do Cristo perfeito que vem em nós habitar. Que Deus nos ajude a viver, e materializar a simplicidade, a beleza, a glória e o poder da vida de Cristo para as pessoas à nossa volta.—Charles E. Cowman[1]

A maioria de nós vive uma jornada trivial todos os dias. O sino todas as manhãs nos chama para a mesma rotina cotidiana, e parece não haver chance de fazermos algo realmente heroico ou pelo qual valha a pena viver. Eu me pergunto quando aprenderemos a lição de que é preciso cumprir alguns pequenos deveres da vida com fidelidade, pontualidade, meticulosidade, reverência, não para receber elogios dos homens, mas pelo “Muito bem” de Jesus Cristo, não pelo pagamento a ser recebido, mas porque Deus nos deu um pequeno lugar de trabalho em Seu grandioso mundo. Não porque devemos, mas porque escolhemos, não como escravos das circunstâncias, mas tendo o Senhor em mente, fazendo-o “como para o Senhor, e não para os homens”, fazendo-o como libertos de Cristo (Colossenses 3:23). Então, bem abaixo do turbilhão da vida comum, são lançados os alicerces de um caráter… Portanto, devemos ter muito cuidado ao reclamarmos das tarefas comuns da vida cotidiana. … É melhor fazer uma coisa sem importância com grande motivação para Deus, para a verdade e para os outros, do que fazer algo grandioso e importante com um espírito de reclamação. É melhor sofrer pacientemente mil ferroadas todos os dias do que morrer uma vez apenas como mártir em uma fogueira. Uma vida obscura realmente oferece mais oportunidades para o desenvolvimento de um tipo mais elevado de caráter, o crescimento das graças cristãs, apresenta mais oportunidades do que qualquer grandeza.—Virginia Brandt Berg[2]


[1] Mrs. Charles E. Cowman, Springs in the Valley, 3 de agosto.

[2] Virginia Brandt Berg, “O Lugar-comum”.

 

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