Setembro 19, 2023
Algumas pessoas parecem ter naturalmente fé e confiança em Deus. Elas, de alguma forma, veem o bem nas pessoas e situações difíceis. Para elas, o copo está sempre cheio pela metade. Geralmente as ouvimos dizer coisas como: “Deus vai suprir”, e “Não se preocupe, vai dar tudo certo”. Quando se encontra alguém assim pela primeira vez, provavelmente pensa que a vida da pessoa é um mar de rosas, que ela não deve ter muitos problemas, e que tudo anda como elas querem.
Mas ficaria surpreso de descobrir que pessoas com personalidades exemplares não se tornaram necessariamente cheias de fé e positivismo porque a vida delas foi moleza. Muitas se tornam assim como resultado de circunstâncias difíceis, desafiadoras, às vezes dolorosas e de partir o coração, e por escolherem esperar para ver como o Senhor as ajudará, mesmo que leve um tempinho.
Essas pessoas talvez tenham tido problemas de saúde, ou observado seus filhos passarem por doenças, ou perderam alguém querido. Não importa o que tenha acontecido, pessoas cheias de fé saem das situações mais fortes, com coragem e compaixão. Tenho que tirar o chapéu para elas. Elas dão vida e sentido à palavra fé e têm me mostrado que não importa quão ruim as coisas fiquem, o Senhor estará presente para ajudar; basta eu me agarrar a Ele e ter a fé que tenho recebido através da Palavra, que mantém afastados as dúvidas e o desencorajamento.
Deus promete em Romanos 8:28: “Todas as coisas contribuem juntamente para o bem daqueles que amam a Deus”. Levei um bom tempo para entender que este versículo não diz, “Todas as coisas são sempre boas”, mas sim que, “Todas as coisas contribuem juntamente para o bem”. Para mim, isso significa que apesar de coisas ruins acontecerem a todos nós, Deus faz com que tragam os melhores resultados em nossas vidas conforme nos submetemos à Sua vontade. Quando tenho esta abordagem em relação à vida, também entendo que não podemos agradecer a Deus por tudo de bom em nossas vidas e ao mesmo tempo culpá-lO por tudo de ruim que acontece. Significa que podemos confiar no Senhor através do ruim e termos total confiança de que Ele fará com que as nossas dificuldades venham a contribuir para o bem, ou que trarão algo bom às nossas vidas.
No Salmo 86 o rei Davi diz ao Senhor: “Porque tu és grande e operas maravilhas; só tu és Deus. Louvar-te-ei, Senhor, Deus meu, com todo o meu coração e glorificarei o teu nome para sempre. Pois grande é a tua misericórdia para comigo; e livraste a minha alma do mais profundo da sepultura” (Salmo 86:10-13). Neste capítulo ele ora fervorosamente mais uma vez para Deus livrá-lo de seus inimigos, mas também conhece e confia na proteção de Deus e Seus cuidados, então aparentemente a sua fé não é abalada, mas sim fortalecida.
A Bíblia compara a fé ao ouro. E ela, assim como o ouro, tem um grande valor. Fé que diminui quando é colocada à prova assemelha-se a uma moeda com pouco ou nenhum valor, que seria inútil. Mas assim como o ouro, a fé é preciosa, rara, custa caro e dura por toda a vida.
Na minha própria vida, posso fazer uma retrospectiva de situações e acontecimentos pelos quais não foi fácil passar, ou que eu decididamente não gostaria de reviver, mas percebo que se não tivesse passado por esses momentos difíceis teria perdido coisas maravilhosas que adquiri ao longo do caminho. Saber isso e ter essa experiência de vida tem fortalecido a minha fé e me dado certeza de que, não importam as tempestades emocionais, sei que o sol está do outro lado da nuvem esperando para sair e brilhar, e me dar exatamente o que preciso para seguir em frente com graça e forças, pronta para encarar o que a vida me oferecer.
Fé é saber que Deus está cuidando de você e que não lhe pedirá mais do que você é capaz de fazer, e que, com Deus ao seu lado, nada é impossível. (Filipenses 4:13).
Patrick Henry foi governador do estado da Virgínia nos Estados Unidos no século XVIII. Ele também era advogado, orador e político, além de sócio com seu primo de uma plantação de 4 mil hectares. Ele é lembrado mais do que tudo pelo seu discurso: “Dê-me liberdade ou a morte”. Mas li uma citação de sua autoria que mostra como ele valorizava a fé no Senhor acima de todas as suas outras realizações. Ele disse: “Passei tudo o que possuo para a minha família. Há mais uma coisa que eu gostaria de lhes dar, e é a religião [fé] cristã. Se eles tivessem isso e eu não lhes tivesse dado um único centavo, seriam ricos, e se não tivessem fé, eu poderia lhes dar o mundo inteiro e seriam deveras pobres.”[1]—Nina Kole
Tiago 1:3 explica que Deus pretende que as provações coloquem a nossa fé à prova e produzam perseverança espiritual. ... Se a vida fosse um mar de rosas e nunca enfrentássemos dificuldades, o nosso carácter cristão não seria comprovado e ficaria subdesenvolvido. As provações criam nossos músculos espirituais, os quais nos dão vigor e resistência para permanecer no caminho que devemos seguir (Romanos 5:2-5). Podemos nos alegrar nas provações, pois através delas aprendemos a nos apoiar em Deus e a confiar nEle.
A fé que passa por provações se torna fé autêntica, robusta e firme nas suas convicções: “Portanto, alegrem-se com isso, ainda que agora, por algum tempo, vocês precisem suportar muitas provações. Elas mostrarão que sua fé é autêntica. Como o fogo prova e purifica o ouro, assim sua fé está sendo experimentada, e ela é muito mais preciosa que o simples ouro. Isso resultará em louvor, glória e honra no dia em que Jesus Cristo for revelado” (1 Pedro 1:6,7).—GotQuestions.org[2]
Pouco antes de eu partir para a Índia, onde iria passar alguns anos fazendo trabalho voluntário, uma amiga me deu um presente de despedida muito original e, pensei na época, muito útil também. Ela me disse: “Estou um pouco preocupada com você. Você está indo para um país difícil. Quem sabe isto a ajude em algum momento”.
Na pequena caixa, lia-se: “A menor moeda de ouro do mundo”.
Guardei-a, levei-a para a Índia e, depois, para o Nepal.
Minha amiga tinha razão. As coisas nem sempre foram fáceis e muitas vezes encontramos dificuldades de todos os tipos, desde o clima às doenças tropicais e desafios financeiros. Nunca nos faltou nenhuma necessidade básica, mas, muitas vezes, tivemos de ignorar os extras.
Meu marido e eu, às vezes, falamos sobre vender a moeda, mas tínhamos concordado que ela seria nosso “fundo de emergência”, que só seria usado se absolutamente necessário. Sempre que o assunto vinha à tona, concluíamos que a situação não era tão desesperadora e a moeda continuava na minha mala.
Oito anos depois de ter ganhado o citado presente, de volta à Europa, passei por uma loja de moedas e pedi uma avaliação da minha moeda de ouro.
Mal pude acreditar quando o atendente me informou, após examinar a peça, que se tratava da menor moeda de ouro do mundo e que seu valor se limitava ao seu peso. — Obviamente, uma moeda bem leve!
Isso quer dizer que fomos ingênuos, todos aqueles anos, por pensar que tínhamos recursos para emergência?! Uma combinação de decepção e constrangimento me dominou e quase joguei a moedinha fora, já que não faria muita falta mesmo.
Entretanto, mais tarde, vi que a pequena moeda simbolizava a nossa fé. Nós a guardamos todo aquele tempo e nunca a perdemos. Andamos por fé e Deus nunca deixou de suprir para nós.
Ainda temos a moeda, que se tornou uma preciosa recordação. Na realidade, para nós o valor dela só aumentou!—Anna Perlini
Publicado no Âncora em setembro de 2023.
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