Junho 17, 2021
Para muitos de nós, a liberdade tornou-se sinônimo de independência pessoal—a capacidade de tomar nossas próprias decisões e escolher nosso próprio caminho na vida, de fazer o que quisermos e quando quisermos. É o que eu chamo de “liberdade externa”.
Mas esta não é a liberdade que Jesus nos prometeu. Quando Jesus Se revelou como o Messias, disse que tinha vindo à Terra para “proclamar a liberdade”.[1] E, em uma outra ocasião, Ele disse: “Se, pois, o Filho vos libertar, verdadeiramente, sereis livres”.[2]
Jesus não estava nos libertando para fazermos o que quiséssemos, mas sim para fazermos o que devíamos fazer. Ele estava nos libertando para termos um relacionamento com Deus e sermos o tipo de pessoas que Ele nos criou para ser. Esta liberdade espiritual é o que eu chamo de “liberdade interior”—a capacidade de obedecer a Deus e escolher Sua vontade para nossas vidas. E esta é a liberdade que o pecado há muito nos havia negado.
Jesus chocou os fariseus, os líderes espirituais da Sua época, quando declarou, “Em verdade, em verdade vos digo que todo aquele que comete pecado é servo do pecado”.[3] Jesus estava afirmando que todos nós estamos sob o poder e o controle de uma tendência natural ao pecado; não podemos nos desligar disso sozinhos. O pecado traz uma penalidade da qual não podemos fugir por conta própria. A Bíblia diz, “O salário do pecado é a morte”.[4]
Como podemos ficar livres da penalidade e do poder do pecado? Isso vem através da aceitação da morte de Jesus Cristo na cruz como o pagamento por nosso pecado. Ao nos entregarmos a Cristo, o pecado perde o seu poder e o poder de Cristo passa a dominar.
Ao escolhermos confiar e seguir o Senhor, nossos hábitos, pensamentos e atitudes pecaminosas perdem o controle. A culpa desaparece, e a paz de espírito domina. Os hábitos corretos tornam-se a norma. Isso sim é liberdade— verdadeira liberdade!—Larry Fowler[5]
Outro conceito bíblico que ajuda a explicar como a morte de Jesus nos trouxe a salvação é a redenção. As palavras traduzidas para remir e redenção vêm da família de palavras gregas que significam soltar, libertar mediante pagamento, resgate. Outras variações são um valor de resgate, o ato de pagar resgate, resgatar. Estes são alguns versículos em que aparecem estas palavras:
“O Filho do homem não veio para ser servido, mas para servir e dar a Sua vida em resgate por muitos.”[6]
“Há um só Deus, e um só Mediador entre Deus e os homens, Cristo Jesus, homem, o qual se deu a si mesmo em resgate por todos, para servir de testemunho a Seu tempo.”[7]
O uso das palavras relacionadas resgate ou remissão nestes versículos expressa o conceito de pagar um preço, um resgate, para libertar, para retirar da escravidão ou do domínio de algo ou de alguém. Nos versículos citados acima, Jesus disse ter vindo para dar Sua vida como resgate por muitos. Pela Sua morte em sacrifício, Seu sangue derramado por nós, somos remidos, ou resgatados. Ele pagou pela nossa liberdade, livrando-nos da penalidade pelos nossos pecados e recebendo a punição em nosso lugar.
O resgate é pago a Deus, o Pai, pois foi quem determinou a pena. Jesus, o Filho de Deus, pagou o resgate através da Sua morte. Justiça foi feita, a penalidade pelo crime foi paga e o culpado ficou livre. O culpado não é apenas declarado inocente, mas também transformado em uma nova criatura e, idealmente, começa a viver segundo o amor por Deus e em prol de outros, em gratidão, por haver recebido a maior dádiva de Deus.
Por causa do amor de Deus por nós, Ele tanto nos julga como nos redime. Seu plano atende à necessidade de julgamento justo, mas Deus, o Juiz, também pagou o preço pela nossa redenção, pelo derramamento do sangue do Seu único Filho.
“Porque Deus amou o mundo de tal maneira que deu o Seu Filho unigênito, para que todo aquele que nEle crê não pereça, mas tenha a vida eterna. Porque Deus enviou o Seu Filho ao mundo, não para que condenasse o mundo, mas para que o mundo fosse salvo por Ele.”[8]—Peter Amsterdam
A crença de que a liberdade individual de fazer, ser ou dizer o que quisermos é muitas vezes cortada e isolada de qualquer pensamento em relação às consequências ou responsabilidades para com a comunidade. Infelizmente, a liberdade raramente é vista como uma oportunidade de servir aos outros.
O apóstolo Paulo levantou esta questão conforme escreveu aos primeiros cristãos em Corinto. Ao discutir assuntos de liberdade pessoal, ele exortou esses primeiros cristãos que “Todas as coisas me são lícitas, mas nem todas as coisas convêm; todas as coisas me são lícitas, mas nem todas as coisas edificam. Ninguém busque o proveito próprio; antes cada um o que é de outrem. … Portanto, quer comais quer bebais, ou façais outra qualquer coisa, fazei tudo para glória de Deus.”[9]
Em sua carta aos cristãos gálatas, Paulo aplica o dom da liberdade a um senso de responsabilidade coletiva: “Irmãos, vocês foram chamados para a liberdade. Mas não usem a liberdade para dar ocasião à vontade da carne; pelo contrário, sirvam uns aos outros mediante o amor. Toda a lei se resume num só mandamento: ‘Ame o seu próximo como a si mesmo’”.[10]
A definição de liberdade para amar e servir apresentada por Paulo parece uma contradição flagrante do entendimento de que liberdade é fazer o que se quer, individualmente. ... Somos chamados à liberdade, liberdade para os outros, e não simplesmente como a busca individualista do interesse próprio.
Entendida corretamente, a liberdade é fundamentada no amor pelo bem de uns para com os outros.—Margaret Manning Schull
Todos anseiam por liberdade, mas logo percebemos que a liberdade tem seu preço. Uma pessoa disse de brincadeira: “Liberdade absoluta é poder fazer o que você quer sem considerar ninguém, exceto seu cônjuge e seus filhos, a empresa e o chefe, vizinhos e amigos, a polícia e o governo, o médico e a igreja.”
Na sociedade humana, o caos resulta se considerarmos apenas nossos próprios interesses. As leis são necessárias para garantir a liberdade. O mesmo é verdade com relação à lei espiritual de Deus. O Salmo 119 é um belo tributo às liberdades resultantes da obediência à lei de Deus. Repare nos versículos 44 e 45: “Assim observarei de contínuo a tua lei para sempre e eternamente. E andarei em liberdade; pois busco os teus preceitos.”[11]
Tiago chama a lei de Deus de “a lei perfeita da liberdade,” quando diz que “Mas o homem que observa atentamente a lei perfeita que traz a liberdade, e persevera na prática dessa lei, não esquecendo o que ouviu, mas praticando-o, será feliz naquilo que fizer. Aquele, porém, que atenta bem para a lei perfeita da liberdade, e nisso persevera, não sendo ouvinte esquecediço, mas fazedor da obra, este tal será bem-aventurado [abençoado] no seu feito”[12] Ele continua o no capítulo seguinte: “Falem e ajam como quem vai ser julgado pela lei da liberdade.”[13] …
Jesus Cristo, o perfeito exemplo de liberdade, obedeceu aos mandamentos de Deus.[14] A verdadeira liberdade não pode estar desligada dos mandamentos de Deus, mas deve vir da harmonia com os mandamentos de Deus. Como pede Cristo em Lucas 6:46: “Por que vocês me chamam ‘Senhor, Senhor’ e não fazem o que eu digo? [15]” E também: “E ele disse-lhe: Por que me chamas bom? Não há bom senão um só, que é Deus. Se queres, porém, entrar na vida, guarda os mandamentos.”[16]
A obediência à lei de Deus por amor não é um esforço para alcançar a salvação pelas obras, mas uma resposta honesta e sincera por querer servir e agradar ao grande Deus do universo que deu Suas leis espirituais para nosso próprio bem-estar. Não é uma questão do que é conveniente, mas do que agrada a Deus. É irônico o fato de que, à medida que adquirimos a liberdade através de Cristo, nos tornemos Seus escravos, como declarado em 1 Coríntios 7:22: “Pois aquele que, sendo escravo, foi chamado pelo Senhor, é liberto e pertence ao Senhor; semelhantemente, aquele que era livre quando foi chamado, é escravo de Cristo.[17]”
Em última análise, a verdadeira liberdade vem através da ressurreição no retorno de Cristo. Como Paulo explica em Romanos 8:21, “a própria natureza criada será libertada da escravidão da decadência em que se encontra para a gloriosa liberdade dos filhos de Deus.[18]” Que Deus abençoe a vinda deste dia!—Rainer Salomaa[19]
Publicado no Âncora em junho de 2021.
[1] Lucas 4:18.
[2] João 8:36.
[3] João 8:34.
[4] Romanos 6:23.
[5] https://www.focusonthefamily.com/parenting/freedom-in-christ.
[6] Mateus 20:28.
[7] 1 Timóteo 2:5–6. Ver também Tito 2:13–14; 1 Pedro 1:18–19.
[8] João 3:16–17.
[9] 1 Coríntios 10:23–24, 31 ACF.
[10] Gálatas 5:13–14 ACF.
[11] Salmo 119:44–45 ACF.
[12] Tiago 1:25 ACF.
[13] Tiago 2:12 NVI.
[14] João 15:10.
[15] NVI.
[16] Mateus 19:17.
[17] NVI.
[18] NVI.
[19] https://www.ucg.org/the-good-news/what-does-it-mean-to-have-freedom-in-christ.
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