Abril 13, 2021
Jesus passou um tempo desproporcional com as pessoas descritas nos Evangelhos como pobres, cegos, coxos, leprosos, famintos, pecadores, prostitutas, cobradores de impostos, perseguidos, oprimidos, cativos, possuídos por espíritos impuros; todos os que trabalham e estão sobrecarregados; a multidão que nada sabe da lei; as multidões, os pequenos, os últimos, e as ovelhas perdidas da casa de Israel.
Em suma, Jesus andava com os miseráveis.
Obviamente, Seu amor pelos fracassados e pelos ninguéns não era um amor exclusivo—isso seria apenas substituir o preconceito de uma classe por outra. Ele Se relacionava carinhosa e compassivamente com as classes média e alta não por causa de suas ligações familiares, influência financeira, inteligência ou status social, mas porque essas pessoas também eram filhas de Deus.
Apesar do termo “pobre” no Evangelho incluir os economicamente desfavorecidos e abranger todos os oprimidos que dependem da misericórdia dos outros, também se estende a todos que confiam inteiramente na misericórdia de Deus e aceitam o evangelho da graça—os pobres em espírito.[1] A preferência de Jesus por pessoas sem status e a parcialidade em relação aos miseráveis é um fato irrefutável da narrativa do Evangelho...
Em sua resposta à pergunta dos discípulos sobre quem é o maior no reino dos céus,[2] Jesus aboliu qualquer distinção entre a elite e a pessoa comum na comunidade cristã. Ele então chamou uma criança até Si, a quem colocou no meio deles. Então disse: “Eu lhes asseguro que, a não ser que vocês se convertam e se tornem como crianças, jamais entrarão no Reino dos céus.”[3] …
Para o discípulo de Jesus, “se tornar como uma criança” significa aceitar-se como tendo pouca importância e ser considerado insignificante. A criança pequena que é a imagem do reino é um símbolo daqueles que têm os lugares mais baixos da sociedade, os pobres e os oprimidos, os mendigos, as prostitutas e os cobradores de impostos—as pessoas que Jesus muitas vezes chamou de “pequeninos” ou “os menores”...
Jesus agiu repetitivamente de acordo com a Sua percepção do amor indiscriminado de Abba—um amor que faz com que o sol se levante tanto para os maus quanto para os bons, e que a chuva caia tanto nos honestos como nos desonestos.[4] A inclusão dos pecadores na comunidade da salvação, simbolizada na comunhão à mesa, é a expressão mais dramática do evangelho dos miseráveis e do amor misericordioso do Deus redentor.
Se Jesus aparecesse à sua mesa de jantar esta noite com conhecimento de tudo o que você é e não é, compreensão total da história da sua vida e de cada esqueleto escondido em seu armário; se Ele expusesse o estado real de seu discipulado atual com interesses ocultos, motivações mistas e os desejos sombrios enterrados em sua psique, você sentiria Sua aceitação e perdão.—Brennan Manning[5]
O amor de Deus se estende a cada ser humano, e Ele os amou desde a Criação. — E os ama independentemente da relação que tenham com Ele. Mesmo que não acreditem na Sua existência, ou creiam que Ele exista, mas O odeiem; mesmo que não queiram ter nada a ver com Ele, Ele os ama. Seu amor, bondade e desvelo lhes são ofertados simplesmente por serem parte da humanidade. Seres humanos são criados à imagem de Deus. Ele ama cada um de nós e esse amos se manifesta em ações amorosas da Sua parte —Seu cuidado e bênçãos para toda a humanidade.
“Tu visitas a terra, e a refrescas; Tu a enriqueces grandemente. O rio de Deus está cheio de água, para dar cereal ao povo, pois assim a tens preparado. Enches de água os seus sulcos, e lhe aplaina as leivas; Tu a amoleces com a chuva, e abençoas as suas novidades. Coroas o ano com a Tua bondade, e as Tuas veredas destilam gordura. Destilam sobre as pastagens do deserto; os outeiros cingem-se de alegria. Os campos cobrem-se de rebanhos, e os vales vestem-se de espigas; regozijam-se e cantam.”[6]
Quando Jesus disse aos Seus discípulos para amarem seus inimigos, explicou que assim imitariam o amor de Deus, pois Ele demonstra amor e é bondoso com todos, inclusive com os ingratos e com os maus.[7] Ele faz o Sol nascer e a chuva cair sobre todos. O amor de Deus e Suas ações amorosas se estendem a todas as pessoas, independentemente de seus padrões morais.
“Ouvistes que foi dito: ‘Amarás o teu próximo, e odiarás o teu inimigo’. Eu, porém, vos digo: Amai a vossos inimigos e orai pelos que vos perseguem, para que sejais filhos do vosso Pai que está nos céus. Ele faz que o Seu sol se levante sobre maus e bons, e envia chuva sobre justos e injusto.”[8]
Jesus também expressou o amor de Deus para com todos quando deixou claro que se Deus cuida dos pássaros do ar e da relva do campo, certamente cuidará das pessoas, cujo valor supera o dos pássaros.[9]—Peter Amsterdam
O fato de que Deus é amor é a verdade fundamental sobre Ele. O amor é a Sua essência, Seu próprio ser. Tudo o que Deus faz reflete e depende do Seu amor. O amor, porém, não define Deus; o caráter de Deus é o que define o amor.
Deus expressa Seu amor pela humanidade de três maneiras distintas. A primeira é o Seu amor comum, melhor descrito por aquele belo versículo do Evangelho de João: “Porque Deus amou o mundo de tal maneira que deu Seu único Filho, para que todo aquele que nele crê não pereça, mas tenha a vida eterna.”[10] Deus estende este amor a todos, cuidando de cada um de nós sem favoritismo. Embora Ele deseje que todas as pessoas venham a Ele para serem salvas, Ele ainda dá bênçãos e provisões àqueles que ainda não O aceitaram.
Do amor comum de Deus vem o Seu amor da aliança, dado ao povo que Ele separou para Seus propósitos. No Antigo Testamento, esta era a nação de Israel. Ele não amava Israel porque eles eram moralmente melhores ou porque eram o Seu povo escolhido para trazer o Messias ao mundo, mas pela simples razão de que Deus é amor. Este amor aliança por Seu povo se estende ao Novo Testamento, por Sua igreja, e continuará até o fim desta era, na qual todo aquele que aceita Jesus Cristo como Senhor e Salvador participa do amor da aliança de Deus.
Do amor da aliança de Deus vem Seu amor centrado, que é o que experimentamos individualmente quando entramos em um relacionamento com Deus. Nossa experiência pessoal do amor de Deus está sujeita ao amor que Lhe retribuímos. A evidência de nossa experiência pessoal do amor de Deus é transmitida em Mateus 22:37 quando Jesus disse: ‘Ame o Senhor, o seu Deus de todo o seu coração, de toda a sua alma e de todo o seu entendimento’.[11] Isto significa que tudo o que fazemos, tudo aquilo no qual depositamos nossos afetos, tudo aquilo no qual engajamos energia e toda ambição que temos, de alguma forma, dirá “Eu Te amo, Deus.” É um relacionamento recíproco no qual o amor de Deus centralizado em nós se torna o meio do Seu amor fluir através de nós para o benefício dos outros.
Jesus renunciou a tudo para vir à Terra, entregando Sua glória celestial para morrer como homem por nossos pecados para restaurar nosso relacionamento rompido com Deus. Acima de tudo, o amor comum de Deus pelo mundo e seu povo, Seu amor da aliança por aqueles em Cristo e Seu amor centralizado por nós individualmente são expressos de forma suprema na cruz de Cristo.—Brett McBride
Publicado no Âncora em abril de 2021.
[1] Mateus 5:3.
[2] Mateus 18.
[3] Mateus 18:2–4 NVI.
[4] Ver Mateus 5:45.
[5] Brennan Manning, The Ragamuffin Gospel (Multnomah, 2005).
[6] Salmo 65:9–13 ESV.
[7] Lucas 6:35–36.
[8] Mateus 5:43–45.
[9] Mateus 6:26–30.
[10] João 3:16.
[11] NVI.
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