A Paz do Natal

Dezembro 15, 2020

Compilação

[Christmas Peace]

Para milhões de pessoas em todos os países ao redor do mundo, o Natal este ano será diferente dos anteriores. Os que não sentiram diretamente o impacto da pandemia e da crise econômica mundial conhecem alguém que sim.

A indústria assim como os setores atacadista e varejista cujos resultados anuais dependem das vendas natalinas preparam-se para os faturamentos mais baixos de muitos anos. Instituições filantrópicas que contam com a generosidade típica dessa época para financiar seus projetos para o ano seguinte contemplam a possibilidade de terem de se acomodar a planos mais modestos, apesar da crescente demanda de seus serviços.

Pessoas que perderam suas empresas se preocupam com o bem estar de suas famílias e de seus ex-funcionários. Pais desempregados tentam encontrar uma maneira de dar algum tipo de presente de Natal para suas crianças. Desde a Segunda Grande Guerra a população mundial não é afetada com tanta severidade por uma mesma crise.

Mas um Natal diferente não significa que não pode ser bom. Assim como a celebração do nascimento de Cristo, a adversidade consegue trazer à tona o que há de melhor nas pessoas. O encontro de ambas oferece uma ocasião especial. É uma oportunidade para esclarecer as coisas e identificar o que tem verdadeira importância, cujo lugar volta e meia é ameaçado por insignificâncias do dia a dia, especialmente na época do Natal.

É uma chance de focar a verdadeira razão da comemoração, que é o nascimento de Jesus, Filho de Deus. É uma oportunidade de descobrir novas maneiras de expressar nosso amor por aqueles que nos são mais caros e compaixão pelos menos afortunados, estes sempre em tão grande número.—Keith Phillips

O Príncipe da Paz

“Porque um menino nos nasceu, um filho se nos deu; e o principado está sobre os seus ombros; e o seu nome será Maravilhoso Conselheiro, Deus Forte, Pai da Eternidade, Príncipe da Paz.”—Isaías 9:6

No mundo em que vivemos pouquíssimas pessoas buscariam esperança no governo. A corrupção entre os que estão no poder parece ser a norma, ao contrário do ideal de governança apresentado na visão de Isaías, sob a liderança de um Maravilhoso Conselheiro, Deus Forte, Pai da Eternidade, ou Príncipe da Paz. Em vez disso, a maioria é pessimista em relação ao governo, e não deposita nele a sua esperança como um condutor de paz.

Na época de Isaías, muitos poderes e governantes estrangeiros ameaçavam tanto Israel quanto Judá, que inclusive ficou sob o domínio babilônio enquanto ele ainda estava vivo. Por isso, o povo que recebeu a profecia de Isaías estava ouvindo uma promessa de que viria um rei sábio e poderoso. ... Contudo, a história de Israel relata outra coisa. … No final, Judá testemunhou a destruição de Jerusalém e a diáspora dos judeus na época.

A profecia de Isaías estaria errada, ou será que ele viu além de apenas um reino político ou um governo terreno para o povo judeu?

O filho prometido e predito na visão de Isaías não era apenas um rei ou governante que estabeleceria um reino na terra. Os títulos que lhe foram conferidos, Deus Forte e Pai da Eternidade, indicam o caráter divino de tal governante. Isaías profetiza sobre a época quando Deus estaria com o povo, como Emanuel, “Deus entre nós”. E se Deus estaria entre os seres humanos para governar e reinar, a característica principal desse governo seria a sabedoria, Conselheiro Forte, e paz, shalom, o bem-estar de todos os povos.

Mas que tipo de paz Deus oferece além da paz que elimina guerras e conflitos entre os seres humanos e a natureza? Encontramos as respostas na vinda de Jesus, em Sua morte e ressurreição.

Primeiro, a paz que Deus nos dá por meio de Jesus cura a alienação resultante do pecado. O apóstolo Paulo diz: “Sendo, pois, justificados pela fé, temos paz com Deus por nosso Senhor Jesus Cristo”.[1] Este é o “evangelho da paz”[2]; Deus fez “a paz pelo sangue da sua cruz”.[3]

Segundo, a paz que Deus nos oferece é a paz em nossos corações como consequência da nossa reconciliação com o Criador e da atuação do Seu Espírito em nós. É o bem-estar resultante da reconciliação com Deus.

Terceiro, se temos paz no coração, podemos buscar a paz com outros, tanto amigos quanto inimigos... Não importa onde vivamos ou sob que tipo de governo, Deus Se aproximou de nós por Jesus e estabeleceu um governo que podemos acessar vivendo em comunhão e sob a sua autoridade. Em Jesus temos um Maravilhoso Conselheiro, Deus Forte, Pai da Eternidade, e o Príncipe da Paz.—Margaret Manning Shull[4]

Esperança do Natal nos momentos difíceis

Quando se pensa na primeira imagem de Natal, geralmente vem à mente Maria, bela e serena, bem trajada, adorando o Menino Jesus envolto em uma impecável manta de linho branco dentro de uma manjedoura que mais parece uma bela peça de mobi­liário do que um cocho no qual se alimenta o gado. E nem se pensa no burrinho elegantemente preparado para a ocasião, ao lado de um José alto, forte e com ar resoluto.

Na realidade, podemos imaginar como deve ter sido difícil para Maria viajar de Nazaré a Belém, às vésperas de dar à luz. A Bíblia não especifica que Jesus nasceu na mesma noite em que ela e José chegaram a Belém, mas cem quilômetros a pé ou no lombo de um burro certamente teria sido o bastante para provocar o trabalho de parto.

Mas é possível que José também estivesse no limite, cansado e tomado por dúvidas. Será que ele não poderia ter pensado em uma maneira melhor de viajar, ou ter partido antes? Talvez sentiu-se tentado a se desesperar quando chegaram a Belém e descobriram que não havia lugar onde se hospedarem.

Provavelmente, em algum momento, tanto Maria quanto José temeram falhar na tão importante missão que lhes fora confiada: trazer para este mundo perdido nas trevas o portador do amor de Deus.

Mas imaginem também a ale­gria que devem ter sentido quando tomaram o recém-nascido nos braços e olharam nos olhos cheios de amor daquele bebezinho que reluzia com o amor de Deus como nenhum outro.

Mas a noite do nascimento de Jesus também foi o início de uma vida de tribulações, perigos, dores e sofrimento para Ele e Sua família. Uma vitória final gloriosa O aguardava na Sua ressurreição, mas somente depois de uma batalha nada fácil.

Muito do que estava para acontecer dependia de Maria e José que, apesar de chamados para serem os pais terrenos de Jesus, eram pessoas normais como nós. Eles certamente passaram por momentos muito difíceis! Em comparação com tudo isso, nossas próprias provações e tribulações, por mais gigantescas e avassaladoras que me pareçam, são administráveis.

É natural sentir-se desanimado e sem esperança quando as circunstâncias parecem difíceis demais e enfrentamos dificuldades no mundo inteiro. Nós enfrentamos muitos desafios este ano, e continuamos enfrentando. Mas ainda assim, podemos depositar nossa esperança no “Deus de esperança que prometeu nos encher com a Sua paz e alegria”.[5] E temos certeza que nada nos poderá separar do amor de Deus[6], e que jamais estaremos sós nas batalhas da vida.

Um dia destes celebra­remos juntos a vitória: Jesus, Maria, José, você, eu e um monte de gente. Por quê? Porque Deus nos deu o Seu Filho no Natal, o maior presente de todos.—Lily Sridhar

Publicado no Âncora em dezembro de 2020.


[1] Romanos 5:1.

[2] Efésios 6:15.

[3] Colossenses 1:20.

[4] https://www.rzim.org/read/a-slice-of-infinity/the-peace-that-god-brings.

[5] Romanos 15:13.

[6] Romanos 8:38–39.

 

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