Outubro 13, 2020
“Para que por duas coisas imutáveis, nas quais é impossível que Deus minta, tenhamos a firme consolação, nós, os que pomos o nosso refúgio em reter a esperança proposta.”—Hebreus 6:18
Recentemente um amigo me contou que na Bíblia, Moisés, criou “cidades de refúgio” para criminosos — especificamente para quem matasse alguém acidentalmente.[1] Fiquei intrigada ao ouvir sobre as cidades de refúgio e resolvi ler a respeito.
No Antigo Testamento, seis cidades ficaram sob a supervisão da tribo de Levi as quais foram designadas cidades de refúgio, três foram instituídas por Moisés: Bezer, Ramote, e Golã[2], e mais tarde Josué estabeleceu as demais: Quedes, Siquém, e Hebrom.[3] As cidades eram de fácil acesso a todos, e foram separadas como lugares seguros para refúgio.
O propósito das cidades era que se alguém fosse culpado de homicídio culposo poderia se exilar na cidade. Em Deuteronômio 19:5 Deus dá um exemplo de uma situação que encaixaria nessa cláusula: “Como aquele que entrar com o seu próximo no bosque, para cortar lenha, e, pondo força na sua mão com o machado para cortar a árvore, o ferro saltar do cabo e ferir o seu próximo e este morrer, aquele se acolherá a uma destas cidades, e viverá.”[4] As seis cidades levitas serviam como uma zona de segurança ou de proteção caso alguém procurasse se vingar.
As cidades de refúgio proporcionavam aos acusados a oportunidade de um julgamento justo e, provada sua inocência, um lugar onde pudessem recomeçar a vida. Foram construídas com o princípio de proteger e amparar esse tipo de fugitivo. Até o comércio de cada cidade era regulamentado de forma a evitar que as pessoas erradas descobrissem onde os fugitivos estavam e tentassem se vingar. Para receber exílio era preciso abandonar emprego, casa, posses, etc.—e fugir o mais rápido possível para a cidade de refúgio mais próxima e se apresentar. Quando chegasse, tinha de admitir que cometera um crime, e se sujeitar ao julgamento da cidade.
Enquanto lia, comecei a pensar na salvação e como ela se assemelha a uma cidade de refúgio — um lugar para onde pecadores podem fugir e encontrar segurança e perdão. É claro que as cidades de refúgio descritas na Bíblia se destinavam apenas a pessoas que haviam cometido um certo tipo de crime, enquanto a salvação é para todos, não importa o crime, pecado ou maldade. Não se trata de uma comparação idêntica, mas me ajudou a ver a beleza da salvação de uma nova perspectiva.
O versículo que me vem à mente é Provérbios 18:10: “O nome do Senhor é uma torre forte.”—Uma torre para a qual podemos correr e estar seguros. Jesus, por meio da salvação, nos deu uma torre forte, uma cidade de refúgio onde encontramos perdão e podemos recomeçar — uma vida totalmente nova. Contudo, esta é uma escolha entre permanecermos como estamos, carregando o peso e a vergonha de nossos pecados, ou correr para a cidade de refúgio que Jesus nos prometeu, nos sujeitar à Sua misericórdia, confessar nossos pecados e receber o perdão.
Quer nossos pecados sejam enormes, quer nos pareçam insignificantes e pequenos, pecado é pecado. E quando pecamos merecemos castigo. Paulo disse que o pagamento do pecado é a morte, mas a dádiva de Deus para conosco sobrepõe isso completamente através da promessa de vida eterna.[5] Jesus Se coloca entre nós e o castigo que merecemos e intercede por nós.
Deus, em Seu amor, nos proporcionou uma maneira de sermos salvos e perdoados. E uma vez que decidimos correr para a Sua cidade de refúgio — abrimos nossas vidas para a dádiva da salvação que Ele nos oferece — estamos salvos e seguros para sempre. Uma vez salvo, salvo para sempre. Em Salmo 62:2 o rei Davi disse: “Somente ele [Deus] é a rocha que me salva; ele é a minha torre segura! Jamais serei abalado.”[6]
Essa ideia da salvação ser similar a uma cidade de refúgio é algo no qual devemos pensar com relação a quando testemunhamos para os outros. Jesus, por meio da salvação, construiu uma cidade de refúgio para todos e quer que todos saibam disso, para que Ele possa lhes oferecer proteção e vida eterna. Quando falamos de Jesus aos outros, estamos em essência guiando-os a essa maravilhosa e segura cidade de refúgio através do portão da salvação. Entrar ou não é uma decisão totalmente deles. A escolha é deles. Nosso dever é lhes mostrar, mas cabe a eles decidir.
Mas imagine a alegria que sentirão uma vez que decidirem entrar e morar na cidade de refúgio da salvação. Imagine o sentimento de perdão e o alívio incrível que vão experimentar quando entenderem que todos os registros de seus erros e pecados foram apagados pelo sacrifício de Jesus, e que agora estão livres para começar uma nova vida, com nova perspectiva e propósito.—Marie Story
As cidades de refúgio foram dispostas em toda a terra de Canaã para que qualquer pessoa pudesse chegar a uma dentro de meio dia, no máximo. De maneira semelhante, o Evangelho está sempre próximo a nós, pois o caminho para Jesus é curto, exigindo simplesmente uma renúncia ao nosso próprio mérito e a apropriação dele como nosso “tudo em todos”.[7]
A Palavra de Deus diz que os caminhos para as cidades de refúgio eram rigorosamente mantidos, cada rio tinha uma ponte e cada obstáculo era removido, para facilitar a passagem de qualquer pessoa que para ali fugisse. E uma vez por ano os anciãos de Israel deveriam examinar as estradas para que nada impedisse qualquer um que buscasse refúgio, para que não ocorresse de ser atacado e morto. Da mesma forma, as promessas do Evangelho graciosamente removem as pedras de tropeço do caminho dos pecadores.
Nos cruzamentos ou bifurcações nas estradas havia placas indicando o caminho para a cidade de refúgio. Isto nada mais é do que uma prenúncio do caminho para Cristo. Não é um labirinto com passagens que demandam cumprimento da lei, obediência a isto, aquilo ou aqueloutro; é simplesmente uma estrada em linha reta—acredite e viva! É um caminho tão... fácil que todos que admitem ser pecadores podem facilmente encontrar o caminho para o céu.
E assim que um fugitivo chegava aos arredores da cidade de refúgio, ele estava a salvo, pois não era necessário que adentrasse completamente os muros da cidade. De modo que, assim como estar na periferia de uma cidade de refúgio era proteção suficiente para ele, simplesmente tocar “a orla de sua roupa [de Cristo]”[8] nos tornará íntegros, e agarrarmo-nos a ele com “fé do tamanho de um grão de mostarda”[9] nos deixará seguros.
“Um pouco de graça genuína garante
A morte de todos os nossos pecados”.
A designação divina era a única coisa que fazia da cidade de refúgio uma cidade segura. Jesus Cristo é o caminho divinamente designado para a salvação. Quem entre nós, convencido de sua culpa, largar os seus pecados e voar para Cristo, e, com a ajuda do Espírito de Deus enveredar por esse caminho, encontrará, sem dúvida, segurança absoluta e eterna. A maldição da lei não nos tocará, Satanás não nos prejudicará, a vingança não nos alcançará, pois o compromisso divino, mais forte que as portas de ferro ou bronze, protege cada um de nós “que nos refugiamos nele para tomar posse da esperança a nós proposta” no Evangelho.—Charles Spurgeon
Quando as tribos de Israel entraram na Terra Prometida, Deus dividiu a terra entre todos, com exceção de uma tribo que não ganhou nenhuma terra—os Levitas. Os Levitas eram sacerdotes e atuavam como mediadores entre os israelitas e Deus, de modo que receberam quarenta e oito cidades por toda a Terra Prometida dentro do território de todas as outras tribos.[10] As cidades de refúgio eram seis dessas quarenta e oito cidades dos Levitas. … Como os Levitas era mediadores designados por Deus para mediar o relacionamento deles com Deus, eles eram particularmente equipados para tal função em assuntos legais e para proteger aqueles que buscavam refúgio.
Essas cidades de refúgio eram um prenúncio do plano da salvação de Deus em Jesus Cristo. Quando reconhecemos a nossa culpa, fugimos e encontramos refúgio em Jesus. Segundo diz no Salmo 34:22: “O Senhor redime a vida dos seus servos; ninguém que nele se refugia será condenado.” Recorrer a Deus e buscar refúgio nEle para receber o perdão pelos nossos pecados é o que nos livra da ameaça da morte eterna. 2 Coríntios 5:19 e 21 diz: “Deus estava em Cristo reconciliando consigo o mundo, não lhes imputando os seus pecados … para que nele fôssemos feitos justiça em Deus.” A obra de Jesus na cruz nos protgege da ameaça de morte eterna — se nos refugiarmos nEle.—De compellingtruth.org[11]
Publicado no Âncora em outubro de 2020.
[1] Deuteronômio 19:1–5.
[2] Joshua 20.
[3] Deuteronômio 4:41–43.
[4] NVI.
[5] Romanos 6:23.
[6] NVI.
[7] 1 Coríntios 15:28.
[8] Mateus 9:20.
[9] Mateus 17:20.
[10] Números 35:7–8.
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