Junho 8, 2020
As mulheres desempenhavam um papel importante no ministério de Jesus. Em muitos dos Seus ensinamentos, inclusive nas parábolas, as personagens do sexo feminino se destacam como exemplos positivos de pessoas que responderam a Deus com fé. Na parábola do juiz injusto, Jesus Se referiu à persistência de uma viúva para ilustrar os princípios de oração e fé em situações em que a resposta não é imediata. Aos discípulos era dito que deveriam ser persistentes em suas súplicas a Deus enquanto esperavam a resposta, e seriam recompensados com justiça, pois Deus atenderia às suas orações. Isso ensinou Jesus usando o exemplo de uma mulher perseverante.
A parábola da moeda perdida em Lucas 15, na qual uma mulher perde uma de suas dez moedas na casa e faz uma busca diligente até a encontrar é paralela ou “gêmea” da parábola da ovelha perdida, em que o pastor deixa as noventa e nove para encontrar a que faltava.[1] Nessas duas parábolas, as ações de homem e mulher representam as de Deus em Sua busca pelos perdidos. Jesus entendeu que os trabalhos dela e dele nessas histórias se prestariam a analogias igualmente válidas para descrever como Deus busca os perdidos. Ao usar o exemplo de uma mulher, deu a mensagem em termos com os quais as mulheres poderiam se identificar.
Em Mateus 13, encontramos analogias que mostram que os papéis de homens e mulheres podem ser igualmente usados para ilustrar o reino de Deus. Na parábola das sementes de mostarda — as quais, apesar de muito pequenas, produzem uma planta que pode alcançar grandes dimensões.[2] Sua parábola gêmea, contada imediatamente na sequência, é a da medida de fermento que uma mulher mistura a três medidas de farinha, fazendo com que ela cresça.[3] Mais uma vez, Jesus estabelece uma paridade de valor entre as atividades de ambos os gêneros e as equipara à divulgação do evangelho.
Na parábola das virgens sábias e das insensatas, também conhecida como a parábola das dez virgens[4], Jesus elogia algumas mulheres (as sábias) e condena as outras (as insensatas). Esta parábola é imediatamente seguida pela dos talentos, na qual alguns homens são recompensados e outros condenados. Na história dos talentos, o julgamento se baseia nos trabalhos dos homens, enquanto a outra gira em torno do que é feito durante o período de espera. Todas as virgens dormiam, quando ouviram o anúncio de que o noivo, a quem esperavam, como uma convocação: “O noivo se aproxima! Saiam para encontrá-lo!,”[5] As cinco sábias que haviam levado seus frascos com óleo entraram para o banquete; enquanto as demais, despreparadas, tiveram de sair para comprar óleo e ficaram de fora. Jesus tratou o assunto do julgamento com exemplos equivalentes de ambos e mulheres.
Um dia, Jesus observava as pessoas depositando dinheiro no ofertório do Templo. Viu os ricos despejarem grandes somas de dinheiro, mas quando uma viúva pobre deixou duas moedas de cobre para o Templo, Jesus chamou Seus discípulos e lhes mostrou a mulher, dizendo: “Afirmo-lhes que esta viúva pobre colocou na caixa de ofertas mais do que todos os outros.”[6] Entende-se que Ele desejava usá-la como exemplo de abnegação. É possível que estivesse destacando a relação entre bens materiais e discipulado.
Os quatro evangelhos nos falam de um grupo de mulheres que seguia Jesus na Galileia, que foram com Ele para Jerusalém e estavam presentes na Sua crucificação.
“Depois disto andava Jesus de cidade em cidade e de aldeia em aldeia, pregando e anunciando o evangelho do reino de Deus. Os doze iam com ele, e também algumas mulheres que haviam sido curadas de espíritos malignos e de enfermidades: Maria, chamada Madalena, da qual saíram sete demônios; Joana, mulher de Cuza, procurador de Herodes; Susana, e muitas outras, as quais o serviam com os seus bens.”[7]
O Evangelho segundo Marcos fala das mulheres que estavam com Jesus quando foi crucificado: “Na Galileia estas mulheres tinham-no seguido e servido.”[8] A palavra grega que aparece nesta passagem e em outras 75 nos evangelhos, traduzida para seguir, denota, na maioria das vezes, o que faz um discípulo com relação ao seu mestre. Jamais se ouvira falar que uma judia deixasse o lar para viajar com um rabi (professor). O fato de que mulheres, respeitáveis ou não, viajassem com Seus discípulos homens era motivo de escândalo — como o eram muitas das coisas que Jesus disse e fez. Contudo, fosse ou não motivo de escândalo, o fato é que essas mulheres seguiam Jesus na condição de discípulas.
A exemplo do que vemos na passagem acima, Maria Madalena é geralmente a primeira a ser citada quando é nomeada a lista de seguidoras de Jesus. Ela, portanto, parece ter se destacado nesse grupo de mulheres que seguiam e serviam a Jesus, desde os primeiros dias do Seu ministério, na Galileia, por ocasião da Sua morte e posteriormente. Joana era uma mulher de bens e prestígio, casada com o procurador do rei Herodes. Nada se sabe sobre Susana.
É interessante notar que os doze apóstolos não foram os que testemunharam a morte de Jesus (consta apenas que um deles estivesse lá), mas sim as amigas e discípulas de Jesus. Os quatro evangelhos atestam que as mulheres estavam na cena de Sua execução.[9] O Evangelho segundo João é o único que indica que um homem estivesse presente e, mesmo assim, o vincula a uma mulher. “Vendo Jesus ali a sua mãe, e que o discípulo a quem ele amava estava presente, disse a sua mãe: Mulher, eis o teu filho!”[10]
No Evangelho de Marcos, o status de discipulado das mulheres que estavam diante da cruz é mostrado de três maneiras: elas O seguiam quando estava na Galileia, indicando que foram discípulas durante a maior parte do Seu ministério; ministravam para Ele; e por se fazerem presentes na crucificação e três dias depois no túmulo de Jesus, foram testemunhas dos eventos mais cruciais na vida de Jesus — Sua morte e ressurreição. Ao se referir ao discipulado das mulheres, Marcos mostra que eram testemunhas confiáveis da morte e ressurreição de Jesus.
Em todos os evangelhos falam que algumas das discípulas de Jesus foram as primeiras a encontrar Seu túmulo vazio e as primeiras a declarar que Jesus havia ressuscitado. Em três dos quatro evangelhos, em seus relatos sobre a ressureição, contam que Jesus apareceu primeiro para as mulheres.[11]
Todos os primeiros discípulos foram testemunhas da ressurreição de Jesus, pois O viram vivo após a crucificação, mas as mulheres foram as primeiras a vê-lO. O fato de os autores dos evangelhos relatarem que foram as mulheres que descobriram Seu túmulo aberto e vazio é muitas vezes citado como um argumento a favor da veracidade dos relatos nos evangelhos. Como as mulheres não eram, de um modo geral, consideradas testemunhas confiáveis no primeiro século, os evangelistas não destacariam as mulheres como testemunhas, a menos que o testemunho delas fosse verdadeiro.
A interação de Jesus com as mulheres, Sua aceitação delas como discípulas, e o destaque que lhes deu como exemplos positivos nos Seus ensinamentos e como testemunhas fieis, abre caminho para que as mulheres participem igualmente, junto com os homens, no ministério da igreja primitiva, uma mudança radical no primeiro século. Esse conceito foi entendido pelos primeiros seguidores de Jesus, promovido e praticado na Igreja Primitiva. A partir do Dia de Pentecostes, as mulheres desempenharam importantes papéis na igreja, como se vê no Livro dos Atos e nas Epístolas.
Publicado originalmente em maio de 2016. Adaptado e republicado em junho de 2020.
[1] Lucas 15:4–7.
[2] Mateus 13:31–32.
[3] Mateus 13:33.
[4] Mateus 25:1–13.
[5] Mateus 25:6.
[6] Marcos 12:43.
[7] Lucas 8:1–3.
[8] Mark 15:41.
[9] Ver Marcos 15:40–41; Mateus 27:55–56; Lucas 23:49; João 19:25.
[10] João 19:25–26.
[11] Ver Mateus 28:5–9; Marcos 16:9; John 20:14, 16.
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