A Virtude da Paciência

Fevereiro 26, 2020

William B. McGrath

[The Virtue of Patience]

A Bíblia fala bastante sobre a virtude da paciência e suas recompensas, além de apresentar exemplos dos tristes resultados da impaciência. Tolerância, longanimidade, capacidade de suportar e ser gentil com aqueles que não correspondem são qualidades atreladas à paciência.

Hebreus 12:1–2 diz: “Deixemos todo o embaraço e o pecado que tão de perto nos rodeia e corramos, com paciência, a carreira que nos está proposta, olhando para Jesus, autor e consumador da nossa fé.” Algumas traduções mais recentes da Bíblia usam a palavra perseverança em vez de paciência. “Carreira” representa a nossa vida como cristãos. Deixamos de ser apenas espectadores nas arquibancadas e entramos na corrida da vida, um empenho vitalício com o objetivo de vivermos mais próximos de Deus. Jesus Se torna nosso técnico e exemplo e, como na vida de um atleta que treina como velocista, treinamento, compromisso e foco são elementos essenciais.

Eu tenho que ser relembrado quase todos os dias que preciso aprender a ter mais paciência. Imprevistos atrapalham tarefas simples que me sinto capaz de fazer. Vezes sem conta, durante o desenrolar de um trabalho ou no começo de um projeto, surgem complicações que me desanimam e desafiam a minha paciência, como por exemplo, trânsito lento, filas em compromissos, ter que procurar uma peça do carro, e assim por diante. Ou, às vezes, as pessoas me pedem ajuda justamente quando estou começando a deslanchar em um certo trabalho que considero importante.

A minha tendência é perder um pouco a paciência e ficar ressentido com certas coisinhas. Mas eu me pergunto se Deus não estará usando isso para desenvolver meu caráter e me ensinar a ter paciência. Será que Ele tem metas diferentes e mais importantes que não percebo ou incluo na minha lista de afazeres? Ele certamente vê a necessidade de refinar mais o meu caráter.

Espero aprender a saber lidar com esses reveses e até usá-los como lembretes de que devo aceitar e me submeter aos planos de Deus com alegria. Na realidade, quem sou eu para achar que tenho o direito de perder a paciência ou ficar ressentido com atrasos que Deus permite, sendo que Ele já fez tanto por mim? Sei que é um privilégio tê-lo dirigindo tudo que faço. O que poderia ser melhor do que abrir mão dos meus próprios projetos e trabalhar em parceria com Deus nos projetos dEle?

Talvez os pequenos atrasos possam ser catalisadores para eu me tornar mais paciente, e estar preparado para maiores adversidades, problemas, ou maiores perdas que Ele sabe que poderiam ocorrer no futuro.

No livro Poems with Power to Strengthen the Soul, tem o poema de Edward Denny, “A paciência de Jesus”:

A graça e beleza do Senhor
Se revelam nos Seus passos!
Paciência em tudo e amor
Na vida e na agonia da morte!

Pesando no Seu coração
A eterna dor e angústia;
Mas sem reclamar da situação
Firmou-se no silêncio.

Dos amigos a traição;
Dos Teus inimigos ódio e zombaria,
Mas repleto de compaixão e perdão,
No Teu coração apenas amor.

Que possamos assim amar,
E como Você, nos condoermos
Muito mais daqueles que pecam
Do que pelas injustiças que sofremos.

Mais junto de Você em união
Que brote graça e gentileza
No convívio entre os irmãos,
Frutos da comunhão com o Senhor.

A Bíblia faz menção da paciência também em Tiago, capítulo 5. Neste caso, lemos que devemos ver o exemplo de paciência de Deus e também dos antigos profetas, principalmente Jó. Deus é retratado como um agricultor cuidando do campo de todas almas que Ele criou: “Eis que o lavrador espera o precioso fruto da terra, aguardando-o com paciência, até que receba a chuva temporã e serôdia. Sede vós também pacientes, fortalecei o vosso coração, porque já a vinda do Senhor está próxima.”[1]

Posteriormente diz para considerarmos os antigos profetas: “tomai por exemplo de aflição e paciência os profetas que falaram em nome do Senhor. Eis que temos por bem-aventurados os que sofreram. Ouvistes qual foi a paciência de Jó e vistes o fim que o Senhor lhe deu; porque o Senhor é muito misericordioso e piedoso.”[2] Jó se manteve paciente durante grandes perdas e sofrimentos físicos. Tenho certeza que em algumas ocasiões ele se sentiu tentado a perder a paciência ou ficar ressentido, principalmente ao ouvir as conjeturas de seus conselheiros. Mas, apesar de tudo isso, Jó saiu vitorioso; manteve a fé em Deus e O louvou mesmo durante as perdas e aflições.[3] Essa atitude com certeza agrada a Deus, e Jó foi ricamente recompensado.[4]

No livro Poems with Power to Strengthen the Soul tem um outro poema sobre pessoas como Jó, a quem Deus permite grandes perdas, ou pessoas que perseveram durante enfermidades ou épocas de sofrimento desconhecidos pelos outros. Vivem como mártires, mesmo sem morrerem como mártires. Alguns que sofrem durante a sua vida talvez não veja as recompensas da sua paciência ainda nesta vida, como Jó viu. Mas mesmo assim perseveram na paciência, sendo fieis, e certamente serão recompensadas na próxima vida. O poema se chama “O nobre exército de mártires louvam a Ti”:

Não voltaram sós da luta ferrenha,
Aqueles que vitoriosos e de boa mente
Entregaram a coisa mais preciosa, a vida,
Contentes em sofrer todas as coisas por Cristo;
Não voltaram sós os que seguiram com convicção
O caminho da luta, do sofrimento e da dor,
Prevendo a morte, mas fieis ao Senhor,
Suportando por Ele a vergonha e o sofrimento;
Não voltaram sós os que seguraram a mão do mártir,
E de suas vidas brota o eterno salmo.

Há santos na terra, sagrado batalhão;
Despercebidos caminham pelo mundo;
Entre pessoas ocupadas, seguem sossegadamente
Levando sua cruz, com grande paciência!
Súbita angústia, que os acomete velozmente,
Corações cansados, muitas preocupações,
Pesares diários, ataques de inimigos não vistos;
O seu martírio perdura silenciosamente;
E sofrem durante anos dolorosos, na esperança do descanso por vir.

Choram, mas não se queixam; é a vontade de Deus,
Aprenderam a aquiescer ao que Ele deseja;
Suportando, certos de que cada mal
É o prenúncio de uma bênção sem igual;
Lutando, sofrendo, silenciosamente,
Pouco conhecem os que dizem conhecê-los.
Fieis e leais em toda adversidade
Trabalham e esperam pelo alívio que Deus lhes dará;
Compartilham com outros de tempos passados
Os ramos e a coroa, e entoam o seu louvor ao cantar.[5]

Nós com certeza não podemos julgar por que algumas pessoas sofrem mais do que outras, ou o grau de sofrimento de uma pessoa. Mas podemos carregar nossa própria cruz, aceitar as perdas ou sofrimentos o melhor possível, e nos esforçarmos por uma atitude positiva, permitindo assim que a paciência tenha a sua obra perfeita em nós.[6]


[1] Tiago 5:7–8 RC.

[2] Tiago 5:10–11 NVI.

[3] Ver Jó 13:15.

[4] Ver Jó 42:12–17.

[5] Autor desconhecido.

[6] Ver Tiago 1:2–4.

 

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