Julho 17, 2019
Eu queria escrever sobre um aspecto de mostrar amor aos outros, a hospitalidade, já que tivemos uma oportunidade impressionante de aprender sobre esse assunto ao presenciarmos a genuína hospitalidade em ação.
Não se esqueçam da hospitalidade; foi praticando-a que, sem o saber alguns acolheram anjos.—Hebreus 13:2[1]
Compartilhem o que vocês têm com os santos em suas necessidades. Pratiquem a hospitalidade.—Romanos 12:13[2]
Cerca de seis anos atrás nos mudamos para um novo bairro. Desde que chegamos aqui, tentamos estar abertos aos nossos vizinhos para mostrar-lhes amor e gentileza. Nós sempre os cumprimentávamos com um sorriso, perguntando como eles estavam, e isso era algo diferente para muitos deles—o fato de um recém-chegado e estranho ser tão amigável. Várias vezes preparamos pizza caseira e entregamos para eles ainda quente do forno como um sinal de amizade. Eles mal podiam acreditar que alguém faria isso. Nós achávamos que estávamos fazendo o bem em mostrar aos nossos vizinhos que nos importamos. Mas então nos encontramos com Nilda, o que nos deu uma perspectiva totalmente nova de alcançar os outros com atos de bondade.
Conhecemos Nilda através de seus dois netos adultos, ambos com 100% de deficiência física com uma doença genética degenerativa. Para ajudar a cuidar deles, ela decidiu morar na mesma casa com sua filha e a família dela. Cuidar de pessoas com deficiência física gera muito trabalho e estresse, e ninguém culparia essa família por se concentrar em seus próprios problemas e desafios. Mas não é assim com Nilda. Ela é a pessoa mais hospitaleira que já conheci, sempre convida qualquer transeunte a entrar e lhe oferece uma bebida ou alguma comida.
Quando começamos a ir à casa dela por causa de alguns projetos em que estávamos trabalhando com seus netos deficientes, achamos que ela estava sendo tão hospitaleira conosco porque estávamos ajudando a família dela. Mas percebemos que quase todas as vezes que passávamos ou a víamos, havia pelo menos um, se não dois, grupo de visitas. As crianças muitas vezes riem, comparando sua casa a uma estação de trem—à medida que algumas visitas saem e novas visitas chegam. O fluxo de pessoas é constante.
Bebidas e bolos estão sempre à mão, ou lanches e pratos simples são preparados em minutos. Apesar dos desafios e dificuldades que esta família enfrenta, a casa tem uma atmosfera alegre e otimista. As visitas são sempre bem-vindas.
Quando você entra, Nilda imediatamente o convida a sentar, coloca pratos e talheres na mesa, quitandas, e só então pergunta se você gostaria de tomar um café ou chá. Não importa se ela está cansada ou não se sentindo bem, seu coração está lá com você, e ela reunirá toda a energia que puder para servi-lo e ajudá-lo como for possível.
Até mesmo o nosso cão, que ocasionalmente a visita conosco, não sai sem uma tigela de água e uma comidinha, ou duas, especial para cachorro. Na verdade, o nosso cão reconhece Nilda à distância e mal pode esperar para ver que coisa gostosa ela vai lhe dar a cada visita. Nilda atenta ao menor detalhe quando está recebendo as pessoas.
Quando alguém morre, ela prepara comida e bebida em uma sacola de presentes para a família de luto, e passa um tempo com essa família. Ela fez isso por nós quando nossa avó faleceu. Aparentemente é uma tradição local, mas ela faz isso de todo o coração e com genuína empatia e preocupação.
Ela ficou arrasada quando sua própria mãe faleceu repentinamente depois da morte de vários outros parentes seus. Nós a encorajamos o melhor que podíamos, mas ela estava bastante debilitada emocionalmente. Parou de frequentar as reuniões e cantar, no entanto não deixou de ser hospitaleira durante esse período difícil. A casa continuava cheia de visitas que nunca partiam com sede ou fome e, embora a sua tristeza fosse visível, ela tentava não transparecer. E depois de apenas alguns meses ela estava “de volta”.
Eu lhe perguntei o que a ajudou a superar o luto tão rapidamente. Ela disse: “Percebi que minha mãe ficaria muito triste em me ver triste. Ela gostaria de me ver feliz, então comecei a cantar novamente e a me divertir”. Simples. Tão simples e doce quanto a Nilda.
Não sei se nestes poucos parágrafos consigo realmente descrever a alegria, gentileza, preocupação amorosa, ajuda e hospitalidade que ela compartilha com outros. Os seguintes versículos da Bíblia vêm à mente quando penso nela:
O maior dentre vocês deverá ser servo.—Mateus 23:11[3]
E se alguém der mesmo que seja apenas um copo de água fria a um destes pequeninos, porque ele é meu discípulo, eu lhes asseguro que não perderá a sua recompensa.—Mateus 10:42[4]
Isso me lembrou da seguinte citação que li:
Há uma razão pela qual Jesus escolheu frequentemente compartilhar refeições com Seus seguidores. A hospitalidade cria confiança entre estranhos e constrói pontes no cenário difícil de nossas vidas. Se os cristãos quiserem compartilhar o amor de Deus com seus vizinhos, basta convidá-los para sua casa.—Crosswalk Editorial
Decidimos que também queremos praticar a hospitalidade e mostrar o amor e a preocupação de Deus pelos outros dessa maneira. Nem sempre estamos disponíveis em casa para entreter visitas, pois muitas vezes cuidamos de vários aspectos de nossos ministérios, mas aprendemos a manter um estoque de alguns lanches e bebidas que podemos oferecer a visitas inesperadas, e a estarmos prontos para convidar os outros sempre que pudermos. Não temos uma seleção tão sofisticada de lanches como a Nilda, mas fazemos o que podemos.
É incrível a diferença que vemos nas pessoas e quantas bênçãos o Senhor produz como resultado. Por exemplo, quando o mecânico de automóveis trouxe o nosso carro de sua oficina, o convidamos para beber algo e comer alguma coisa, e passamos um tempo conversando com ele. Foi a primeira vez que tivemos um contato mais profundo com ele. E o custo do conserto acabou sendo extremamente barato, apesar de nunca termos pedido um desconto.
Um homem que veio consertar nosso fogão aceitou nossa oferta de tomar algo e, depois de falar e trocar histórias, ele disse que faria o conserto gratuitamente como uma ajuda para o nosso trabalho.
Enquanto o caminhão de lixo passava para recolher nosso lixo, convidamos os lixeiros para um café com biscoitos e conversamos com eles. Embora tenha sido a primeira vez que os convidamos a entrar, o mais novo disse: “Eu já estive aqui.” Continuando, ele explicou que cresceu em um orfanato e que fizemos uma festa com pizza e show de palhaço em nosso quintal para eles, vários anos antes, e ele era um dos garotos presentes. Quando estavam saindo, disseram que se tivéssemos algum lixo extra, poderiam levá-lo com o maior prazer. Mal sabiam eles que às vezes temos exatamente essa dificuldade: lixo extra!
Não pedimos nenhum desses “favores”, nem convidamos essas pessoas pensando nisso, mas só por lhes demonstrarmos um interesse genuíno e “praticarmos a hospitalidade” ao estilo de Nilda, o Senhor tocou seus corações e os inspirou a nos oferecer algo.
Somos muito gratos por Nilda e por nos ensinar, através do seu exemplo, o poder e o efeito da hospitalidade. Tendo experimentado nós mesmos, como visitas, pudemos aplicá-lo à nossa situação e começamos a praticar a hospitalidade em nossa própria casa. Nem precisamos dizer que estamos muito satisfeitos com os resultados imediatos e o efeito positivo que isso tem sobre as pessoas, e estamos felizes por podermos testemunhar desta forma.
Deixe-me terminar aqui com uma citação sobre o assunto, que achei muito pertinente e inspiradora:
A maravilhosa imagem de nosso Senhor do Julgamento revela outra fase do esplendor da bondade. Ele nos diz que as pequenas coisas que fazemos, como, por exemplo, alimentar os famintos, dar de beber aos sedentos, ser hospitaleiros com os estranhos, visitar os doentes e os outros ministérios de amor os quais nem levamos em conta, se feitas com o espírito correto são aceitas como se tivessem sido feitas para o próprio Cristo! … A melhor coisa que podemos fazer com nosso amor não é buscar uma chance de realizarmos algum ato excelente que resplandeça perante o mundo, mas preenchermos todos os dias e horas com pequenas gentilezas que tornarão inúmeros corações mais nobres, mais fortes e mais felizes—J. R. Miller
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