Maio 8, 2019
Meu pai tem um pequeno ditado que ele diz em tempos difíceis, o que sempre nos faz rir apesar de nós mesmos. Ele diz: “Claro, eu posso ter paciência, mas por quanto tempo!?” Enquanto rio e meneio a cabeça para ele, no fundo sei que muitas vezes me sinto exatamente assim. Eu não sou um santo exemplo de confiança tranquila e constante, de esperar em paz ou sequer saber esperar.
Quando surgem problemas, eu luto com o mantra da fé de “Lancem sobre Ele toda a sua ansiedade, porque Ele tem cuidado de vocês”[1]. No meu coração eu sei que é verdade, mas prefiro muito mais fazer algo, qualquer coisa que me faça sentir útil. Eu anseio por ter dias cheios de trabalho até tarde da noite, porque é a marca de alcançar metas. Ou não? Minha família e meus amigos muitas vezes suportam o peso das minhas campanhas auto impostas, completas com “encontrar soluções” desnecessariamente e conselhos gratuitos e não solicitados.
A verdade, por mais dolorosa que seja, é que às vezes esperar é o que eu deveria fazer. Todos nós sabemos que muitos personagens da Bíblia tiveram que esperar, e depois esperar mais um pouco para que seus planos, sonhos ou destino fossem realizados. Noé, Moisés, Davi, Daniel e Jesus tiveram longos períodos de espera antes que seu propósito completo fosse alcançado. E acho que é ainda mais do que isso. Às vezes, ser paciente não é apenas esperar por um período de tempo sem reclamar até que nossas “estrelas se alinhem”—às vezes significa aguentar firme quando as coisas realmente pioram, apesar de nossos melhores esforços. Talvez paciência seja aceitar sinceramente que não sabemos o que fazer, e estar disposto a passar um dia difícil de cada vez, pelo tempo que for necessário, até Deus revelar o quadro completo.
João Calvino, uma importante figura da Reforma Protestante, disse sabiamente: “Se esperamos que Deus cumpra imediatamente o que Ele promete, então não estamos dando espaço à fé.” Deus com certeza faz milagres, e o Seu poder se manifesta visivelmente e até imediatamente em muitas situações. No entanto, a maior parte da Sua obra é feita através da calma firmeza de discípulos fieis que vivem segundo a Sua orientação, acreditando nas Suas promessas, mas sabendo que no final das contas não é a sua consciência, conhecimento ou poder espiritual, mas sim Cristo que traz os resultados a Seu tempo. “Não por força nem por violência, mas pelo meu espírito, diz o Senhor.”[2]
Paciência não é inatividade. Paciência é fazer o que podemos, mas não em nossa própria sabedoria, força e planos. Paciência é saber em quem acreditamos e ter confiança total de que, se obedecermos, seguirmos e confiarmos nossas vidas a Ele, Ele manterá a nós e ao nosso destino livres de quaisquer obstáculos e seguros nos dias mais sombrios. “Eu sei em quem tenho crido e estou certo de que é poderoso para guardar o meu depósito até àquele dia.”[3]
O próprio Jesus foi provado em sua paciência. Sua vida não era protegida, mas sim cheia de adversidades e dificuldades, até mesmo rejeição. No entanto, Seu amor nunca falhou e Ele não se cansou de fazer o bem. Ele tinha a promessa de que valeria a pena, e nós também.
Nós nos esforçamos para deixar a nossa luz brilhar neste mundo escuro, manifestando paz e paciência quando tudo à nossa volta é estresse e confusão. Então, naqueles dias em que sentir vontade de gritar para o céu, “Por quanto tempo mais, Senhor?!”, vou seguir o Seu exemplo e o de muitos outros que o seguiram. E vou lembrar que não é a minha própria paciência de qualquer forma. A Bíblia afirma que o amor é paciente[4] e que Deus é amor.[5] Então, é através dEle, e pela Sua graça que posso aguentar um pouco mais, manifestando Seu amor, graça e paciência para as pessoas ao meu redor.
“Que o Senhor faça vocês se aprofundarem cada vez mais na compreensão do amor de Deus, e da perseverança que vem de Cristo.”—2 Tessalonicenses 3:5[6]
[1] 1 Pedro 5:7, NVI.
[2] Zacarias 4:6, NVI.
[3] 2 Timóteo 1:12.
[4] 1 Coríntios 13:4.
[5] 1 João 4:8.
[6] Bíblia Viva.
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