Vendo Cores pela Primeira Vez

Abril 10, 2019

George Sosich

[Seeing Color for the First Time]

Cerca de 8% da população mundial masculina e menos de 1% da feminina sofre com um certo grau de daltonismo.  É um distúrbio que varia desde a ligeira incapacidade de perceber a cor e obter uma acuidade visual satisfatória, até à acromatopsia, ou daltonismo total, a inabilidade de distinguir cores. Isso significa que algumas pessoas entre nós não conseguem desfrutar do espectro total das lindas cores que Deus distribuiu na natureza que criou.

Recentemente, porém, muitas dessas pessoas conseguiram ver as cores pela primeira vez na vida, por meio de um novo tipo de óculos desenvolvido pela empresa EnChroma. Os óculos da EnChroma utilizam tecnologia de ponta que filtra as ondas de luz no exato momento em que ocorre a sobreposição ou sensibilidade às cores, permitindo que o indivíduo usando os óculos veja as cores de forma incrivelmente saturada e definida, alguns inclusive pela primeira vez. Para alguns usuários a distinção não é tão expressiva, para outros, porém, resulta em uma melhora impressionante na visualização das cores, e isso muda suas vidas.

Há pouco tempo assisti a uma série de vídeos sobre daltônicos que receberam esses óculos fascinantes. A maioria deles ganhou de parentes ou amigos, e foram presenteados na presença dos seus amados e rodeados de diferentes objetos coloridos como, balões e flores. Fiquei com os olhos marejados ao ver a reação de alguns. Muitos ficaram tão emocionandos que começaram a chorar ao distinguirem as cores pela primeira vez; outros apontavam extasiados para diferentes objetos perguntando, surpresos: “Aquilo é roxo?” “Aquilo é alaranjado?” Outros foram tão dominados pelas emoções que simplesmente se sentaram para absorver o que estava acontecendo.

Observar essas reações fez-me lembrar do versículo em 1 Coríntios 2:9:

Como está escrito: Olho não viu nem ouvido ouviu, e nem entrou no coração do homem as coisas que Deus preparou para aqueles que o amam.

Nós vivemos em um mundo exuberante e nossos espíritos habitam corpos igualmente exuberantes os quais, por meio dos cinco sentidos, nos permitem vivenciar muitas coisas fabulosas. Podemos contemplar um pôr do sol deslumbrante e muitas outras cenas formidáveis da natureza. Temos oportunidade de experimentar uma vasta gama de alimentos e bebidas maravilhosos. Podemos ouvir música que nos inspira e anima; podemos ser confortados fisicamente por uma sessão de massagem, e muito mais.

Mas essas experiências não são totalmente completas. Infelizmente, neste momento, somos como o daltônico, limitados na nossa capacidade de curtir ao máximo a criação de Deus e as belezas da natureza. O pecado entrou no mundo por meio da desobediência de Adão e Eva, desencadeando forças malignas que geraram desarmonia na criação original de Deus. Faça uma caminhada em um lindo bosque e terá que lidar com insetos ou tempo ruim. Você gosta de neve? Cuidado para não congelar uma das extremidades do seu corpo. Adora comida? Não exagere nem coma algo que lhe dê alergia ou cause intoxicação. E nossos corpos não são perfeitos. Ficamos cansados, doentes, e alguns de nós sofremos com problemas congênitos e debilitantes. Existe muita coisa boa e linda para se desfrutar na vida, mas parece que sempre vêm acompanhadas de algum obstáculo. A razão disso é que a criação continua debaixo da maldição.

Mas tudo isso vai mudar quando chegarmos ao Céu! Apocalipse 22:3 diz que nesse dia “não haverá mais maldição”. Tudo que nos impede de desfrutar das coisas belas e da natureza será retirado completamente. Nesse dia nós, como os usuários dos óculos da EnChroma, seremos dominados pela emoção das belezas que contemplaremos.

Aqueles que já tiveram experiências de quase morte dizem que visitaram um local de uma beleza inexprimível que, embora seja muito parecido com o nosso mundo, é muito mais lindo. Relatam que o colorido das flores e árvores é muito mais intenso; alguns dizem terem visto cores e ouvido sons inéditos. Alguns descreveram a música e os sons como muito mais lindos e harmônicos do que qualquer outra coisa que já conheceram.

C. S. Lewis, no seu famoso livro Mero Cristianismo, diz que os prazeres desfrutados na terra são meras cópias, ecos e miragens das realidades no Céu.

Se tenho um desejo que nenhuma experiência neste mundo pode satisfazer, a explicação mais provável é que fui criado para viver em outro mundo. O fato de nenhum dos prazeres terrenos satisfazer esse desejo não é comprovação de que o universo é uma fraude. Provavelmente, os desejos do mundo nunca existiram para nos satisfazer, apenas para aguçar nossos sentidos em relação ao que é real. Nesse caso, devo me precaver para jamais desprezar ou desconsiderar as bênçãos terrenas, e, por outro lado, jamais confundi-las com aquilo que realmente representam, copiam ou evocam. Devo manter vivo o desejo pela minha verdadeira pátria, para onde só irei após a morte; não posso deixá-lo sucumbir a nada ou ser rechaçado, mas torná-lo o objeto principal da vida que almejo naquele outro mundo, e ajudar outros a fazerem o mesmo.—C. S. Lewis[1]

Todo aquele que crê e é salvo, um dia será lançado desta vida onde, no momento, “vemos por espelho em enigma”[2] para o reino celestial, onde “estaremos face a face com Deus”, finalmente capazes de vivenciar a Sua criação ao máximo, em toda sua magnificência e glória. Nós, como aqueles que usam o óculos EnChroma pela primeira vez, seremos dominados pela euforia e emoção do momento. Aguardo ansiosamente esse dia.


[1] C. S. Lewis (1898–1963) em Mero Cristianismo.

[2] 1 Coríntios 13:12 RC.

 

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