Outubro 17, 2017
Então disse Isaias a Ezequias: “Ouve a palavra do Senhor. Eis que virão dias em que tudo quanto houver em tua casa, com o que entesouraram teus pais até ao dia de hoje, será levado para a Babilônia: não ficará coisa alguma, disse o Senhor. Dos teus próprios filhos, que tu criares, tomarão, para que sejam eunucos no palácio do rei da Babilônia. Boa é a palavra do Senhor, que disseste. Pois pensava: Haverá paz e segurança em meus dias.”—2 Reis 20:16–19[1]
Existe a seguinte definição de indiferença: Falta de interesse ou preocupação. Apatia. Sem sentimento. Indiferença espiritual ou apatia espiritual é um fator espiritual prejudicial em que se sabe o que deve ser feito, o que é necessário, mas não se está disposto a tomar as medidas necessárias para alcançar esse fim. Existem diversos incidentes desse tipo de indiferença nas Escrituras, mas nenhum tão óbvio quanto esses versículos em 2 Reis 20. Ezequias recebe os líderes políticos da Babilônia, e, no processo, abertamente e com orgulho, lhes revela tudo o que possui e suas conquistas. Depois que eles se vão, o profeta Isaias o enfrenta com uma contundente repreensão da parte do Senhor pelo seu orgulho e arrogância.
A resposta à repreensão e advertência profética é que demonstram sua indiferença e apatia em relação à situação. 2 Reis 20:19: “Boa é a palavra do Senhor que disseste”, respondeu Ezequias. Pois ele pensava: “Haverá paz e segurança em meus dias.”
Brincadeira, não é? Que atrevimento. Que audácia. Essas pessoas vão voltar, conquistar o reino de Israel e levá-lo em cativeiro. Seus filhos se tornarão eunucos, e a única coisa que você diz é que, “não acontecerá durante a minha vida; vocês terão paz e segurança enquanto eu viver”. Os padrões de indiferença espiritual e apatia que entram sorrateiramente na nossa vida podem não parecer tão ruins quanto este exemplo de Ezequias, mas poderiam se tornar tão custosos se não mantidos em cheque.
Apatia espiritual, frieza, ou indiferença podem afetar até o cristão mais sincero em alguma ocasião. Emoções humanas sendo tão inconsistentes como são, o sentimento de apatia ou desinteresse às vezes substituem o antigo fervor em relação às coisas de Deus. É necessário superar a apatia para dar continuidade à caminhada com Deus. Deixar de lidar com a indiferença e apatia pode, em última análise, nos roubar o destino que Deus planejou para nossas vidas. Descobriremos rapidamente que extrairemos da nossa caminhada e relacionamento com Deus de acordo com o que investirmos. “Dê e lhe será dado” é um princípio universal do reino de Deus. Por isso, como abordar esse crítico problema na nossa vida espiritual?
Apocalipse 2:5: Lembra-te, pois, de onde caíste, arrepende-te e volta à prática das primeiras obras.
Esse foi o mandamento de Cristo à Igreja em Éfeso, e ainda é a resposta para nós quando percebemos nossas vidas sendo controladas por indiferença e apatia…
A paixão é despertada em nossos corações conforme… começamos a fazer o que é preciso para retornarmos ao ponto em que devemos estar na relação com Cristo. Lembre-se do que tinha antes em Cristo. Arrependa-se daquilo que permitiu entrar em sua vida, e renove o propósito de Deus para você.—Peninsula Florida District, AOG[2]
Apatia. Essa certeza, muitas vezes arrogante de que “não importa”. Esse vago senso de superioridade derivado da visão prevalente no mundo de “tanto faz”. Nada realmente importa. Ninguém jamais saberá com certeza. Então, por que se incomodar?
Todo crente que tenta defender o cristianismo encontra essa reação. Não que o cético considere nossas afirmações da verdade e as rejeitem, ou as contradigam com falsas evidências, ou que a sua visão do mundo seja verdadeira. Pelo contrário, a maioria dos céticos com quem já lidei desenvolveu um nível de conforto em relação ao elemento “desconhecido” das coisas. Frequentemente argumentam que o fato das pessoas discordarem nessas questões — terem pontos de vista diferentes — é evidência de que ninguém jamais saberá como Deus é, do que Ele Se trata, e o que pode querer de nós. Sendo assim, muitas vezes não se importam em tentar investigar essas coisas por conta própria.
Mas se a visão de mundo do cristão é correta, a apatia pode ser prejudicial à saúde espiritual. A pouco tempo atrás, tentei defender isso em uma conversa com um cético. A conversa transcorreu mais ou menos assim:
“Digamos que estamos vivendo 50 anos atrás, e quando o conheci você era um fumante que acendia um cigarro atrás do outro perto dos seus filhos. Eu sei em que direção a comunidade médica está caminhando nessa questão, por isso eu lhe digo que está prejudicando a si mesmo e aos seus filhos. Você responde que ninguém pode saber de verdade se esse é o caso, afinal, pode apontar médicos que promovem cigarros e eles próprios são fumantes, e você se sente bem quando fuma.”…
A resposta do meu amigo foi a de se esperar. Algo assim: “Você já reparou que muitas coisas são ruins/erradas em certos períodos e em um ciclo? Coma ovos, não coma ovos; alimente seus filhos com soja, soja faz mal; bebês deveriam dormir de barriga para cima, não, para baixo; não, de lado, não, de barriga pra cima, etc., etc. … o que estou querendo dizer é que eu faço o que acho que é certo para mim, e isso é o melhor que posso fazer. …Acho que a ‘resposta’ a muitas dessas coisas é desconhecida.”
Justo. Algumas coisas são desconhecidas, e, em alguns casos, não faz diferença. Mas, é claro que esse é o ponto de pensar e decidir o que é o quê. Por isso, aceitei que, em alguns casos, a resposta pode ser “tanto faz”. ..Mas, em outras coisas, como, por exemplo, fumar, a noção antiga nunca vai voltar. A ciência jamais dirá que fumar faz bem…
Minha conclusão: “Então, qual é o segredo? A questão de colocar meu filho deitado de lado, ou fumar com as crianças na sala, tem algo a ver com a vida eterna? Espero que você veja que a resposta é importante. Se você fumar 10 horas por dia na presença dos seus filhos, vai prejudicá-los. Ter a resposta certa nessa questão importa. Ter a resposta certa sobre a sua relação com Deus também importa, tanto para você como para as pessoas sobre a qual você tem influência.”—Al Serrato[3]
Publicado no Âncora em outubro de 2017.
[1] NVI.
[2] http://www.penflorida.org/what-do-we-mean-when-we-use-the-terms-spiritual-indifference-or-spiritual-apathy.
[3] http://pleaseconvinceme.com/2016/the-danger-of-spiritual-apathy.
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