Agosto 8, 2017
Suponha que você … simplesmente não saiba o que Deus quer que você faça aqui e agora. Não desista de si mesmo nem de Deus. Deus vai responder, mas a resposta dele para agora é: Espere. Deus vai cumprir todas as Suas promessas, porém no tempo dEle. Ele nos fez promessas, não nos deu prazos. Ele é amor, não tempo.
A paciência é a arte de saber esperar. Não é necessariamente a arte de esperar com paciência. Jó foi um exemplo famoso de paciência, e da distinção entre esperar pacientemente e ter paciência para esperar. O coitado do Jó não conseguia discernir a razão do seu sofrimento. Ele não sabia o que havia feito [para provocar a Deus de modo a lhe permitir sofrer de tal maneira], nem o que ele poderia fazer [para encontrar a Deus ou entender a sua situação]. Ele busca durante trinta e sete capítulos agonizantes, contudo não encontra Deus, nem respostas ou consolo. Ainda assim ele persiste, e tem esperança. Esta era a sua paciência.
Eu costumava achar que só aqueles que nunca haviam lido seu livro é que chamavam Jó de paciente. Considerava Jó o cara mais impaciente da Bíblia. Mas percebi que a própria Bíblia dizia que Jó era paciente,[1] de modo que tive que repensar o que a palavra paciência significava. Cheguei à conclusão de que não significa necessariamente um estado de calma emocional, porque Jó certamente não tinha esta calma, contudo ele era paciente, segundo Tiago. Então paciência tinha que ser algo mais profundo do que um estado emocional.
Acho que paciência é simplesmente saber esperar, aguentar, perseverar. Isto é tudo que alguns de nós consegue fazer. Mas basta. Quando você não pode fazer nada a não ser aguentar firme e continuar tentando e perdendo, ou sofrendo e morrendo, saiba que isto é algo mais precioso do que vencer—isto é ter paciência.
Deus teve paciência conosco. Ele aguentou firme conosco. Permaneceu conosco, mesmo depois de O rejeitarmos. Isto é o mínimo que podemos fazer por Ele quando Ele parece nos ter abandonado, tal como parecia ter rejeitado rejeitou Jó. Deus nos prometeu que nunca nos deixaria nem nos desampararia, não importa o quanto as circunstâncias pareçam dizer o contrário. A fé acredita nas promessas de Deus, além das aparências. A fé aguenta firme, como uma âncora, mesmo até às profundezas sombrias, mesmo quando o discernimento e a luz não são possíveis. O discernimento nem sempre é necessário, a fé sim.
No último dia, quando Deus pedir os livros e chegar no seu nome, Ele vai perguntar, tal como seus antigos professores do fundamental, Presente? Você ainda está aqui? Ainda está Comigo? Se você puder responder com toda sinceridade que sim, se estiver “presente”, se ainda estiver buscando a Deus e a Sua justiça, então outras coisas lhe serão acrescentadas, inclusive o dom do discernimento. Tudo o que você não conseguiu discernir durante seu tempo na terra, irá discernir à luz da eternidade. Nesta vida, discernimento nos dá um pouco de luz para o futuro; na próxima vida, incidirá a luz de Deus no passado.—Peter Kreeft[2]
Veja os exemplos na Bíblia de paciência: Jó, Moisés e Davi!
Jó perdeu tudo: família, fortuna, e, por fim, a saúde! Mas continuou acreditando e obedecendo, e disse: “Ainda que Ele me mate, nEle confiarei.”[3] Ele aguentou firme e não desistiu. “A paciência de Jó”[4] serviu de exemplo e inspirou várias gerações.
Quando Moisés estava com pressa para livrar o povo de Israel, ele matou um egípcio e teve que fugir sozinho para salvar a própria vida. Mas depois de 40 anos cuidando paciente e humildemente de ovelhas no deserto, com tempo para ouvir a voz de Deus em vez de seus próprios impulsos, finalmente estava pronto para o lento, laborioso e paciente trabalho do Êxodo—devagar se vai ao longe!
Davi passou 17 anos trabalhando para o rei Saul, e o Senhor lhe ensinou importantes lições enquanto ele observava Saul tentando fazer as coisas na sua própria força, sem esperar o Senhor, e descobriu que não era forte o suficiente. Davi aprendeu que é preciso esperar por Deus.
Aprender paciência é uma das lições mais frequentes para todos nós. “Tenha, porém, a paciência a sua obra perfeita, para que sejais perfeitos e completos, sem faltar em coisa alguma.”[5]—David Brandt Berg
Em 2007, os Países Baixos adotaram um plano de duzentos anos para se adaptarem e prepararem para as mudanças climáticas. Com dois terços da população holandesa vivendo abaixo do nível do mar, as mudanças no clima têm um efeito drástico e trágico no país, motivo desse cuidado extremo. O plano, pelo que entendo, é designar 20 bilhões de dólares para pesquisa e construção de melhores defesas ao longo da costa até o ano 2200. O raciocínio para tão detalhado plano é simples: se não for efetivado, com as mudanças no clima e o maior risco de inundações, nada garante que os Países Baixos continuarão existindo em 200 anos, razão porque tais medidas se fazem necessárias no momento.
Mas existe Alguém que deixa qualquer plano e projetista no chinelo. Em Atos 17:26 o apóstolo Paulo fala sobre um plano que vai além de qualquer outro. Ele disse: “De um só [Deus] fez todas as nações dos homens, para habitarem sobre toda a face da terra; determinando-lhes os tempos já dantes ordenados e os limites da sua habitação.”[6] Em outras palavras, desde o comecinho, Deus sempre teve um plano. A Criação não foi aleatória. Não aconteceu porque Deus estava de folga sem ter o que fazer em uma tarde de domingo, então bum! criou a terra! Existe um plano maior que se desenrola a cada dia na existência do ser humano no planeta terra
Mas existe algo ainda mais espantoso para nós, pois cada ser humano foi colocado na terra de propósito por meio da criação. Deus é um arquiteto e tem planos para todos. O rei Davi afirma de Deus: “Os seus olhos viram o meu corpo ainda sem forma. Todos os dias que foram ordenados para mim, no teu livro foram escritos quando nenhum deles havia ainda. ”[7] E, em uma conversa, Jó descreve a natureza de Deus, e Lhe diz: “Contigo está o número de nossos meses; puseste-lhe limites, além dos quais não passará.”[8]
Imagine Deus planejando a vida de Moisés. No primeiro capítulo não se fala dele dividindo o Mar Vermelho, nem recebendo orientações de Deus junto à sarça ardente no Monte Horebe. Os capítulos e páginas anteriores a esses acontecimentos revelam uns 80 anos de vivência. Quando estudamos a vida de Moisés ficamos maravilhados com os 40 anos que ele passou cuidando de ovelhas, e pensamos na paciência que deve ter exercitado ao final dessa provação. Percebo agora que, na verdade, foi Deus quem incluiu definitivamente a paciência nessa história. Imagine criar um personagem e saber que só estaria preparado para realizar o que você desejava 80 anos depois.
Por algum motivo, para mim é um consolo ver Deus como um arquiteto, porque, primeiro, mesmo que eu ache que a minha vida está parada e seja difícil esperar, posso muito bem estar apenas nas primeiras páginas do plano de Deus para ela, e acontecimentos verdadeiramente maravilhosos estão na página 492. Ou pode ser que o “surpreendente” para mim seja apenas uma vida bem vivida e para a glória de Deus. Em qualquer dos casos, o bom sobre o plano de Deus para nós é que, mesmo que aparentemente não esteja acontecendo nada, Deus está executando mil e um planos elaborados. O Seu Espírito está agindo até mesmo nos dias mais comuns. O Espírito de Deus vai estar trabalhando na sua vida para chegar à página 492 do seu livro e além.
Em uma carta aos Romanos, Paulo diz que Deus é “o Deus da paciência”.[9] A Bíblia descreve como paciente e longânimo, essas são algumas das características que Lhe são atribuídas. Se Deus teve tanta paciência para realizar o Seu plano na vida de Moisés e os Seus planos para toda a humanidade não acho exagero pensar que Deus quer que também tenhamos paciência com relação ao que Ele está fazendo em nossas vidas. Se Deus acredita que somos dignos dessa espera também nós deveríamos esperar.—T.M.
Publicado no Âncora em agosto de 2017.
[1] Tiago 5:10–11.
[2] Peter Kreeft, Making Choices (Servant Books, 1990).
[3] Jó 13:15.
[4] Tiago 5:11.
[5] Tiago 1:4.
[6] NVI.
[7] Salmo 139:16 NVI.
[8] Jó 14:5 NLT.
[9] Romanos 15:5.
Copyright © 2024 The Family International