Aprender a Tomar Decisões

Agosto 7, 2017

Peter Amsterdam

[Learning to Make Decisions]

Já lhe aconteceu de estar diante de decisões importantes para as quais precisava de orientações explícitas, mas sentir que Deus estava em “modo silencioso”, justo quando você mais gostaria que Ele lhe desse uma resposta precisa para ajudá-lo em uma decisão importante? Eu, já. E esses momentos são de verdadeiras dificuldades espirituais. Queria que o Senhor indicasse com clareza o caminho a seguir, mas, em Sua sabedoria, escolheu não me dar uma resposta direta. Por isso, precisei analisar as opções, buscar conselho divino, examinar as portas de oportunidade abertas à minha frente, orar muito e, principalmente, entregar-Lhe meus caminhos. Tive de confiar que Ele direcionaria meus passos da maneira que Lhe parecesse melhor.

Nessas horas em que as revelações diretas vêm bem a calhar, o que eu mais queria era que o Senhor me dissesse qual das muitas opções era a melhor e me poupasse da agonia de ter de avaliar cada uma delas, seus prós e contras, e assumir a responsabilidade da decisão tomada, pois não sabemos por certo como as coisas vão acontecer. Muitas vezes, o Senhor confirma Sua vontade com uma palavra direta de profecia como um sinal da Sua graça e favor, algo que tem sido tremendamente encorajador e uma grande fonte de poder; em outros momentos, espera que analisemos a situação, pesemos as várias opções e tomemos uma decisão final, coisa que costuma nos proporcionar experiências de aprendizado e crescimento.

Esse processo provavelmente inclui muitos conflitos mentais, emocionais e espirituais, como aconteceu com Jacó, quando teve de passar a noite lutando contra um anjo.[1] Mas se tivermos feito o que estava ao nosso alcance para orar e seguir Deus da melhor forma, podemos confiar que quaisquer que sejam os resultados das nossas decisões vão nos beneficiar.[2]

Um aspecto importante do plano de Deus para a humanidade é o livre arbítrio que Ele nos concedeu. Os cristãos que querem glorificar Deus em suas vidas devem aprender a tomar decisões com base em Seus princípios e escolher as melhores opções dentre as muitas que surgem diariamente. Considerar as alternativas, comparar vantagens e desvantagens, usar a sabedoria que o Senhor nos dá para sondar as situações usando a Palavra de Deus é parte de amar o Senhor com nossa mente, nosso coração e nossa alma, em obediência ao Seu primeiro e maior mandamento.[3]

Mesmo quando não recebemos uma revelação direta de Deus para nos guiar em nossas decisões, ainda podemos nos encorajar com Sua promessa de nos orientar, se confiarmos a Ele nosso caminho e buscarmos Sua vontade pelos métodos que estão ao nosso dispor. Na verdade, mesmo quando Ele nos dá uma revelação, é sábio pôr isso à prova e discernir se é a boa e perfeita vontade de Deus.[4] Para isso, podemos fazer algumas perguntas, tais como: Está em harmonia com Sua Palavra? Ele falou por meio de passagens específicas das Escrituras? Procurei a opinião de conselheiros que conhecem Deus?

Parte do estresse e dos conflitos que encontramos quando estamos tomando decisões vem do medo do fracasso, do receio de não realizar a vontade de Deus, do temor de tomar uma decisão que produza impactos negativos em nossas vidas e nas vidas de outros, os quais não conseguimos prever. Quando se trata dessas decisões importantes capazes de definir nosso futuro, ou pelo menos imediatamente, aprendemos pela experiência que uma escolha insensata pode resultar na necessidade de voltarmos atrás ou, quando isso não é possível, viver com as consequências do erro. Às vezes, apesar das nossas melhores intenções e desejos, tomamos decisões que levam a desdobramentos não previstos, mas com quais passamos a ter de conviver.

Como Deus nos criou agentes dotados de livre arbítrio e capazes de escolher com independência, somos pessoalmente responsáveis por nossas decisões. Assumir a responsabilidade pelos resultados de nossas escolhas é uma importante parte do processo. Também temos de confiar que Ele prometeu que tudo contribuiria para o bem dos que O amam, independentemente dos desdobramentos iniciais que certas situações produzem. Ele pode usar inclusive nossos erros e as ocasiões em que parecemos ter interpretado mal nossas coordenadas quando tomamos as decisões e, então, redirecionarmos nosso curso, para que a experiência produza benefícios em nossas vidas e nos leve ao destino que Deus planejou para nós.

Curvas e obstáculos inesperados são partes da estrada da vida, por mais sábias que sejam nossas decisões. Mesmo quando tomamos as decisões certas, nada garante que não haverá percalços no caminho. Tropeços e dificuldades são inerentes à experiência humana e muitas vezes servem para fortalecer nossa fé. Deus, nosso Pai celestial, sabe que aprender a tomar decisões, assumir responsabilidades pelos resultados e todas as lições que aprendemos no curso de nossas vidas são parte de nosso processo de crescimento e desenvolvimento espiritual.

Ele prometeu que quando O buscarmos de todo o coração, O encontraremos.[5] Se Lhe confiarmos nossos caminhos e O reconhecermos, Ele guiará nossos passos e nossas linhas cairão em lugares agradáveis.[6] Podemos confiar que Ele nunca nos deixará nem nos abandonará, mesmo nos momentos quando parece silencioso ou não nos dá as orientações claras que buscamos para uma decisão. Às vezes, uma das razões de Deus parecer silencioso nesses momentos cruciais é que deixou para nós a decisão e quer que sejamos sábios ao fazer nossas escolhas, em harmonia com Sua vontade, e que assumamos a responsabilidade tanto pelas nossas ações quando pelos resultados que delas advierem. David Berg escreveu sobre as diferentes opções com as quais os cristãos podem se deparar no contexto da vontade de Deus e como Ele tem prazer em deixar que nós escolhamos.

Adão e Eva, os primeiros seres humanos, se depararam com decisões logo no início, ainda no Jardim do Éden. Deus os criou seres racionais à Sua imagem e imediatamente lhes possibilitou tomarem decisões. Adão foi incumbido de dar nome a todos os seres vivos e a Bíblia não dá nenhuma indicação que Deus lhe tenha dito como deveria fazer isso nem que nomes escolher para os animais. Designou-lhe a tarefa porque sabia que as qualidades racionais e intelectuais com as quais lhe havia dotado permitiriam que ele tomasse decisões sábias. Obviamente, da mesma forma, a autodeterminação lhe dava a liberdade de fazer as escolhas erradas, como vemos pela decisão de Adão e Eva de desobedecerem o mandamento de Deus. Ao escolherem comer o fruto proibido, contrariaram a vontade expressa de Deus, causaram a queda do homem e todos os resultados negativos a ela associados.

Isso abriu caminho para o pecado que, por sua vez, criou uma separação entre o Criador e Sua criação. Felizmente, Jesus pagou o preço pelos nossos pecados, tornou possível que nos reconciliássemos com Deus e estabelecêssemos um relacionamento com Ele. Além de nos reconciliarmos, ao escolhermos amá-lO e aceitarmos o sacrifício de Jesus, esse sacrifício abriu o caminho para a intimidade com Deus. A metáfora do casamento usada para descrever o relacionamento espiritual entre Jesus e Sua igreja representa a união de coração, mente e espírito que Jesus busca com cada um de nós. O amor por Deus, o fortalecimento da fé pelo estudo da Sua Palavra e a condução da vida pelos seus preceitos, torna essa relação uma jornada repleta de alternativas, muitas das quais representam possibilidades boas e espiritualmente corretas.

Parte dessa jornada para a intimidade com Ele e para uma vida produtiva à Sua presença consiste de aprender a tomar decisões em harmonia com Sua vontade, as quais fortalecerão nosso relacionamento com o Senhor, aumentarão nossa fé e nos tornarão mais frutíferos, pois teremos maior confiança no Seu desvelo e provisão. Conforme Lhe entregarmos nossos caminhos, buscarmos agradar a Ele e fizermos o que é aprazível aos Seus olhos, podemos estar confiantes do nosso relacionamento com Ele, seguros de que estará conosco nas pequenas e grandes que enfrentarmos.[7]

Ora, o Deus da paz … vos aperfeiçoe em toda a boa obra, para fazerdes a Sua vontade, operando em vós o que perante Ele é agradável por meio de Jesus Cristo, ao qual seja glória para todo o sempre.—Hebreus 13:20–21

Publicado originalmente em abril de 2014. Adaptado e republicado em agosto de 2017.


[1] Gênesis 32:24–30.

[2] Romanos 8:28.

[3] Mateus 22:37–38.

[4] Romanos 12:2.

[5] Jeremias 29:13.

[6] Provérbios 3:6; Salmo 16:6.

[7] 1 João 3:21–22.

 

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