A História—Segunda Parte

Agosto 16, 2016

Peter Amsterdam

[The Story—Part Two]

Este artigo continua com a história por trás da mensagem do Evangelho. Como mencionei anteriormente, a trama e a linha principal continuam as mesmas, mas existem diferentes maneiras de relatar a história. Este resumo poderá relembrar detalhes ou aspectos nos quais talvez não tenham pensado há um tempo. Acredito que poderia ajudá-los a personalizar a mensagem para as pessoas a quem estão ministrando de uma maneira que o ouvinte consiga entender. Esta segunda parte começa com o Novo Testamento.

À época do nascimento de Jesus, Israel era uma nação ocupada. Mas, acreditando nas promessas nas Escrituras, muitos judeus esperavam e contavam que Deus levantaria um rei, um messias que retiraria o jugo romano e restauraria a independência política de Israel. Eles esperavam que um rei justo governaria o país e introduziria uma nova era.

Jesus pregou que o reino estava próximo. Os Evangelhos nos mostram mais de 70 menções ao “reino de Deus” e ao “reino dos céus”. No primeiro século, os judeus interpretaram que Jesus lideraria um movimento que derrotaria os romanos e traria todas as bênçãos de Deus mencionadas no Antigo Testamento. E pelos relatos nos Evangelhos, parece que os discípulos também pensavam nessa linha.

Mas esse não era o plano de Deus. Na verdade, grande parte do que Jesus disse, as parábolas que contou, Suas ações, como, por exemplo, quando expulsou os cambistas do templo e virou suas mesas, proclamavam o juízo de Israel, bem semelhante ao que fora profetizado no Antigo Testamento. Jesus ensinou que a maneira antiga de remissão dos pecados por meio de sacrifícios no templo estava encerrada, e que o templo físico, os sacrifícios, o cumprimento do Torá (as Leis de Moisés) não se fazia mais preciso. Ele disse que Israel seria julgado e destruído por causa de seus pecados. Só algumas décadas depois, em 70 d.C., é que os romanos destruíram o templo e a cidade, proibindo os judeus de viverem em Jerusalém. Em 132 d.C., alguns judeus se revoltaram contra Roma, motivo por que o Império destruiu quase mil vilarejos na região central da Judeia. O povo foi morto escravizado ou exilado.

O cumprimento das promessas de Deus de que Israel traria a salvação para o resto do mundo ocorreria de uma maneira completamente inesperada — por meio do sacrifício de Jesus na cruz. O messias deles morreria como um fracasso, autor de grandes e ousadas promessas, mas executado pelas autoridades. Só que esse “messias fracassado” ressuscitou e nunca mais morreu. Ele derrotou a morte. Nunca se ouvira falar de alguém morrer, ressuscitar e nunca mais morrer. Algumas pessoas já haviam ressuscitado, como Lázaro, mas sempre morreram depois. Mas no caso de Jesus Deus fez algo inédito.

Tudo o que foi predito nas Escrituras a respeito da salvação do mundo alcançou seu ápice com esses acontecimentos. Ocorreu uma mudança fundamental quando da ressurreição de Jesus, que introduziu uma nova era conhecida como “os últimos dias”. Essa era terminará com a Sua volta, quando então se consumará a vitória sobre a morte, e os que tiverem optado por pertencer a Jesus serão ressuscitados em corpo e espírito.

Jesus foi o primeiro a ressuscitar, inclusive o Seu corpo, e agora está no Céu em corpo e espírito, transformado. Com a ressurreição do corpo de Jesus, Deus criou um novo tipo de corpo, físico o suficiente para ser tocado, mas imaterial o bastante para separar os átomos e atravessar paredes e portas. Foi algo inédito que passou a existir a partir da ressurreição de Jesus. É o tipo de corpo que os seres humanos terão no final dos “últimos dias.”[1] Jesus ascendeu ao céu fisicamente. O Senhor ressuscitado e exaltado hoje vive em corpo e espírito. Aqueles que recebem Jesus como Salvador serão ressuscitados da mesma maneira, em corpo e espírito.

A morte e a ressurreição de Jesus cumpriram as promessas e alianças das Escrituras dos judeus, causando uma mudança total!

Com a morte e a ressurreição de Jesus, o Templo perdeu a sua utilidade, pois a remissão dos pecados deixou de ser feita por meio do sacrifício ali oferecido cada ano, passando a ser eterna e definitiva por meio do sacrifício de Jesus na Sua morte. O templo deixou de ser a habitação de Deus, porque depois do Pentecostes, o Deus Espírito Santo habita nos crentes.

As palavras de Jesus passaram a ter proeminência sobre o Torá, já que Ele foi a Palavra que se tornou carne. Quando disse, “Ouvistes… mas Eu vos digo”, estava afirmando a autoridade da Sua palavra acima das Leis de Moisés, sobre a qual ele dava uma nova versão, e com direito.

Na sua última refeição com os discípulos, Jesus celebrou a Páscoa, comemorando a ocasião quando o sangue de um cordeiro foi espargido nas portas de modo a salvar os primogênitos dos judeus quando da passagem do anjo da morte, possibilitando o êxodo do povo de Israel do Egito. No entanto, naquela última ceia, Ele ensinou que o sacrifício que iria ser feito representava uma nova aliança, um novo acordo, que o derramamento do Seu sangue nos salvaria permanentemente do pecado e traria um novo êxodo da escravidão do pecado e da morte.

A porta que se fechara após o pecado de Adão se abriu. Foi feita uma ponte que deu a todos a oportunidade de fazer parte da família de Deus. A humanidade recebeu o direito de se tornar filho de Deus através de Jesus.[2] O Espírito de Deus habita no interior de cada pessoa que recebe Jesus, e a capacita.

O ponto decisivo é que a morte e a ressurreição de Jesus introduziram uma nova era, uma nova criação, o início do reino de Deus na terra. Agora todos podem se reconciliar com Deus. O perdão permanente dos pecados está disponível sem pagamento algum, pois Jesus pagou o preço máximo e total por meio da Sua morte. Fazemos parte da nova criação de Deus. Estamos reconciliados com Ele, novamente favorecidos por Ele, capazes de nos tornarmos Seus filhos, e chamados para ajudar outros a conhecer essa reconciliação.

Portanto, se alguém está em Cristo, nova criatura é; as coisas velhas já passaram, eis que tudo se fez novo. E tudo isto provém de Deus que nos reconciliou consigo mesmo por Jesus Cristo, e nos deu o ministério da reconciliação, isto é, Deus estava em Cristo reconciliando consigo o mundo, não imputando aos homens os seus pecados, e nos confiou a palavra da reconciliação. De sorte que somos embaixadores da parte de Cristo, como se Deus por nós rogasse.[3]

Mas a história não termina aqui, já que a morte em si eventualmente será derrotada e a criação completamente restaurada, sem pecado ou o mal.[4]

Jesus, o Filho de Deus, nasceu de uma mulher e viveu como qualquer outro ser humano. Ele foi a personificação da natureza e do caráter de Deus. Seus atos, Suas palavras, e a maneira como vivia manifestavam as características de Deus, tornando-as tangíveis através da vida de Jesus. O máximo do amor, a profunda compaixão, o ódio pelo mal, a ira com a injustiça, a hipocrisia, e o abuso de pobres e fracos; a misericórdia e a compreensão, todos esses elementos representavam a personalidade de Deus de uma maneira que nós, seres humanos, pudéssemos entender.

Jesus foi uma representação do amor e da Palavra de Deus na terra, chamado para pagar o preço máximo. Morreu pelos nossos pecados para que pudéssemos nos reconciliar com Deus, nos tornarmos filhos de Deus e termos direito à herança, que é a vida eterna.

Nós, como membros da família de Deus, somos filhos adotivos[5], com um papel a desempenhar na grande história escrita por Deus, na manifestação do Seu amor pela humanidade e pela natureza, Sua criação. Fomos chamados para levar essa história com os que ainda não ouviram e não a entendem e têm dificuldade em acreditar. O fato de termos o Espírito de Deus habitando em nós nos torna templos do Espírito Santo. Somos embaixadores de Cristo. Temos uma relação pessoal com Deus, e a comissão que o próprio Jesus nos deu é divulgar a mensagem, contar a história, informar a outros que também podem fazer parte da família de Deus. Podem se tornar parte do reino de Deus, da Sua nova criação. Seus pecados podem ser perdoados, tudo de graça, já que o preço para entrar na família de Deus já foi pago. Basta pedir.

É bom lembrar o resultado final de tudo isso, o que Deus nos oferece, para termos sempre fresquinho na nossa lembrança e no nosso coração quando formos oferecer a outros. Os membros da família de Deus vão viver para sempre em um lugar belíssimo, que foi “preparado como uma noiva adornada para o seu marido,”[6] com o fulgor de joias,[7] com uma parede construída com pedras preciosas.[8] Esse lugar não precisa de sol nem das estrelas, porque é iluminado por Deus.[9] Lá não haverá morte, pesares, choro ou dor.[10] É um lugar onde não existe o mal,[11] onde Deus habitará com o homem.[12]—Para sempre! Temos uma mensagem de alegria, felicidade, da possibilidade da vida eterna no lugar mais maravilhoso possível e uma vida renovada agora. Sem dúvida é a mensagem mais importante que existe.

Nós, como participantes dessas bênçãos eternas, como Seus embaixadores e mensageiros, deveríamos fazer o melhor possível para nos conduzirmos de maneira a refletir Deus e o Seu amor, para as pessoas verem a luz de Deus e sentirem o Seu calor através de nós, Seus filhos. Devemos ser mensageiros do convite que Deus estende a todos para o banquete, para o reino de Deus.[13] Devemos pregar o evangelho, a boa notícia de que todos podem se tornar filhos de Deus, que é um presente dispensado a todos.

Devemos ser mensageiros do amor em palavra e em obras para um mundo que necessita desesperadamente de Deus, do Seu amor, perdão e misericórdia.[14] Somos os Seus mensageiros, cujo trabalho é oferecer o convite, compartilhar as boas novas, e contar a história de uma maneira que as pessoas entendam através de nossas palavras, ações e do nosso amor. Convide as pessoas!

O Espírito e a noiva dizem, “Vem”. Quem ouve, diga: Vem. Quem tem sede, venha; e quem quiser, tome de graça da água da vida.[15]

Publicado originalmente em fevereiro de 2012. Republicado no Âncora em agosto de 2016.


[1] Filipenses 3:20–21, 1 Coríntios 15:42–44, 49, 1 João 3:2.

[2] João 1:12.

[3] 2 Coríntios 5:17–20.

[4] Apocalipse 21:1, 4–5.

[5] Gálatas 4:4–7.

[6] Apocalipse 21:2.

[7] Apocalipse 21:10–11.

[8] Apocalipse 21:18–21.

[9] Apocalipse 21:23.

[10] Apocalipse 21:4.

[11] Apocalipse 21:27.

[12] Apocalipse 21:3.

[13] Lucas 14:23.

[14] Romanos 10:14.

[15] Apocalipse 22:17.

 

Copyright © 2024 The Family International