Cena Um, Cena Dois

Fevereiro 17, 2016

Iris Richard

[Take One, Take Two]

Cena um

Meu coração quase parou ao ouvir o ruído de metal prensando metal quando dei ré no estacionamento. Na pressa, olhei o estacionamento rapidamente antes de pegar o volante, mas não vi a camionete estacionada naquele local incomum.

Saí rapidamente do carro para ver o estrago e encontrei um arranhão horrível e um amassado no meu parachoque, além de uma luz traseira quebrada na camionete. Rabisquei um pedido de desculpas e o meu número de telefone em um pedacinho de papel e prendi no limpador de parabrisa do carro vizinho. Assim que chegasse em casa, teria que lidar com este incidente. Com os nervos à flor da pele, dirigi saindo pelo portão.

Eu tinha planejado evitar a hora do rush, mas acabei pegando a via principal, e, para meu desespero, notei que o trânsito já estava ficando pesado, o que significava que eu chegaria atrasada a uma importante reunião. Eu batia os dedos impacientemente pelo volante do carro à medida que o trânsito congestionado na rua dupla seguia lentamente.

Fiquei irritada com o incidente no estacionamento e remoendo os pensamentos, tentando entender como eu não havia visto aquele veículo estacionado. O dia tinha apenas começado e meu estômago já dava voltas quando uma mini van me cortou vindo da direita, me empurrando quase que para fora da estrada. Abaixei o vidro e gritei zangada. Onde foi parar a minha graça cristã? Pensei. Na verdade, eu não sentia graça nenhuma naquele dia, visto que o havia começado com o pé esquerdo.

Ficar ali sentada presa no trânsito me deu tempo para pensar e refletir nas minhas rotinas matinais das últimas semanas, e percebi que os momentos que costumava passar com Deus haviam sido postos de escanteio desde que minha carga de trabalho e horário haviam aumentado. Parecia que desde então eu ficava mais facilmente irritada e com o pavio curto, o que não me era comum. Foi então que, quando o trânsito começou a abrir lentamente, me comprometi a voltar a tomar tempo para devoções pela manhã.

 

Cena dois

Meu horário na semana seguinte estava lotado, e ao dar uma olhada na minha agenda, não parecia haver muita margem para nada além de trabalho. Para aguentar aquela carga de trabalho com certeza eu ia precisar de uma dose extra de perseverança e paciência. Eu precisava de um plano.

Resolvi colocar o despertador para meia hora antes, e juntei uma variedade de material devocional, um caderno em branco e uma caneta, já preparados na sala de estar para meu tempo de manhã cedo para manter contato com Deus. Eu sabia que acordar mais cedo seria um sacrifício, visto que aprecio cada minuto do meu sono, mas estava determinada a cumprir com este meu novo compromisso.

Quando o despertador tocou pela manhã, arranjei coragem para sair da cama e andei feito uma sonâmbula até à sala, onde sentei num canto do sofá. Ainda estava escuro lá fora, mas os primeiros pássaros logo começaram a cantar anunciando o nascer do sol em questão de minutos. Sua canção soou como um louvor a Deus e me inspirou a da mesma forma seguir contando as minhas bênçãos.

Assim que os primeiros e tímidos raios de sol irromperam pela sala, eu me senti mais desperta e peguei meu livro de devoções diárias para ler uma passagem. Inspirada pelo texto, que era por acaso praticamente um conselho sob medida para a semana tão ocupada que eu tinha pela frente, copiei um parágrafo em meu caderno. Eu então orei por todos os aspectos da minha lista de afazeres e tomei um tempo meditando nas orações respondidas da última semana. Ao final dessa meia hora eu me sentia revigorada e pronta para encarar o dia.

Quando passei a manter o meu compromisso de passar meia hora com Deus, não foi a ausência de problemas, reveses ou dificuldades que garantiram êxito no meu trabalho sucesso, mas sim a maneira como eu reagi a tudo, que ajudou a aparar as arestas, preservar meus nervos, e tenho certeza que fez de mim uma pessoa mais agradável de se ter por perto. Voltei a fazer dos meus momentos com Deus pela manhã um hábito. Meu primeiro compromisso do dia tem me dado força para enfrentar as tempestades da vida, manter a paz, ter mais clareza de ideias, e a processar as situações de uma maneira mais benéfica.

“Mas aqueles que esperam no Senhor renovam as suas forças. Voam bem alto como águias; correm e não ficam exaustos, andam e não se cansam.”—Isaías 40:31

 

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