Novembro 10, 2014
“Se algum de vós está querendo edificar uma torre, não se assenta primeiro a fazer as contas dos gastos, para ver se tem com que a acabar? Para que não aconteça que, depois de haver posto os alicerces, e não a podendo acabar, todos os que a virem comecem a escarnecer dele, dizendo: ‘Este homem começou a edificar e não pôde acabar.’” — Lucas 14:28–30[1]
“Os passos do homem bom são confirmados pelo Senhor, e Ele se deleita no seu caminho. Ainda que caia, não ficará prostrado, pois o Senhor o sustém com a Sua mão.” — Salmo 37:23–24[2]
Diante de uma decisão que demande um investimento do seu tempo e recursos, é preciso pensar, de forma realista, se você consegue lidar adequadamente com os desdobramentos de sua escolha e como vai fazer isso. Às vezes, por causa das circuntâncias, é preciso assumir a falta de condições de fazer determinada coisa, mesmo que seja algo muito bom e que aparentemente lhe traria benefícios.
É muito importante orar e consultar o Senhor, para que Ele possa orientar seus passos e ordenar suas prioridades, mas não se deve ignorar a realidade. Não é só dizer: “Quero fazer isso, parece ser algo bom e é isso que vamos fazer.” É essencial pensar no que, de fato, você consegue fazer. Como Paulo nos lembra em Romanos: “Não se achem melhores do que realmente são. Pelo contrário, pensem com humildade a respeito de vocês mesmos.”[3]
É algo que temos de fazer todo o tempo com respeito às decisões sobre nosso trabalho. Temos cem coisas que adoraríamos fazer, mas que não serão feitas porque não há tempo, ou porque há outras mais importantes que temos de fazer.
É algo que tem de ser levado em conta nas discussões e decisões, e que pode levar à dura conclusão de que há certas coisas que não poderão ser feitas por enquanto. A ideia pode ser ótima, traria muitos benefícios e geraria muita energia, mas não é possível, porque há outra coisa que você tem de fazer ou no que invesetir seu tempo, energia ou recursos. Não é popular dizer “não” ou ter de arquivar uma boa ideia ou projeto, mas simplesmente não é possível fazer tudo e, muitas vezes, alguma coisa vai ficar de fora, pelo menos por um tempo. E isso não é um crime.
De tempo em tempo, é preciso perguntar a si próprio: “Estou usando meu tempo da melhor maneira?” Há sempre demais para ser feito e sempre haverá. Para a maioria de nós, nunca chegará o momento em que tudo estará “em dia”, pois no momento em que tudo estiver “em dia”, surgirão coisas, problemas e ideias. É natural. É a vida. É por isso que é importante pesar e avaliar: “O que estou fazendo é a melhor maneira de usar meu tempo e meus recursos limitados? É possível que estejamos fazendo algo muito bom, mas que não seja o melhor?”
Existe aquela regra de três passos: bom, muito bom e melhor. Melhorar sempre é bom, mas considerando o ritmo em que vivemos e os desafios de hoje que têm de enfrentar os que querem praticar sua fé e fazer a diferença, não podemos nos dar ao luxo de deixar de fazer o que é melhor, mesmo que seja para fazermos algo bom ou muito bom. Queremos o melhor e não há tempo para a segunda categoria. Obviamente não há nada de errado em fazer coisas boas, mas temos de selecionar a melhor e nela nos concentrarmos.
Se fizermos isso, teremos mais criatividade e novas ideias para chegarmos aonde queremos e mais rapidamente. Vamos ver mais mudanças que nos levarão a progressos mais importantes e duradouros.
Às vezes, é necessário fazer um esforço maior e investir alto para colher bons resultados. Se você reconhece que “Sim, é um grande invstimento, mas vale a pena porque vai nos ajudar a alcançar o que é o melhor”, então faz sentido investir tempo e recursos, pois é o que produzirá o melhor resultado. Contudo, nem sempre acertamos o alvo em nossas escolhas. Trabalhamos muito por algo que é muito bom, mas não o melhor e isso pode nos impedir de alcançar a melhor opção de Deus para nós.
O segredo é ser realista. É preciso combinar uma dose saudável de realismo com uma dose saudável de fé. Os dois elementos são necessários. Existe o fator Deus, o qual não podemos subestimar, mas há também a necessidade de sabedoria e senso de realidade. Devemos buscar o Senhor e nos concentrarmos no que é o melhor, o que significa que, às vezes, teremos de abrir mão algo bom e até muito bom, porque, dificilmente teremos tempo suficiente para fazer tudo. Talvez, no futuro você consiga se dedicar a essas alternativas menos importantes, mas só talvez, porque é bem provável que então surja outra coisa que ganhe o título de “melhor”.
“Melhor” não é sinônimo de “perfeito” nem significa ausência de desafios, testes, ataques do Inimigo e reveses. Vale lembrar também, que a melhor abordagem ou solução não é necessariamente a mais sofisticada e complicada. Às vezes, para atender à necessidade mais urgente “da melhor maneira possível” é preciso escolher o caminho mais simples e direto.
Com a ajuda do Senhor, de conselheiros em boa relação com Ele e de todas as outras maneiras de conhecer a vontade de Deus, é preciso identificar as coisas mais importantes nas quais deve se concentrar, ter clareza da meta que pretende alcançar ao dedicar sua atenção a um projeto, problema ou necessidade e o que deve fazer para obter o resultado desejado, ou chegar tão perto quando possível, da forma mais simples, mais organizada e mais eficiente.
Obviamente, quando falamos em simplicidade, organização e eficiência não necessariamente estamos dizendo que não haverá trabalho ou que este será pouco. Tampouco quer dizer que você não precisará pensar ou orar. Simplesmente significa que você não vai se distrair ou se sobrecarregar com outras ideias “boas” ou “muito boas” que, em última análise, prejudicam mais do que ajudam. Isso porque você acaba exigindo demais de si próprio, dos outros, exagerando na dose e assumindo mais responsabilidades e tarefas do que é necessário ou até possível, em detrimendo das prioridades superiores.
Costumamos incentivar as pessoas a não se acomodarem com nada que não seja o melhor, mas me pergunto quanto nós — inclusive eu — efetivamente realizamos tanto quanto podemos. Ao pedirmos ao Senhor para nos ajudar e nos guiar em cada decisão e a cada passo, lembremos desse importante fator e não esqueçamos de nos perguntar: “É o melhor? Se não, o que é o melhor? Como fazemos o que é o melhor?”
Encontrar e fazer “o melhor” em nossas vidas e trabalho para o Senhor pode ser tudo que temos tempo para fazer se esperamos, realistamente falando, realizar as coisas mais importantes, sem negligenciar nossas muitas responsabilidades e sem nos desgastarmos demais. Vamos passar nossas decisões, planos, projetos, ideias e metas nos crivos “bom”, “muito bom” e “melhor” e, pela graça de Deus, fazer o que é o “melhor”.
Publicado originalmente em setembro de 2009.
Adaptado e republicado em novembro de 2014.
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