O Sinal

Setembro 10, 2014

Sharon Galambos

Devo confessar que nunca acreditei facilmente em cura milagrosa. Na verdade, eu me orgulhava de ser um tanto “racional”, “lógica”, e cética. Talvez fosse também porque eu achava que tudo o que nos acontece é simplesmente parte do grande plano—nosso destino. Acho que eu, assim como os judeus exigiam de Jesus, “pedia um sinal.”

Saúde é algo muito fácil de se tomar por certo e não apreciar tanto como devemos, contanto estejamos nos sentindo bem. Só quando algo nos acontece é que abrimos os olhos para a realidade, e parece que cada vez é a primeira vez, não importa quantas vezes tenhamos passado por este tipo de situação.

Cheguei a um ponto na minha carreira como professora voluntária na comunidade missionária, que tive a divertida experiência de dividir o quarto em um sótão com uma outra missionária voluntária da Inglaterra. Tudo era ótimo, fora o fato de que não podíamos ficar em pé no quarto. Tínhamos que andar encurvadas e abaixadas para nos movimentarmos. Aquilo não me incomodava muito, visto que usávamos o local principalmente para dormir.

Contudo, com o tempo, comecei a notar uma dor e rigidez no meu pescoço, como se tivesse dormido em má posição. Ora, isso com certeza acontece com todo o mundo de vez em quando, mas dessa vez a dor não sumiu. Pelo contrário, se intensificou a ponto de se tornar insuportável. Os raios X não mostravam nada, mas eu sentia que havia algo errado.

Um amigo sugeriu que eu fosse a um quiroprático, e me enviou para fazer uma tomografia. Eu ainda me lembro de sentar-me cara a cara com ele enquanto tentava me explicar com gentileza que eu tinha uma hérnia de disco na coluna cervical, pela qual passavam alguns nervos. Qualquer movimento abrupto poderia causar uma ruptura desses nervos e me deixar paralisada. Uma opção seria uma cirurgia para corrigir o dano causado e colocar um enxerto do osso do meu quadril na minha nuca, imobilizando-a e me deixando sem poder mover o pescoço, mais o agravante de que essa cirurgia não era 100% de garantia de sucesso. A outra opção era continuar com essa dor excruciante e sofrer a qualquer momento uma paralisia total. É claro que optei por operar, e o neurocirurgião chefe do hospital concordou em fazer a cirurgia.

Estava tudo pronto e seguindo o curso lógico. Na véspera da cirurgia, meus amigos e colegas se reuniram para orar por mim. Durante a oração, alguém recebeu uma mensagem do Senhor de que Ele me curaria completamente e que eu não ia precisar fazer a cirurgia. Puxa, isso com certeza não se enquadrava no padrão “lógico”! Não preciso nem dizer que passei a noite sem dormir, lutando com o que Deus disse a respeito. Teria sido mais fácil se Ele aparecesse para mim diretamente em uma gloriosa luz e eu ouvisse a Sua voz de trovão vinda do céu. Mas não foi assim, de jeito algum. Ele estava me pedindo para confiar em uma voz mansa, pequena e humilde, que nem mesmo era a minha.

O incrível é que quando surgiram os primeiros raios de sol eu senti uma paz que não conseguia explicar crescendo em meu coração e mente. Agora eu tinha fé de que, sim, Deus ia me curar milagrosamente. Eu liguei para o hospital para que soubessem que estava cancelando minha cirurgia, e recebi uma ligação do médico perguntando se a dor estava me levando a um esgotamento mental. Ele estava certo de que eu tinha enlouquecido, especialmente quando só conseguia responder: “Deus disse que Ele vai me curar.”

O desafio seguinte era encarar a dor. Até então eu estava tomando injeções de analgésicos a cada seis horas. A lógica entrou em cena quando percebi que talvez não precisasse da cirurgia, mas que talvez ainda assim poderia morrer de uma overdose de analgésicos! Desta vez eu mesma ouvi a voz do Senhor, no silêncio, num tom corriqueiro, mencionando que se eu tivesse fé para confiar nEle para a cura, também deveria ter fé para confiar nEle para a dor. Não fui tomar a próxima injeção.

A verdade é que eu não sabia exatamente o que poderia acontecer durante os próximos meses. Eu sabia que não tinha sido curada instantaneamente e livrada da dor. Mas, de alguma forma, recebi milagrosamente a graça e a força para suportar. Eu sabia que a dor iria diminuir gradualmente e, pouco a pouco, consegui mover minha cabeça e até virar para ambos os lados. O processo de cura continuou até eu voltar a levar uma vida normal. Espere um minuto! Normal? E se eu ainda tivesse o problema, só que mais ameno, e se fizesse um movimento brusco e meu pescoço desse um troço? Aquelas pequenas dúvidas começaram a me atormentar, e me vi sendo extra cautelosa ao me mover. Entretanto, o que o Senhor pensaria sobre a minha atitude se Ele tivesse me curado misericordiosa e plenamente? Eu não conseguia suportar pensar em tamanha atitude de ingratidão como resposta para tamanho milagre.

A lógica voltou a entrar em cena: outra tomografia deveria me dar o “sinal” que eu precisava. E eis que o segundo exame mostrou que eu não tinha absolutamente nada ... como se eu nunca tivesse tido um problema! Será que aquela primeira tomografia era realmente da minha cervical? Eu estava extasiada!

A primeira pessoa para quem eu queria mostrar o exame era o cirurgião. Fui ao seu consultório e coloquei o exame na frente dele. Com um sorriso divertido, perguntei: “O que o senhor diz disto?”

Ele o estudou por um bom tempo e depois olhou para mim e respondeu: “Você sabe que eu sou ateu. Desse ponto de vista minha resposta seria que isto é um fenômeno que poderia acontecer um em um milhão. Contudo, devo admitir que isto é um milagre.”

Quanto ao resultado final, continuei a servir o Senhor por muitos anos desde então, e cada dia quando mexo minha cabeça ou estico o pescoço, sorrio ao perceber mais uma vez que eu sou o meu próprio sinal—um sinal de que Deus pode fazer milagres. Mais do que curar o meu pescoço, Ele transformou a minha vida nos últimos anos!

Tradução Denise Oliveira.

 

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